Vales Cascatas Serranas

 


GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO PELA CADEIA MONTANHOSA  DA SERRA COM A MAIOR ALTITUDE DE PORTUGAL CONTINENTAL


                                               (Roteiro de 2 Dias)


Janeiro, dias pequenos, frios, muitas vezes chuvosos, mas que não nos demove de mais um passeio, mais um caminho arrufado. Num dos primeiros fins de semana do ano, soalheiro, com temperaturas amenas, traçamos o nosso caminho, com saída pelas 6h30 da manhã, de forma a aproveitar ao máximo o dia. Seguimos pela A1 até Torres Novas e desviamos pela A13 em direção ao Poço da Broca. Desde o  início do ano, esta autoestrada, entre outras do interior do país, deixou de ter portagens.

Serra da Estrela  localiza-se na Região das Beiras, uma cadeia montanhosa com vales e montanhas cheias de cor no Verão ou salpicadas de branco no Inverno. O seu ponto mais alto situa-se na Torre e apresenta 1993  metros de altitude, sendo a segunda montanha mais alta de Portugal. A primeira localiza-se nos Açores, na ilha do Pico. 


A região da Serra da Estrela é o cenário ideal para se desconectar do barulho e da confusão da vida citadina e passar uns dias em perfeita comunhão com a natureza, no seu estado mais virgem. Á medida que se vai subindo a serra, é muito interessante contemplar a mudança de paisagem e vegetação e observar vários desníveis montanhosos onde podemos viver o silêncio das montanhas.

Nesta cadeia montanhosa, também temos o prazer de conhecer as nascentes de alguns rios, como o Mondego no Mondeguinho, o Zêzere no Covão de Ametade ou o Alva no Vale do Rossim. 

No Inverno, quando existe neve, é o único local de Portugal onde se pode praticar ski, andar de treno, ou snowboard, para os amantes desse de desportos de inverno. Existe uma estância de ski com neve sintética em Manteigas e outra estância com várias pistas muito perto da Torre. 


Para os amantes de caminhadas, o Parque Natural da Serra da Estrela, apresenta cerca de 375 km de trilhos marcados no terreno e bem sinalizados, com vários graus de dificuldade. 



1º Dia - Poço da Broca, Praia Fluvial de Loriga, Praia Fluvial da Lapa dos Dinheiros, Seia, Poço do Inferno, Torre, Lagoa Comprida, Sabugueiro. 


Chegamos à aldeia da Barriosa, na freguesia de Vide, no concelho de Seia, perto das 9h. Uma aldeia serrana, com as suas casas em xisto, banhada pelo Rio Alvoco, onde existem vários açudes, uma praia fluvial  e belas cascatas, onde a mais conhecida e mais imponente é o Poço da Broca, localizado no meandro da Ribeira do Alvôco, muito próximo da aldeia. Um dos segredos mais bem guardados desta região, onde a força da água ultrapassa a força humana. 


O desvio da Ribeira do Alvoco resultou na formação de uma queda de água, considerada uma das cascatas mais imponentes desta serra. Uma volumosa queda de água escondida no meio de exuberante vegetação, deslizando sobre as rochas, com um barulho ensurdecedor da água a cair, formando uma pequena lagoa de água transparente. Se continuar a caminhar pelos trilhos de terra, com a cascata sempre do lado esquerdo, vai subir uns degraus de pedra e vai encontrar outra lagoa formada pela ribeira, mesmo antes da água descer com toda a sua força no meio dos rochedos, formando a principal queda de água. Aqui, pode encontrar um restaurante, com o nome de um dos pássaros que habitam nesta região,  "Guarda Rios", uma pizzaria e um bar com vista para a cascata. No Verão o Poço da Broca torna-se numa magnífica praia fluvial.


Seguindo caminho por estradas nacionais, com paisagens serranas, serpenteando a serra, entre as montanhas de Penha do Gato e Penha dos Abutres, ambas a 1800 metros de altitude, chegamos à bonita vila de Loriga, que se situa num vale a 770 metros que une estas montanhas. Nesta encantadora vila encontramos casinhas caiadas de branco, onde correm águas rumorejantes da Ribeira de Loriga formada pelos cursos de água que descem a serra.  Nas ruelas da vila, encontram-se marcos fontanários e outras recordações que podem atestar o apreço que os habitantes têm à sua terra natal. 

Os socalcos que rodeiam a vila, são fruto do esforço do homem para aproveitamento do solo para a agricultura, numa região com um relevo acentuado. Aqui, respira-se ar puro e torna-se uma visita obrigatória para quem vai à Serra da Estrela. 


Loriga, também é conhecida pelos seus trilhos, com vários graus de dificuldade, um dos mais conhecidos e difícil, é o da garganta de Loriga até ao vale glaciar, um percurso com cerca de 9 km.
Na garganta de Loriga, localizada num vale glaciar, encontramos a praia fluvial como o mesmo nome, um ex libris desta região, banhada pela Ribeira de Loriga, a sua nascente situa-se no planalto da serra. Aqui pode encontrar várias piscinas de águas límpidas e frias, com uma envolvência no meio de rochedos e montanhas, de uma beleza de cortar a respiração. Uma praia fluvial vigiada por nadadores salvadores na época balnear, onde pode encontrar um bar de apoio, um parque de merendas e um parque de estacionamento.

Deixando Loriga para trás, foi altura de começar a subir, curva contra curva, em direção à Serra da Estrela, passando pela Praia Fluvial da Lapa dos Dinheiros, uma praia que é um espelho de água, cristalino e frio, com vigilância e um bar ao dispor do visitante, que só funciona durante a época balnear, mas que faz as delícias dos turistas e dos habitantes da aldeia, em dias quentes de Verão.


Lapa dos Dinheiros é uma aldeia ao redor da serra, no concelho de Seia, ocupada desde a época do neolítico e onde a natureza se encontra no seu estado mais puro.

Segundo a lenda, D. Dinis, pernoitou nesta aldeia e foi surpreendido por uma mesa farta de comida que o impressionou e perguntou: "Como conseguiram um jantar tão farto?" e os habitantes da terra responderam: "Com os nossos dinheiros", que provinham da agricultura e pastorícia, hoje as riquezas desta terra. Daí em diante a aldeia passou a chamar-se Lapa dos Dinheiros. 


Continuamos a serpentear a serra, curva contra curva, até Seia, onde fomos visitar o Museu do Pão.

Seia, uma cidade localizada na região da Beira Alta, no distrito da Guarda, a uma altitude de 550 metros, com um rico património histórico, cultural, religioso, gastronómico e muita oferta hoteleira. Pode e deve ser visitada em qualquer estação do ano, com belezas diferentes e vegetações variadas, dependendo da estação. No Inverno pode aproveitar a proximidade da Serra da Estrela e no Verão aproveitar as águas límpidas das suas envolventes praias fluviais. 

Não fomos com o intuito de ir visitar esta cidade, mas sim, fazer uma visita ao Museu do Pão. 


Este museu encontra-se aberto ao público desde 2002 e teve como propósito homenagear o pão português, na sua diversidade regional e cultural, numa forma de promover a história do nosso país. Recebe cerca de 77.000 visitantes por ano, nacionais e estrangeiros, sendo um dos museus mais visitados do país. Desde 2002 segue o princípio de sustentabilidade económica e social e ganhou e 2024 o prémio de "Sustainable Project"  atribuído pela TNews. 

Existem quatro salas de exposição; a primeira sala representa o ciclo do pão que reconstitui a história do pão português, desde o cultivo e da moagem dos cereais, de amassar o pão e da sua confeção, a segunda é a arte do pão, onde existem exposições temporárias do museu e representa os 300 anos da história do pão em Portugal. No piso superior, existe uma biblioteca e um café com esplanada. A quarta sala é um espaço temático, numa sala didática onde vários gnomos em marionetes contam a história do pão. Um espaço dedicado aos mais pequeninos, mas que agradam toda a família. O bilhete de acesso ao museu custa 7,5€ e dá acesso a estas quatro salas.



No espaço envolvente ao museu, existe um restaurante aberto aos fins de semana e uma mercearia, que é uma verdadeira viagem pelos sentidos e onde pode encontrar uma vasta variedade de produtos da região. Aqui, pode encontrar pão de todas as variedades e sabores. 
Para os mais pequeninos, existe um carrossel, que foi mandado construir propositadamente para este espaço e com imagens alusivas ao museu. Sinta-se confortável para subir para o carrossel e fazer uma verdadeira viagem no tempo e de forma gratuita. Sinta-se livre para sonhar e voltar aos tempos de infância. 



Depois da nossa visita a este museu, continuamos o nosso caminho arrufado, desta vez menos arrufado, até ao Mondeguinho, onde nasce o Rio Mondego e quem diria que este rio imponente nasce desta pequena nascente, que mais parece uma fonte. Localiza-se muito perto das Penhas Douradas e transforma-se num rio de 260 km. Noutro dos nossos passeios, já tínhamos estado junto a esta nascente, mas vale sempre a pena voltar. Atenção que para quem não conhece e apesar de se encontrar junto da estrada principal, quase que passa despercebida, por isso, o nosso conselho, é colocar no GPS.




Continuamos o nosso passeio passando por Manteigas e fizemos uma curta paragem na cascata do Poço do Inferno, como o nome indica um poço ou uma pequena lagoa a 1080 metros de altitude, que resulta de uma queda de água com 10 metros de altura, das águas da Ribeira de Leandres, um afluente do Rio Zêzere. O barulho e a beleza das águas cristalinas e geladas resultantes da queda de água a rasgar as pedras rochosas de xisto e granito e a força da água a cair na lagoa, é de uma beleza impar.
Localiza-se muito próximo da vila de Manteigas e tem de fazer os últimos quilómetros por uma estrada estreita, com um piso irregular, que muitas vezes devido à sua altimetria, quando à queda de neve na Serra da Estrela, fica interditada. Junto do poço, existe um pequeno estacionamento para automóveis, depois é só caminhar cerca de 100 metros e depara-se com mais uma das maravilhas da natureza. Foi neste contexto que o Homem meteu conversa com um casal que estava a passear com as filhas e levantou o drone e fotografou. 

Com o estômago a fazer barulho, fizemos o nosso repasto com a nossa geleira elétrica, numa das mesas de pedra no Covão da Ametade, a 1500 metros de altitude, uma antiga lagoa de origem glaciar com  uma vegetação carregada de vidoeiros e bétolas ao longo de toda a margem do rio. Um local lindíssimo que tive o privilégio de conhecer com o Homem. As vezes que já tinha ido à Serra da Estrela e não conhecia esta pequena, grande maravilha da natureza, onde nasce o Rio Zêzere. Estava frio, muito frio, o que não nos impediu de comer junto do rio, ao som dos passarinhos e de algumas pessoas que ali passavam e outras que também tiveram a mesma ideia que nós.






Depois de gelados, mas saciados, fomos beber café à
Torre, o ponto mais alto da nossa serra e onde existe um pequeno centro comercial com várias lojas de produtos regionais e imensos turistas. 



O nosso último ponto deste dia foi ir ver o pôr do sol junto à Lagoa Comprida, situada a 1600 metros de altitude, sendo o maior reservatório de água da Serra da Estrela, com o objetivo de produção hidroelétrica. Sentados numa pedra com vista para a lagoa, com uma paisagem maravilhosa, sentimos o silêncio e a paz que tanto nos faz falta no dia a dia e que sem dúvida, nos faz bem à alma e nos sentimos revigorados. 



O local que escolhemos pernoitar foi na aldeia mais alta de Portugal, a 1050 metros de altitude, o Sabugueiro, nas Casas do Cruzeiro. Umas casas rurais dispersas no meio da aldeia, que à 20 anos atrás eram uma ótima opção para turismo rural. Neste momento, foram uma desilusão! Parece que não evoluíram e pararam no tempo. Mudamos de casa três vezes, na primeira casa, não tínhamos água quente, na segunda, a internet era péssima e só na terceira casa é que havia mais algumas condições, o que nos valeu, foi a perspicácia do Homem em encontrar lenha no meio da serra o que nos proporcionou ter a lareira acesa toda a noite, sobre vigilância do Homem. 

Quando fomos a Seia ao supermercado, para comprar o nosso pequeno almoço, ao voltarmos a subir a serra em direção ao Sabugueiro, enganamo-nos no caminho e foi uma benção de Deus, porque foi nesse preciso momento que o Homem encontrou lenha para acender e lenha para manter a lareira acesa. Ele diz que são coisas diferentes, mas para mim lenha é lenha e é tudo o mesmo. O que é certo, é que ele conseguiu acender a lareira com troncos molhados e a manteve acesa toda a noite. O único senão, é que teve de acordar de madrugada para colocar mais lenha, o que nos manteve quentes e aconchegados durante toda a noite. Uma experiência engraçada, mas que não temos vontade de repetir.


Sabugueiro é uma aldeia que viveu durante muitos anos da agricultura e da pastorícia, com as suas cabanas de pastores, onde viviam os aldeões. Ainda hoje se pode encontrar o forno comunitário, onde a população da aldeia cozia o pão. Hoje em dia a aldeia vive do turismo rural, da restauração e da venda dos produtos locais, nomeadamente, o queijo da serra, os enchidos da região, o mel, o licor serrano e não esquecendo, os cães da Serra da Estrela.

Percorrer as ruelas da aldeia e sentir o cheiro das lareiras, no Inverno, apreciando a arquitetura das várias casinhas, é verdadeiramente apaixonante. Eu adoro esta aldeia e aconselho ser um ponto de paragem obrigatória, a quem visita a Serra da Estrela, mas esqueçam as Casas do Cruzeiro, hoje, existe certamente melhor oferta na região.


Uma aldeia simples, rústica, castiça, mas que durante a semana, quase não tem restauração aberta ao público para jantar, o que nos levou a decidir ir jantar a Seia, com muita oferta de restauração. Escolhemos um restaurante com comida regional, com boa classificação no Tripadvisor, o restaurante o Borges, com uma boa r
elação preço qualidade. Escolhemos dois pratos típicos da região, o joelhinho de porco com arroz de feijão e as bochechas de porco e estava tudo muito bem confecionado. Fomos muito bem atendidos pelos funcionários e encontramos um casal com quem estivemos a conversar na nossa paragem no Poço do Inferno. 


2º Dia - Miradouro do Covão, Cortes do Meio, Praia Fluvial do Paul, Miradouro da Sarnadela, Baloiço do Cabeço do Mosqueteiro, Alcanhões, Lisboa


Depois de uma experiência nada satisfatória de alojamento e de estarmos saciados com o pequeno almoço, com uma regueifa típica da região acompanhada de uma ótima chávena de café, seguimos caminho até à Torre para tomar um café. 

Despedimos-nos da serra, sem antes fazer uma paragem no Miradouro do Covão, um dos mais recentes miradouros da serra, inaugurado em Abril de 2023, com uma plataforma em ferro suspensa, num adequado enquadramento ambiental e numa perfeita fusão equilibrada com a paisagem. Localiza-se na estrada nacional 339, do lado esquerdo da estrada para quem vem da Covilhã para a Torre.



Continuamos a descer para a Covilhã, em direção a Cortes do Meio, que desde 2019 é considerada a capital das piscinas naturais, onde se encontra a natureza no seu estado mais puro e as águas da ribeira são o seu tesouro mais precioso. 

Cortes do Meio, localiza-se a pouco mais de 15 km da Covilhã, que se estende desde o planalto das Penhas da Saúde até à planície de Ourondinho e refugia-se nas margens da ribeira semiglaciar, na vertente sul da Serra da Estrela. Uma aldeia de montanha, onde ainda se vive da prática da agricultura e pastorícia e que apesar de pequena, ainda tem algum património histórico, destacando-se a igreja e  a fonte das 3 bicas, uma fonte carregada de história e que ainda hoje é palco de rituais. Na festa de S. João, quando o relógio dá as 12 badaladas, os jovens da aldeia, partem um ovo nesta fonte, que segundo a lenda, este gesto vai dar-lhes a conhecer o seu futuro.


Nós visitamos esta aldeia para irmos contemplar alguns dos poços de água naturais, que dizem serem aproximadamente 21 formados pelo curso das águas da Ribeira das Cortes e que outrora, eram apenas utilizados para a moagem dos cereais nos moinhos dispersos na aldeia e para dar de beber aos animais. Neste momento, são utilizados como áreas de lazer e piscinas naturais que fazem as delícias em dias quentes de Verão. 

Para conhecer algumas das mais belas cascatas e piscinas naturais, não se livra de uma caminhada. Alguns dos poços mais importantes estão sinalizados na aldeia, mas existem outros que não são fáceis de encontrar e que se localizam a cerca de 1300 metros de altitude e nós só fomos visitar os mais acessíveis e que se encontravam bem sinalizados. 

O primeiro poço que visitamos foi o Poço da Monteira, que no verão se torna uma praia fluvial, com uma área de lazer com mesas de piquenique, um bar, vigiada por nadadores salvadores e que se torna uma excelente escolha para fazer um piquenique ao som do barulho das pequenas quedas de água, como banda sonora.



Muito perto deste poço, cerca de 500 metros, encontra-se o Poço da Ponte Velha, onde encontramos uma ponte pedonal de madeira que assenta em pilares de pedra e que atravessa uma lagoa calma e com águas pouco profundas. Para quem conhece estas lagoa e  poços, dizem que este, é um ótimo local para deixar as crianças  brincar e chapinhar na água calma da lagoa. 



Seguimos caminho até à aldeia de Bouças, que se encontra a cerca de 1700 metros de altitude e estacionamos o carro junto de uma fonte para irmos visitar um dos mais belos poços desta região, o Poço do Cambarão. Se iniciar o percurso junto da igreja, é possível visitar três dos poços, o do Forno Velho, o da Formiga e o do Cambarão. 

O acesso é relativamente curto mas não é muito fácil, com uma descida íngreme , com vários degraus em pedra e com alguma terra, o que exige muita cautela e alguma perícia, principalmente se o piso estiver molhado.

Nós apenas visitamos o que dizem ser o mais bonito, o Poço do Cambarão, onde deparamos com três pequenas mas imponentes cascatas a cair sobre uma lagoa com águas calmas, translucidas, mas frias. Muito perto das cascatas, encontramos um rebanho, que se aproximou quando estávamos a passar e que até teve direito a uma fotografia. 



Estava na altura de deixarmos a serra e as suas bonitas aldeias serranas e fizemos uma paragem na Praia Fluvial do Paul para fazermos o nosso repasto junto das águas da Ribeira da Caia. Esta ribeira nasce nas Taliscas e é a fusão da Ribeira das Cortes e da Ribeira de Unhais da Serra. A água a descer as colinas e a rasgar as pedras da montanha, foi criando ao longo dos anos um fantástico poço, que originou esta praia fluvial e que tem muita afluência no verão. 




Neste local, existe uma pequena ponte que dá acesso ao areal e uma extensa área ajardinada onde pode estender uma toalha em dias de calor ou apenas relaxar. Também existem algumas pedras junto da lagoa, que para os mais aventureiros, serve de prancha para saltar em dias quentes. 
Se preferir, também pode fazer um piquenique numa das mesas de madeira que se encontram ali espalhadas e que foi o que nós fizemos. Tiramos a nossa geleira e desfrutamos do sossego do espaço. O único senão, desta praia fluvial, é não ser vigiada por nadador salvador, mesmo no Verão.

Antes de deixarmos esta bonita aldeia, fomos beber café num estabelecimento com uma plataforma de vidro sobre à água da ribeira e onde o empregado era natural da minha terra. O mundo é mesmo pequenino!! Um espaço muito agradável e com uma vista soberba.



Continuando em direção a casa, sempre por estradas nacionais, muitas vezes estreitas e sinuosas, mas que fazem as delícias do Homem, evitando assim o pagamento de portagens, permitindo-nos apreciar a paisagem, fizemos uma paragem no Miradouro da Sarnadela, na Serra da Gardunha, a uma altitude de 540 metros e que se localiza na estrada nacional 238, junto da saída para a aldeia de xisto de Janeiro de Cima. Este miradouro apresenta como pano de fundo, o vale do rio Zêzere, o maciço granítico da Serra da Estrela e a crista quartzitica de Santa Luzia. Aqui, consegue observar-se as curvas acentuadas do rio.


A nossa última fotografia, foi no Baloiço do Cabeço do Mosqueteiro, em Oleiros, muito mais do que uma simples plataforma em madeira, que se tornou numa das atrações mais instagramáveis da região. A sua posição elevada, proporciona uma vista panorâmica sobre a Serra do Açor a norte, a Serra da Estrela a nordeste, a freguesia de Orvalho a este, a Serra de Alvelos a oeste e o vale do Rio Zêzere a noroeste. 


A nossa última paragem deste nosso caminho arrufado, foi em Alcanhões para jantar com a tia do Homem, uma vila situada no município de Santarém, a cerca de 80 km de Lisboa, rodeada de vinhas e olivais, com o Rio Tejo a fazer-lhe companhia. 
Era uma aldeia, mas com o seu crescimento, em 1928, foi elevada a vila, no decreto assinado por Óscar Carmona, o Presidente da República da altura. Na parte norte da vila, encontram-se algumas ruínas daquilo que foram antigos balneários romanos, o que nos leva a pensar a presença dos romanos nos antepassados desta vila. Antes da conquista de Santarém, foi também ocupada pelos mouros. 

Existem duas teorias sobre o nome desta vila. A primeira, defendida pelo filósofo Adolfo Coelho, que sugere que "al" vem do árabe e "canhões" relacionada com os canhões. A outra teoria, defendida pela Enciclopedia Portuguesa, refere que a palavra alcanhões, era muito utilizada na região e daí o nome da terra. Ficam as teorias para quem quiser acreditar.


Depois de um jantar agradável em casa da tia do Homem, estava na altura de regressar a casa, agora pela A1, não sem antes, virmos carregados de laranjas e limões da propriedade da "Ta". Isto é mesmo assim! O espirito das aldeias, em que existe entreajuda e vontade de partilhar o que temos com os outros, bem diferente do que estou acostumada nas grandes cidades, onde o egoísmo prevalece sobre todos os outros valores. 



Regressamos a casa com mais uma história para contar, mais um passeio, um caminho arrufado, com alguma tristeza por não termos encontrado neve na nossa Serra da Estrela, mas com a alma revigorada do sossego das pequenas aldeias, contrastando com imensa beleza natural das nossas paisagens serranas. 






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