Vaquinhas Antipáticas

 

   GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO RICO EM PAISAGENS ARREBATADORAS POR TERRAS MICAELENSES


        (Roteiro de 4 Dias intensos)



A Ilha de São Miguel é uma ilha de origem vulcânica, montanhosa, recortada por vales e ribeiras, que pertence ao Grupo Oriental juntamente com a Ilha de Santa Maria e é a maior ilha do Arquipélago dos Açores, com um comprimento de 64,7 quilómetros, 8 a 15 quilómetros de largura e com uma altitude máxima de 1103 metros no Pico da Vara (tenham isso em atenção nos vossos percursos, pois a altimetria apimenta as vossas deslocações e os trilhos imperativos da ilha). É constituída apenas por três cidades, Lagoa, Ribeira Grande e Ponta Delgada e pela Vila do Nordeste, Vila Franca do Campo, Vila da Povoação e Vila dos Mosteiros. 

Foi descoberta entre 1429 e 1437, no entanto o seu povoamento veio a iniciar-se a 29 de Setembro de 1444, dia da dedicação de Arcanjo de São Miguel, onde os primeiros povoadores desembarcaram entre duas ribeiras de água doce, entre rochas e escarpadas montanhas, trazendo com eles gado, aves, sementes de trigo e de legumes. Foi fundada assim a primeira povoação que ainda hoje se denomina por Vila da Povoação e onde se pode encontrar junto da praia, um marco com o ano que sinaliza o povoamento da segunda ilha dos Açores ( a primeira foi a Ilha de Santa Maria). 

Vila Franca do Campo foi considerada a primeira capital da ilha, que após o terramoto de 1522 ficou bastante destruída, levando a população a deslocar-se para a povoação de Ponta Delgada, que em 1546 foi considerada cidade, tornando-se a capital da ilha. 

A fertilização dos solos e o clima subtropical e húmido desta ilha, com as suas chuvas características e temperaturas médias anuais de 21ºC, permitiu um rápido desenvolvimento económico no setor da agricultura e pesca. 

Existe pouca amplitude térmica ao longo de todo o ano, embora no Inverno os fortes ventos soprem predominantemente de sudoeste e no Verão soprem para Norte. A pluviosidade pode ser mais intensa no Inverno, embora em qualquer estação do ano possa chover. A nebulosidade também é uma constante na ilha e em poucos minutos uma paisagem magnifica pode ficar coberta de nevoeiro. 

Podemos mesmo dizer que no mesmo dia podemos sentir as quatro estações do ano, por esta razão nós aconselhamos em fazer esta viagem na Primavera ou no Outono, evitando a afluência turística característica do Verão. O número de dias depende daquilo que está disposto a fazer e do tipo de férias que pretende, como o Homem diz, para ficar sentado no sofá mais vale não ir aos Açores. Para conhecer esta ilha é preciso levantar cedo e caminhar, pois só assim tem a oportunidade de conhecer as pequenas, grandes maravilhas que esta ilha tem para nos oferecer, miradouros com paisagens de cortar a respiração, cascatas com águas translúcidas rodeadas de vegetação exuberante, característica desta ilha.

Não desespere se encontrar nevoeiro ou chuva em alguma das povoações, o tempo nos Açores é muito variável e por vezes numa curta distância o tempo pode sofrer alterações significativas. Aconselhamos a levar um corta vento para fazer face a pequenas chuvas e ao arrefecimento repentino.

Em relação ao alojamento não é necessário marcar com antecedência, em todas as vilas e povoações existe uma grande oferta, a todos os preços (mas atenção que não fomos em época alta). Nós ficamos alojados 1 noite em Ponta Delgada no Hotel My Story Hotel Vila Nova a 600 metros do centro, um espaço bastante agradável, com piscina e um bom pequeno almoço buffet. A nossa segunda noite foi em Ribeira Grande, no Hotel Verde Mar & Spa, tendo em conta que queríamos experimentar os tão famosos bifes do Restaurante Associação Agrícola. Adoramos este hotel, pela simpatia dos funcionários, pelo alojamento soberbo, pela piscina com vista para o mar, muito relaxante, um Spa com piscina interior e onde poderá experimentar vários tratamentos, não foi o nosso caso e pela qualidade da comida do pequeno almoço, num simpático restaurante com vista para o mar. A nossa última noite foi passada na capital, novamente em Ponta Delgada no Hotel VIP Executive Azores, com um design moderno, num ambiente confortável, com um pequeno almoço buffet aceitável. Para nós o mais fraco dos três hotéis onde estivemos. Poderá ser um excelente hotel para congressos e reuniões, por se apresentar mais longe do centro e possuir 13 salas de reunião com capacidade para 180 pessoas e um auditório para 97 convidados. No 8º piso pode encontrar uma pequena piscina e usufruir de vistas fantásticas sobre a cidade de Ponta Delgada. 


Em relação à gastronomia, sugerimos a marisqueira Cais 20 em Ponta Delgada, com esplanada com vista para o mar, onde se pode deliciar com o marisco típico da região, lapas e cracas, entre outros.

Destacamos também o restaurante a Casa Marisca, no centro de Ponta Delgada, uma marisqueira micaelense, simpática, acolhedora, onde nos enriquecemos pela sapiência do proprietário e vontade de partilhar conosco a história, os costumes e a identidade da Ilha de São Miguel. Aqui foi-nos aconselhado pelo proprietário o Polvo Frito à Casa Marisca e o Bife de Atum com ilhame e batata doce. Valerá a pena voltar! 




Outro restaurante conceituado na Ribeira Grande é a Associação Agrícola, pelos seus típicos bifes com pimenta salgada, que não nos surpreendeu, nem ficamos com vontade inabalável de regressar. Os bifes são fritos e podem ser guarnecidos com vários molhos. Na nossa opinião uma carne tão suculenta e tenra como é a carne dos Açores não pede mais nada a não ser sal e grelha, mas fica a nossa sugestão, cada um tem a sua opinião e o que para mim é menos bom, para outra pessoa pode ser delicioso. 

Uma sugestão que deixamos é instalar a aplicação da SpotAzores que permite visualizar a meteorologia em tempo real nos pontos mais turísticos da ilha. ~

Outra sugestão é adicionarem os mapas offline porque existe alguma altimetria na Ilha de São Miguel e muitas vezes falhas na rede GPRS.




1º Dia - Lisboa, Ponta Delgada, Lagoa do Fogo, Vila Franca do Campo, Povoação, Ribeira Quente, Miradouro do Pico dos Bodes, Faial da Terra, Nordeste, Ribeira Grande, Rabo de Peixe


De forma a aproveitarmos ao máximo a nossa estadia em São Miguel, partimos no primeiro voo da manhã, às 7 horas (cerca de 2 horas e 15minutos) e regressamos no último voo, às 19:30, ambos os voos pela TAP. Não esquecer, que nos Açores é uma hora a menos que no Continente e o nosso concelho é alugar um carro no aeroporto, de forma a não perder tempo. É a melhor maneira de visitar toda a ilha e fazer percursos que só seriam possíveis com meio de transporte próprio. 

A melhor forma de se deslocar na ilha é de carro e nós aconselhamos a alugar um carro num "rent a car" no aeroporto e assim evita os custos de um "transfer" até ao centro da cidade. Uma vez em Ponta Delgada e depois de termos ido buscar o nosso Clio no "rent a car" da Ilha Verde, para circular durante 4 dias pela ilha, fomos tomar o pequeno almoço no pequeno café na cidade de Lagoa. De seguida deslocamo-nos pela via rápida, em direção à Lagoa do Fogo, pois tínhamos visto na SpotAzores que o tempo estava limpo na lagoa. Ah pois é! já existe uma via rápida em São Miguel, o que facilitou bastante a vida dos micaelenses. Só para terem uma ideia, neste momento pela via rápida são 20 minutos de Ribeira Grande ao Nordeste, o que antigamente se fazia em 2 horas. 


A Lagoa do Fogo é um ícone de beleza natural, fica dentro de uma cratera de um vulcão e foi classificada em 1974 como reserva natural e é a segunda maior lagoa da Ilha de São Miguel. Está localizada na Serra de Água de Pau a 947 metros de altitude e conta a história que em 1563 na última erupção do vulcão, a magma subia tão alto que se avistava na Ilha Terceira, o que levou a pensarem que a população desta parte da ilha tinha-se extinguido e daí o nome de Lagoa do Fogo. 

A profundidade máxima desta lagoa são 30 metros e é possível fazer um pequeno trilho (cerca de 2 horas) - PRC2SMI, até à à praia da lagoa, que em 2012 foi reconhecida como uma das 7 maravilhas de Portugal na categoria de praias selvagens. 

O acesso à Lagoa pode ser feito pelo Pico da Barrosa, um dos pontos mais altos da ilha e pode ser contemplada por vários miradouros. 

Deixando esta magnifica paisagem para trás, seguimos para a Caldeira Velha, que integra um Monumento Natural e Regional e se localiza na encosta da Serra De Água de Pau, a 628 metros de altitude, uma reserva de grande importância pela sua botânica e fauna características das Florestas de Laurissilva e um relevo acidentado aliado a uma ribeira que é alimentada por nascentes de água quente, termal, de cor acastanhada, devido à grande predominância de ferro existente na água. A cascata de água férrea apresenta uma temperatura que pode variar entre 26 e 38ºC e que vai aquecer as outras três piscinas, onde pode tomar banho rodeado de paisagens magníficas e onde o silencio à muitos anos atrás era imperioso, infelizmente com o grande número de turistas, o silêncio foi substituído por gargalhadas de jovens e gritinhos dos mais pequenos. Quando fui a São Miguel em 2004, este foi um local que me marcou pela tranquilidade e pela envolvência do vapor da água quente das pequenas poças no meio de exuberante vegetação, onde predominam os fetos. Neste momento posso transmitir que continua a ser bonito mas não tive o mesmo sentimento!



Se quiser banhar-.se nestas poças atenção que ás águas têm muito ferro o que deixa a roupa clara acastanhada, por isso escolha o seu pior fato de banho para trazer para os Açores, vai ficar triste se escolher trazer aquele modelito comprado nos últimos dias. Para visitar a caldeira paga-se 3 euros, mas se quiser desfrutar destas águas quentes tem de pagar 8 euros. Atenção aos horários que variam de acordo com a época do ano e ao tempo de permanência nas caldeiras, que é apenas de 2 horas para cada visitante. 

Deixando a serra para trás seguimos o nosso caminho até à Vila de Água de Pau para visitar a Ermida da Nossa Senhora de Monte Santo e o Miradouro de Monte Santo., que confessamos que não foi "stunning". 


Uma vez em Vila Franca do Campo que no séc XVI foi capital da ilha e sede do seu único concelho onde viveram os capitães que governavam esta ilha. Esta vila tem este nome por se localizar num campo plano e extenso e ser "franca de direitos". A sua localização ajudou no crescimento económico da região com a exportação da laranja durante o séc XVIII e mais tarde do ananás no séc XIX, é uma vila piscatória, em que a agricultura e a pesca são as suas principais atividades económicas, tem um grande património religioso, onde se destaca a Igreja Matriz de São Miguel de Arcanjo, a Igreja de São Pedro, a Igreja e Hospital da Misericórdia. Nesta vila é ainda possível visitar a Ermida Quinhentista da Nossa Senhora da Paz. 

É também de destacar um promontório de rocha no oceano, o Ilheu de Vila Franca, um cone litoral de tufos palagoníticos que contém no seu interior uma caldeira, considerado reserva natural e  que se localiza a aproximadamente 1 quilómetro da costa. Pode ser visitado de barco no Verão, entre Junho e Outubro (8 euros por pessoa).  



Nós não visitamos o Ilheu de Vila Franca, primeiro era necessário marcar o barco e segundo, o Homem não é adepto do mar, mas não deixamos esta bonita e simpática vila sem antes fazer um passeio junto da praia e de provar um dos doces conventuais dos Açores, as tradicionais Queijadas da Vila, popularmente conhecidas em toda a região por "Queijadas da Vila do Morgado". 

Como qualquer doce conventual estas queijadas tiveram o seu início no Convento de Santo André. São uma verdadeira delicia e eu até trouxe uma caixinha para Lisboa. 


Com a hora de almoço a aproximar-se, estava na altura de escolhermos o nosso melhor restaurante e para quem nos conhece sabe que costumamos viajar sempre com a nossa geleira elétrica, mas desta vez era impossível viajar de avião com a geleira. Degustamos a nossa refeição comprada numa pequena mercearia de bairro, num miradouro com vista para a praia de Vila Franca do Campo. Podia ter sido num parque de merendas, mas escolhemos o mar como pano de fundo. Nesta ilha pode encontrar um parque de merendas em quase todos os miradouros e olhe que são mesmo muitos miradouros, o que para nós tornou a vida muito facilitada de forma a encontrar o "nosso melhor restaurante".

Continuámos a nossa roadtrip até ao Miradouro do Pico do Ferro, um miradouro com vista para a Lagoa das Furnas, para nós sem dúvida o melhor miradouro de toda a ilha , o nosso "ex libris". Neste local pode encontrar uma roulote com artesanato regional e outra com bebidas quentes e frias e algum tipo de alimentos. Uma curta e íngreme caminhada até ao miradouro e temos o prazer de ser contemplados por vistas soberbas do vale das Furnas e da sua Lagoa. 


Na direção ao Faial da Terra fomos surpreendidos antes de chegar a Ribeira Quente por duas cascatas, mesmo à beira da estrada, mas que ficam despercebidas se não formos com a devida atenção. 

A primeira cascata fica do lado direito, antes da entrada do túnel que vai para Ribeira Quente. 

A segunda localiza-se à direita, entre os dois túneis que vão para a Ribeira Quente. Esta tem acesso por um pequeno trilho fácil que nós não fizemos pois a estrada encontrava-se em obras e era impossível estacionar o carro. 






Continuando pela estrada nacional fizemos uma paragem no Miradouro do Pico dos Bodes, localizado na freguesia do Faial da Terra, com uma vista soberba de 360º desde o  Faial da Terra até Vila Franca do Campo. Para além da vista magnífica pode disfrutar de um ponto de vigia que antigamente era usado para observar as baleias.




Faial da Terra uma aldeia piscatória onde é possível fazer o Trilho do Sanguinho (PRC9SMI), um trilho circular, de dificuldade média, onde vai poder observar vários pomares de ambas as margens da ribeira e tomar banho nas águas frias e translucidas da Cascata do Salto Do Prego. Nós não fizemos este trilho por falta de tempo.

Continuando pela estrada nacional fomos em direção a Nordeste, mas com a enchurrada que tinha acontecido na véspera, a estrada estava cortada, mas nem mesmo isso nos demoveu de ir ao encontro de um dos miradouros mais bonitos da ilha. O Homem falou com um senhor das obras que nos disse que podíamos passar apesar da estrada ter alguns trajetos com lama, o que a torna perigosa e lá fomos nós, eu a reclamar como já é normal e o Homem todo contente com as suas estradas sinuosas e agora com lama, até parecia que estava no Rali dos Açores! 

O que é certo é que apesar da estrada estar perigosa, valeu muito a pena, uma estrada só para nós, com uma vegetação exuberante e encostas sinuosas com o oceano a espreitar e com uma paragem no Miradouro da Ponta da Madrugada. Há quem diga que este miradouro é lindo para ver o amanhecer, nós não o fizemos mas confesso que tive pena. Com uma vista para a Serra da Tronqueira, os seus jardins repletos de flores de todas as cores e um parque de merendas com churrasqueiras. É verdadeiramente mágico contemplar o oceano. Éramos apenas nós, o mar e os gatos... eu contei pelo menos 10 mas acho que eram muito mais. É sem dúvida uma ilha de gatos, vacas antipáticas porque nunca se aproximaram de nós e hortenses. A ilha está repleta de estradas com hortenses. É sem dúvida muito bonito!




Continuando pela estrada proibida, com o perigo a perseguir-nos e cheios de adrenalina, como se ainda tivéssemos 20 anos e estivéssemos a fazer algo proibido, quer dizer o Homem estava, eu sempre a reclamar e de coração nas mãos, chegamos finalmente junto do Miradouro da Ponta do Sossego, onde a estrada deixou de estar interrompida ao trânsito. Este miradouro tem este nome pela paz, pela serenidade, pelo sossego que se consegue sentir e marca a diferença pelos seus cuidados e bonitos jardins e com a sua esplendorosa vista sobre a Fajã do Araújo e sobre a Praia do Lombo Gordo. 



A nossa próxima paragem foi na Fábrica de Chá da Gorreana, antes da Ribeira Grande. Podíamos ter seguido pela Via Rápida mas o Homem gosta mais de nacionais, pelas curvas, pela beleza circundante,  por ter a oportunidade de falar com os locais. Esta fábrica dedica-se ao cultivo do chá preto e verde desde 1883 e é a mais antiga produtora de chá da Europa. 

O acesso à fábrica é gratuito onde pode observar as instalações da fábrica com a sua maquinaria que conta a história da fábrica, passear junto das plantações de chá e provar no final da visita uma chávena de chá preto e/ou verde. Na loja pode consumir alguns produtos locais, nomeadamente os seus maravilhosos gelados artesanais feitos com fruta regional e comprar licores, doces e chás em saquetas ou em folha. O horário é de 2ª a 6ª das 8 horas às 18 horas e Sábados e Domingos das 9 horas às 18 horas. 



Com o final da tarde a aproximar-se, fizemos uma curta paragem no Miradouro de Santa Iria situado próximo da aldeia de Porto Formoso, aqui pode observar a costa Norte da ilha com as suas plantações de chá. 

Uma vez na Ribeira Grande fomos provar os conhecidos licores dos Açores na Fabrica de Licores A Mulher do Capote, que foi fundada em 1993 e dedica-se à produção de licores de frutas naturais e aguardentes. Pode visitar a fábrica de forma gratuita com uma curta visita guiada e no final pode fazer uma pequena prova de licores. Destacamos a simpatia dos funcionários e o Licor de Brandy Maracujá, uma delicia. Os outros licores são todos demasiado doces mas o mais conhecido é o Licor de Maracujá e o de Ananás.








Com uma rápida passagem por uma pequena aldeia piscatória com um nome "sui generis" Rabo de Peixe onde dizem que o sotaque micaelense é mais acentuado, seguimos pela Via Rápida em direção a Ponta Delgada e ao nosso alojamento, o My Story Hotel Vila Nova. Nessa noite fomos jantar ao restaurante Cais 20 aconselhado por um colega meu, uma marisqueira muito agradável, junto ao mar, onde comemos Lapas grelhadas e o Homem foi provar as cracas, um marisco típico desta região, que confesso que não foi muito do nosso agrado, mas valeu pela experiência, pelo ambiente, pela brisa do mar, pela companhia. 

Antes de irmos para o hotel fizemos uma caminhada junto da marginal de Ponta Delgada e uma visita ao centro desta bonita cidade. Onde podemos contemplar o "ex libris" de Ponta Delgada, as Portas da Cidade, erguidas em 1783 que simbolizam a primitiva defesa terrestre da cidade. 



Foram classificadas como Imóvel de Interesse Público e são dignas de uma fotografia, principalmente à noite, que se encontram iluminadas. 



2º Dia - Ponta Delgada, Furnas, Lagoa das Furnas, Miradouro Salto do Cavalo, Miradouro do Navio, Capelas, Moinho do Pico Vermelho, Miradouro das Cumeeiras, Miradouro da Ponta do Escalvado, Ponta da Ferraria, Ribeira Grande




Alvorada bem cedo de forma a aproveitar o dia e depois de um agradável pequeno almoço seguimos no nosso "Clio" até às Furnas, para fazer uma caminhada o PRC06SMI , um trilho circular de dificuldade fácil mas com uma subida inicial de 250 metros (D +) que me fez ficar de língua de fora e praguejar de uma intensidade, que até as vaquinhas me devem ter ouvido. Este percurso é de aproximadamente 9,5 km e começa no Largo das Três Bicas na Vila das Furnas, depois da subida vertiginosa chega a uma elevação onde pode apreciar a vista sobre o vale das Furnas, nós não vimos nada, só nevoeiro. A partir deste ponto o trilho é sempre a descer, passando por campos cultivados, onde pode apreciar a beleza do milho, com as vacas a espreitar no meio dos prados, até chegar junto da Lagoa das Furnas. Contornamos a lagoa em toda a sua extensão, passando pela Capela da Nossa Senhora das Vitórias, uma capela gótica do séc XIX que agora se encontra abandonada. 





Passamos pela Mata Jardim José do Canto, um parque que é mais que um jardim botânico, com as suas plantas endémicas e uma cascata, o Salto do Rosal, onde pode fazer uma paragem para disfrutar da paisagem envolvente ou tirar umas fotografias. 

A entrada no parque é paga mas não foi esse o motivo que nos demoveu, mas sim o horário. Atenção ao horário do parque, que só abre às 10 horas e encerra às 18 horas (horário de Verão) ou 17 horas (horário de Inverno). Nós não tivemos o prazer de visitar este jardim pois ainda tínhamos muito para caminhar e eram apenas 9 horas da manhã.  

Ficará para uma próxima visita à Ilha de São Miguel. 




Continuando o nosso percurso no meio da natureza chegamos à zona das Caldeiras, onde é feito o tradicional cozido, colocado em panelas, dentro de um buraco e cozido com o vapor do enxofre, durante 6 horas. 





Na nossa opinião este trilho devia ter acabado neste ponto, o resto da caminhada é desnecessária pelo perigo de caminhar à beira de uma estrada sinuosa (sem  qualquer interesse), com as suas curvas e sem passeios até chegar novamente à vila . O conselho que damos é fazer apenas o percurso circular junto da lagoa. 

De volta ao Vale das Furnas é possível visitar a Igreja Matriz e foi neste contexto que encontramos uma casa virada ao contrário, a chamada de Casa Invertida, um dos monumentos mais excêntricos e curiosos na ilha, uma alusão à constante mobilidade da população da ilha. Na realidade não é uma casa, mas sim um posto de transformação da Empresa da Eletricidade dos Açores.



Uma vez na vila, fomos visitar o Parque Terra Nostra, um jardim com mais de duzentos anos no Vale das Furnas, que de vale não tem nada, mas sim de uma cratera de um vulcão inativo. Aqui poderá encontrar o Hotel Terra Nostra, um parque com flora endémica dos Açores, árvores centenárias e muitas plantas trazidas de outros países que se adaptaram ao parque. 

Também pode encontrar um tanque de água termal, construído em 1780, com água termal, carregada de minerais, com efeitos medicinais e uma temperatura entre 35 e 40ºC, proporcionando uma sensação de relaxamento e uma forma de recuperar as energias. O horário do parque é das 10 horas às 18 horas e o valor é de 8 euros para um adulto e 4 euros para uma criança dos 3 aos 10 anos. Quem estiver hospedado no Hotel Terra Nostra pode usufruir do parque de uma forma gratuita.  





Depois de 3 horas de caminhada fomos em direção ao Miradouro do Salto do Cavalo, a cerca de 760 metros de altitude, que nos oferece uma vista sobre o lado norte, sul da ilha, bem como da Vila da Povoação e da Vila das Furnas.  




Continuando na nossa rota de miradouros fomos visitar o Miradouro do Navio na Vila de Capelas, com uma vista soberba sobre o oceano, onde existia uma embarcação, uma alusão à grande ligação desta vila com o mar e às suas tradições baleeiras, onde antigamente existia uma fábrica de desmantelamento e transformação de baleias, do qual só resta a torre principal. Este espaço foi inaugurado em 2013 e apesar de atualmente já não existir a embarcação pode apreciar a vista sobre a costa Norte da Ilha e passar uma tarde em família junto da sua zona de churrascos e lazer. 
Foi neste contexto que nós degustamos u da nossa refeição no parque de merendas. 



Seguindo pela costa Norte da ilha fizemos uma curta paragem no Moinho do Pico Vermelho, que foi construído entre os séc XVIII e XIX, que foi recuperado de forma a mostrar a tradição da moagem na Ajuda da Bretanha. Este moinho está aberto nos meses de Julho e Agosto e faz lembrar os moinhos Holandeses. 


Próxima paragem foi no Miradouro das Cumeeiras, com vista para a Lagoa das Sete Cidade e a sua envolvência. Aqui pode apreciar uma fantástica vista da lagoa azul, seguida da lagoa verde e disfrutar de uma zona de lazer, com um parque de merendas. Esta ilha é presenteada por vários miradouros em vários pontos da ilha e muitos parques de merendas com vistas privilegiadas, dignos de muitos restaurantes. 


Continuando a rota dos miradouros fomos tirar uma fotografia ao Miradouro da Ponta do Escalvado, localizado na Ponta do Escalvado, no alto de uma rocha escarpada. Aqui é possível observar a costa oeste da ilha com uma paisagem soberba da Vila dos Mosteiros com os seus ilhéus e a Ponta da Ferraria. Neste miradouro pode encontrar uma pequena casa branca que servia de vigia das baleias. Era neste miradouro que se avistavam as baleias ao longe, o que contribuiu para a história e tradição baleeira desta ilha. 



Com o dia a aproximar-se do fim e algum cansaço acumulado, fomos descobrir a Ponta da Ferraria, localizada nos Ginetes e as suas piscinas naturais. Um local de paragem obrigatória para contemplar esta maravilha da natureza e refrescar-se ou não, nas águas dos Açores. O Pico das Camarinhas com 309 metros de altura deu origem à Ponta da Ferraria. O contacto entre a lava e o mar originou uma pseudocratera que fez com que resultasse numa piscina natural com as suas águas termais. Quando a maré está cheia a água torna-se mais fria, quando a maré está baixa a água torna-se muito quente, como tal, a melhor altura para dar um mergulho é quando a maré estar a encher ou a vazar. Estas águas podem atingir os 30ºC e mesmo que esteja a chover às águas continuam quentes. As piscinas são vigiadas por nadadores salvadores, existem cordas dentro de água para auxiliar quem precisa e existe infraestruturas de apoio com wc e balneários. É uma sensação espetacular tomar banho nestas águas!



Também pode experimentar as Termas da Ferraria, com o seu Spa, um conjunto de piscinas de água quente para fins medicinais e terapêuticos. Estas piscinas são pagas. (consulte o preçario).



Não deixe esta região sem antes visitar o seu miradouro ou Miradouro da Ilha Sabrina com uma vista panorâmica sobre as piscinas e o Farol da Ferraria. As erupções vulcânicas deram origem a uma coluna de lava que formou a Ilha Sabrina mas com a erosão causada por ventos fortes característicos de São Miguel, a ilha ficou totalmente destruída. Toda esta área da ilha é considerada Monumento Natural. 




Na tentativa de trazermos um pouco da identidade, da cultura, das gentes dos Açores, o Homem tinha ouvido uns boatos nas Furnas, que poderiam haver, guizos das vacas fieis a outros tempos que contavam a génese dos locais, no Mercado da Graça em Ponta Delgada, um mercado agrícola, do séc XIX, que se localiza ao lado da Igreja Matriz. Tentamos procurar uma recordação característica mas apenas encontramos produtos, réplicas infiéis que nada tinham a ver com as gentes e a história dos Açores e como tal, saímos do mercado tristes mas a matutar no que poderíamos trazer de forma a perpetuar e a dignificar a essência da génese, do povo, dos Micaelenses. 





Última paragem deste dia foi na Ribeira Grande no Hotel Verde e Mar & Spa onde ainda fui relaxar na piscina com uma vista magnífica para o mar antes de irmos jantar ao famoso e conceituado restaurante Associação Agrícola de São Miguel com os seus bifes de carne suculenta dos Açores. Aqui também pode comer bife de atum se não for amante de carne. 





3º Dia - Ribeira Grande, Remédios, Miradouro Vista do Rei, Miradouro Cerrado das Freiras, Sete Cidades, Lagoa do Canário, Miradouro da Boca do Inferno, Miradouro do Pico do Carvão, Cascata do Salto do Cabrito, Nordeste, Ponta Delgada




Depois de um excelente pequeno almoço no hotel com vista para o mar fomos fazer mais um trilho nesta ilha cheia de segredos. O trilho PRC37SMI - Rota da Água - Janela do Inferno, um trilho circular de dificuldade fácil, com cerca de 8 quilómetros. 


Tem inicio no parque de estacionamento do parque de merendas dos Remédios, passando por campos cultivados e prados recheados de vacas, até chegar a um túnel que passa por dentro da montanha e desemboca mais parece num mundo encantado, tipo filmes de banda desenhada, num local com uma vegetação muito verde, cerrada, exuberante, com as plantas endémicas predominantes dos Açores.

É verdadeiramente mágico e de uma beleza impar. Aconselhamos sem dúvida a fazer este percurso. 

Atenção:  não se esqueça de levar um calçado confortável, um impermeável se chover e uma lanterna ou um frontal com luz, só assim é possível transpor estes tuneis. 


















A entrada para este paraíso começa num túnel e acaba noutro. 

Dentro desta pequena floresta vai encontrar vários aquedutos que ainda hoje abastecem as cidades de Lagoa e Ponta Delgada.

O "ex libris" deste trilho é a chamada de Janela do Inferno, uma parede vertical onde predominam nascentes de água e onde é possível observar um pequeno buraco no meio da rocha proveniente da erosão da água, que vai desembocar num pequeno charco onde é possível observar as várias fases do ciclo de vida dos tritões, um peixe de água doce. 


De regresso ao parque de merendas, com uma breve paragem para o Homem tirar uma fotografia às cabras e dar dois dedos de conversa com o pastor. O homem fala sempre com toda a gente! 



Chegamos cansados, mas de alma cheia de memórias inesquecíveis e seguimos o nosso caminho até ao Miradouro da Vista do Rei, com uma vista deslumbrante sobre a Lagoa das Sete Cidades. Tem este nome porque em 1901 foi visitado pelo Rei D. Carlos e a Rainha Dona Amélia. É dos miradouros mais conhecidos de São Miguel, um verdadeiro cartão postal. Fica localizado junto ao Hotel Monte Palace, um hotel de 5 estrelas de 1989 e que esteve aberto apenas um ano, um hotel muito luxuoso e afastado da cidade e que foi encerrado devido à pouca afluência de turistas. Dizem que dentro das ruinas do hotel é possível usufruir de uma vista fantástica das Sete Cidades. O hotel encontra-se encerrado ao público e por esse motivo nós não arriscamos. 



Saindo deste miradouro fomos contemplar esta lagoa numa outra perspectiva, no Miradouro Cerrado das Freiras, que se localiza na descida da serra para as Sete Cidades. É um espaço que oferece umas vistas soberbas da Lagoa das Sete Cidades e das suas povoações à volta. Foi difícil tirar uma fotografia tal era a sua afluência turística. 


Uma vez na vila das Sete Cidades destacamos uma visita à igreja, foi considerada uma das 7 maravilhas naturais com as suas lagoas de cor verde e azul, formadas segundo a lenda das lágrimas de uma princesa e de um camponês que viveram um amor proibido e nunca puderam casar. A princesa tinha olhos azuis e de tanto chorar formou a lagoa azul e o camponês com os seus olhos verdes de tanto chorar formou a lagoa verde. 





    Lagoa Verde









                                                                                                            Lagoa Azul






Continuando na rota das Lagoas e dos Miradouros fomos ao encontro do melhor miradouro da ilha, com vista para a Lagoa Azul das Sete Cidades, a Lagoa de Santiago e a Lagoa Rasa. Para contemplar tamanha beleza o melhor é consultar o SpotAzores e ter alguma sorte com o tempo. Nós quando chegamos a este miradouro em poucos segundos o nevoeiro tornou-se demasiado denso, sem visibilidade nenhuma. O acesso a este miradouro é através do parque de acesso à Lagoa do Canário, onde pode encontrar um parque de merendas com mesas e churrasqueiras. Uma caminhada de aproximadamente 15 minutos leva-nos ao Miradouro da Boca do Inferno ou Grota do Inferno, com vista para estas três lagoas. É uma percurso bastante agradável, no meio da vegetação, com uma pequena subida no final até à ponta do miradouro. Vale muito a pena o esforço, pois será recompensado pela envolvência de toda a paisagem. Há mesmo quem diga que este é o miradouro mais bonito da ilha.


De regresso ao carro fizemos uma paragem para contemplar a beleza da Lagoa do Canário, integrada no Parque Florestal da Mata do Canário, sinónimo de tranquilidade, serenidade e paz. Encontra-se a 800 metros do nível do mar e surgiu por causa de uma cratera vulcânica formada no local, está rodeada por florestas laurissilva e criptomérias. Esta lagoa é conhecida pela Bruma dos Açores, devido ao seu microclima e à grande percentagem de humidade aqui existente, formando algumas nuvens junto da lagoa, que transmitem a sensação de chuva.



Já passava da hora de almoço e a barriga já dava horas à algum tempo, fizemos uma curta paragem no Aqueduto do Carvão e no seu Miradouro do Pico do Carvão para uma fotografia e fomos degustar a nossa refeição, sempre bem regada de uma bom vinho Português, no parque Chanquinho das Moças, um parque de merendas com mesas, bancos, e churrasqueiras. Éramos apenas nós e como companhia tínhamos os gatos, omnipresentes nesta ilha. Já tinha referido que esta ilha é recheada de vacas, gatos e hortenses?
































Chegou a altura da Vanessa ir a banhos e fomos descobrir a Cascata do Salto do Cabrito, localizada no concelho de Ribeira Grande. 

O acesso à cascata pode ser feito a pé por uma estrada íngreme de terra batida ou pode deixar o carro a 50 metros da cascata. A generalidade dos visitantes deixam os carros antes da descida íngreme para a cascata. 

Quem tiver interesse pode fazer o Trilho do Salto do Cabrito - O PRC29SMI, um trilho circular com início nas caldeiras da Ribeira Grande, passando por vários pontos com uma natureza selvagem. 

A cascata tem uma queda de água com cerca de 40 metros de altura que desembocam numa lagoa digna de um mergulho, nas suas águas cristalinas e refrescantes. 

É um lugar que merece sem dúvida visitar, nem que seja de carro (para os mais ousados).





Depois de termos retemperado as forças com a beleza e o relaxamento das águas desta cascata, o Homem fez a sua boa ação do dia e deu boleia a um jovem casal que tinha deixado o seu veículo no início da íngreme descida de terra batida. Estas estradas não são para todos os condutores e eu tenho a sorte de ter um Homem da aldeia, ou ele não fosse de Alcanhões. 

Como ainda era cedo e nós gostamos particularmente do Nordeste, seguimos o nosso caminho para verificar se as estradas já tinham sido abertas para nos despedirmos do encanto que encontramos nesta parte da ilha. É nesta região que se localiza o ponto mais alto da Ilha de São Miguel o Pico da Vara, a 1100 metros de altitude. Voltamos a parar no Miradouro da Ponta da Madrugada com a sua paisagem muito verde e florida e já na vila do Nordeste descemos uma estrada arrufada, estreita, com curvas acentuadas e com uma inclinação muito acentuada (não aconselhamos a fazer a descida de carro, com inclinações que se aproximam dos 35% de declive), até ao Farol do Arnel, um dos faróis mais antigos dos Açores, que foi edificado no séc XIX e que foi sofrendo vários melhoramentos e ainda hoje é utilizado. Aqui pode encontrar uma exposição permanente sobre os vários faróis, com visitas durante todo o ano mas atenção aos horários.  Nós não tivemos a sorte de encontrar o farol aberto, mas tivemos a ousadia de descer de carro até ao farol. 




O carro a descer e a Vanessa de coração apertado (atenção se for cardíaco, o melhor é deixar o carro no parque de estacionamento mesmo antes da descida).

Foi assustador, mas fomos surpreendidos por uma beleza avassaladora da costa do Nordeste e brindados por uma queda de água, a Cascata da Ponta do Arnel,  onde a água flui através das rochas para desaguar no Oceano Atlântico,  junto do pequeno cais de barcos de pesca, o porto de pesca do Nordeste. 




Com o dia a chegar ao fim e o sol a desparecer estava na altura de irmos descansar e procurar um hotel. Decidimos novamente por Ponta Delgada por ter maior oferta hoteleira e escolhemos o Hotel Vip Executive, aconselhado por um colega meu, foi um "downgrade" ao que vivemos nos dois dias anteriores, pelo conforto do quarto, pelo pequeno almoço e pelo todo do hotel. Nessa noite depois de muito procurar um local de degustação acabamos por ir jantar ao restaurante Casa Marisca, onde tivemos a sorte do restaurante ser só nosso e ter o privilégio de ter o tempo do proprietário que em muito, nos enalteceu com as suas histórias, costumes e cultura dos Açores. 

4º Dia - Ponta Delgada, Lagoa do Congro, Cascata do Sossego, Praia dos Mosteiros, Piscinas Naturais de Caneiros, Aeroporto João Paulo II



Último dia da nossa estadia na Ilha de São Miguel. O que nos falta visitar? O que gostaríamos de repetir?

Saindo de Ponta Delgada fomos em direção à Lagoa do Congro, que se encontra localizada a poucos quilómetros de Vila Franca do Campo e muito próximo da Lagoa do Fogo. É uma lagoa circular, com cerca de 500 metros e que pode atingir 16 metros de profundidade, foi resultado de uma erupção freatomagmática, isto é, quando a magma sobe ao nível da água, encontra grandes amplitudes térmicas e em contacto com a água origina grandes explosões. 
Fica localizada a aproximadamente 700 metros da estrada de terra batida e a única forma de lá chegar é através de um pequeno trilho pedestre e talvez por este motivo apresenta pouca afluência turística. É uma caminhada relativamente fácil, muito agradável, sempre a descer, mas lembre-se que depois será a subir, por entre um bosque, onde o silencio é uma constante e apenas somos brindados pelo chilrear dos pássaros e de alguns turistas que se atrevem a visitar esta pequena maravilha. É das lagoas mais naturais e de uma beleza de cortar a respiração, de uma cor muito verde, no meio da vegetação de cores verdes e acastanhadas. Vale a pena arriscar-se no meio da vegetação e vai ver que não se vai arrepender. 



Deixando a Lagoa do Congro, cansados, mas de alma cheia de tanta beleza e sossego, fomos visitar a Cascata do Segredo, que está inserida no percurso pedestre PR39SMI - o trilho das quatro fábricas da luz, em Água de Alto, um trilho linear, fácil, com uma extensão de aproximadamente 2 km ou 4 km ida e volta. Deixamos o carro no parque de estacionamento do Parque Escutista dos Lagos e decidimos não fazer o trilho e ir apenas visitar a Cascata do Segredo e aqui o silencio é imperioso. A cascata encontra-se muito próximo do parque de estacionamento, mas o acesso é através de um trilho com alguma vegetação, rodeada de várias pedregulhos que se encontram no meio da ribeira. A cascata não é muito imponente mas forma uma lagoa de água cristalina, bastante fresca, muito agradável para dar um mergulho, onde tivemos a sorte de sermos apenas nós, rodeados de vegetação, sossego e tranquilidade. 




O Homem sugeriu voltar à vila dos Mosteiros, uma vila muito bonita, simpática pela sua gente e que 4 dias antes após uma intensa chuvada, sofreu uma derrocada, com carros a ser arrastados pela corrente da água, destruindo a conceituada praia dos Mosteiros. Foi-nos descrito pela população que pouco passava das 7 horas da manhã e ouviram um forte barulho, que mais pareciam cavalos a correr, quando se aperceberam que eram carros a ser arrastados com a força da água, o pânico da população e das poucas pessoas que ali circulavam. Sorte serem apenas 7 horas da manhã! Nós ainda vimos a destruição da praia, o Homem no meio da confusão e da destruição, encontrou a oportunidade de trazer uma pedra de origem vulcânica,  de forma a perpetuar a viagem, a memória dos Açores. Foi neste contexto que falámos com o dono do pequeno espaço comercial que se encontra em frente à praia e que nos referiu que eram os primeiros cafés que ele tirava à 4 dias. 







Deixando esta destruição para trás fomos conhecer as Piscinas Naturais dos Caneiros, umas piscinas de origem vulcânica, localizadas muito próximo da vila dos Mosteiros. São uma maravilha no meio das rochas que formam pequenas piscinas de água cristalina. Cuidado com as ondas quando a maré está a encher ou a vazar, tornando-se perigoso, o que poderá levar a algum acidente. O nosso concelho é levar sapatilhas de água, porque as rochas não são nada confortáveis. 

Depois de um belíssimo mergulho nestas águas e do Homem meter conversa com um casal Francês (já vos tinha contado que ele mete conversa com toda a gente, seja o velhinho, o engravatado ou a miúda gira) degustamos da nossa última refeição nesta fantástica e apaixonante ilha. 




Já o ditado o diz: o que é bom acaba depressa e está na hora de voltar à nossa rotina e voltar para casa. Voltamos com memórias inesquecíveis, com o coração cheio, com a alma cheia, com a certeza que foi mais um caminho arrufado e mais uma história para contar e passar para o papel. 

Com tempo para mais uma cervejinha para a despedida no restaurante / bar que nós aconselhamos, o Cais 20, com uma vista muito agradável sobre o oceano, seguimos em direção ao Aeroporto João Paulo II para entregar o Clio que nos acompanhou nesta aventura de 900 km,  durante estes 4 dias. 

Uma vez no aeroporto a nossa mala foi mandada parar no controle da bagagem, eu já sabia que isso ia acontecer. 
O Homem levou uma pedra vulcânica apanhada na praia dos Mosteiros. 
Mandaram abrir a mala e retirar a pedra. 
A pedra ia para o lixo.
O Homem não se conformou
E foi falar com a segurança
Tinha de haver uma solução
E eis que surgiu uma luzinha no fundo do túnel!
A senhora segurança Carla Peixoto ofereceu-se para enviar a pedra através dos CTT para Lisboa.
O Homem iluminou-se, sorrindo...


Pagou 3 euros, com a promessa de enviar mais dinheiro se fosse um valor superior e escreveu a morada de envio, agradeceu e seguimos viagem. Confesso que nunca imaginei que a pedra chegasse a Lisboa.... mas chegou... a Senhora Carla foi bastante honesta e muito simpática e através do seu ato conseguimos trazer um pouco da história dos Açores e aqui fica a prova do resultado final da pedra vulcânica.

Uma vez chegados ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa e dado o adiantado da hora, derivado do atraso do voo, ficamos manifestamente atordoados com o facto do serviço "Uber" não se encontrar disponível no terminal de chegadas do aeroporto, só se encontrando disponível no terminal de partidas, sem qualquer indicação. Não nos parece assertivo num País que julgávamos de oportunidades democráticas. Finalmente apanhamos o "Uber" para a Bela Vista e lá fomos nós no carro das Renas comemorar o jantar de aniversário do Homem, no "MacDonald´s" perto de casa, o único restaurante aberto aquela hora. 


"A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos"                                                                             Marcel Proust


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