GUIA TURÍSTICO DE ENRIQUECIMENTO PAISAGISTICO PELOS LAGOS DO SABOR E PELAS ARRIBAS DEL DUORO
(Roteiro de 2 Dias)
Lagos do Sabor, um dos segredos mais bem guardados desta região, localizados na região de Trás-os -Montes, muito próximos da foz do Rio Sabor, que é um afluente do Rio Douro e pode dizer-se que fica mesmo por trás dos montes.
São três lagos, o Lago de Cilhades, o Lago dos Santuários e o Lago do Medal, que se estendem até à Foz do Azibo. Estes lagos surgiram com a construção da Barragem do Baixo Sabor, que alterou o curso de água, modificando totalmente o cenário existente, onde outrora correu o último rio selvagem de Portugal, o Rio Sabor. Neste momento é considerado uma forte atração turística nesta região transmontana, com uma mão cheia de miradouros bastante acessíveis quase ao lado da estrada e com vistas deslumbrantes sobre o cenário de um azul do céu quase confundido com o azul da água dos lagos.
São 70 quilómetros de lagos ligados entre si e rodeados de penhascos, de serras, vales e um azul a perder de vista, enriquecidos por um grande património histórico, com as cidades circundantes aos lagos, Torre de Moncorvo, Alfandega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.
A melhor forma de conhecer esta pequena, grande maravilha é fazendo uma roadtrip de carro ou se for amante de caminhadas, tem uma vasta oferta de vários percursos pedonais. A Associação de Municipio do baixo Sabor criou em 2016, três circuitos panorâmicos circulares que podem ser percorridos de carro ou de mota. Um dos circuitos tem aproximadamente 40 km e é o Circuito Panorâmico da Foz do Sabor, o outro tem 120 km e chama-se Circuito Panorâmico dos Lagos do Sabor e o último tem 110 km e tem o nome de Circuito Panorâmico das Fragas do Sabor. Se quiser fazer um dos circuitos pode sempre adquirir um mapa num posto de turismo da região.
Nós fizemos o nosso próprio caminho, como sempre com o telemovel na mão e o GPS ligado, pois o Homem já tinha feito o trabalho de casa e construído o nosso próprio mapa, à nossa medida e com os pontos de maior interesse. Tudo muito bem delineado.

A melhor altura para fazer este tipo de viagem depende do que procura. Nós gostamos de sossego, pouco turismo e sermos apenas nós, a natureza e aquilo que ela tem para nos oferecer e como tal, preferimos sempre fazer estes percursos no Inverno, desde que exista sol. A Primavera pode ser uma altura excelente onde pode apreciar as amendoeiras em flor, com uns dias menos frios e onde pode fazer uns trilhos pela natureza. O Outono também pode ser uma excelente opção com dias ainda quentes e com uma maior duração de horas de sol, o que permite desfrutar de um maior número de paisagens e miradouros. O Verão para nós é sempre a pior época do ano pela grande afluência turística, mas por outro lado tem a possibilidade de poder dar um mergulho nas águas das praias fluviais ou se estiver no Douro Internacional, fazer um passeio de barco pelas arribas do douro. Deve ser verdadeiramente mágico!
Para além das paisagens arrebatadoras da região de Trás-os-Montes, a gastronomia transmontana é simplesmente deliciosa. Aqui pode encontrar pratos de caça, como é o caso do javali, pratos de borrego ou cabrito assado, a feijoada à transmontana. Em Miranda do Douro pode encontrar a verdadeira posta mirandesa, o butelo de porco com cascas, a alheira mirandesa, que na nossa opinião é bastante melhor que a conhecida alheira de mirandela. Quando falamos na doçaria, não fica atrás do resto da gastronomia, com vários doces à base de amêndoa e castanha e a bola doce mirandesa. Uma verdadeira maravilha, de comer e chorar por mais.
1º Dia - Lisboa, Torre de Moncorvo, Foz do Rio Sabor, Miradouro do Vale do Sabor, Miradouro da Póvoa, Barragem do Baixo Sabor, Miradouro de São Lourenço, Miradouro da Cabreira, Alfandega da Fé, Miradouro de Santo Antão da Barca, Ponde do Sardão, Miradouro do Santuário de São Cristovão, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros, Santa Combinha, Foz do Azibo, Ponte de Requejo,
Madrugada fria de Janeiro, 4h30 da manhã com a nossa geleira elétrica, o carro atestado em combustível e o nosso termo de café para manter o Homem acordado ao volante e lá fomos nós pela estrada fora com destino a Torre de Moncorvo, para fazer o nosso circuito panorâmico dos Lagos do Sabor.
Torre de Moncorvo uma vila medieval, localizada no Vale da Vilariça, junto da Serra do Reboredo. A riqueza desta região refletiu-se na construção da Igreja Matriz de Torre de Moncorvo e da Igreja da Misericórdia, de estilo renascentista. No final do Inverno é a melhor altura de visitar esta vila, pois a Câmara Municipal organiza uma feira de artesanato, através da iniciativa "Amendoeiras em Flor".
Uma das áreas de investimento para além do comércio, foi a exploração mineira, que teve inicio em 1874 e que ainda hoje pode ser contemplada no Museu do Ferro, onde pode conhecer o enorme património arqueológico e industrial desta região. Foi nesta vila que às 8h30 da manhã bebemos o nosso primeiro café do dia, para colmatar o frio que se fazia sentir.
Saindo de Torre de Moncorvo rumamos até à Foz do Sabor, a última aldeia piscatória desta região. O maior atrativo é sem dúvida a sua praia fluvial, que no Verão é convidativa a um mergulho. Aqui pode encontrar uma zona ajardinada, um cais de embarque e um bar de apoio à praia que só funciona na época balnear.
Continuando o nosso caminho arrufado por estradas estreitas, com curvas sinuosas e com declive acentuado, foi altura de visitar o nosso primeiro miradouro, o Miradouro de São Gregório, que se encontra mesmo ao lado da estrada e tem uma vista panorâmica sobre o Vale da Vilariça e a fragada da Lousa.
Continuando na mesma estrada, um pouco mais à frente encontramos uma placa informativa do próximo miradouro, o Miradouro do Vale do Sabor, são cerca de 500 metros numa estrada de terra batida, que se faz bastante bem com um veículo ligeiro. É um miradouro recente com uma área de merendas, placas informativas sobre o Circuito Panorâmico dos Lagos do Sabor e uma plataforma de ferro e madeira com uma vista soberba sobre o Vale do Sabor. Se o tempo permitir consegue ver ao fundo o Rio Sabor a desaguar no Rio Douro. Nós tivemos muita sorte com o tempo. Apesar de frio, estava um dia lindo de sol.
Continuando o nosso circuito de miradouros, fomos contemplar o Lago de Cilhades no Miradouro da Póvoa, uma vista de cortar a respiração, num cenário de um azul translucido rodeado por montes. Este miradouro localiza-se mesmo à beira da estrada. Se tiver sorte com o tempo e nós tivemos, consegue-se ver do outro lado da margem o Miradouro de São Lourenço.
O Miradouro de São Lourenço foi a nossa próxima paragem e para nós o melhor miradouro dos Lagos do Sabor. Localiza-se perto da aldeia de Felgar e junto ao Santuário de São Lourenço, uma pequena capela mesmo junto ao lago. Aqui foi construído um baloiço montado numa estrutura de madeira e onde é obrigatório baloiçar admirando toda a sua envolvência, sentir e se conectar com a natureza. É verdadeiramente mágico e confesso que foi difícil partir.
Voltando pela mesma estrada em direção ao Miradouro da Cabreira, passamos junto da Barragem do Baixo Sabor, a impulsionadora destes lagos. Situa-se no Rio Sabor, um dos afluentes do Rio Douro. A albufeira do Baixo Sabor é o terceiro reservatório de água de Portugal. Em 2016 a construção desta barragem deu origem a três gigantescos lagos ligados entre si por escarpadas gargantas: o Lago de Cilhades, O Lago dos Santuários e o Lago de Medal.
Uma vez no Miradouro da Cabreira pode apreciar a beleza dos lagos da outra margem, uma experiência bastante agradável, com vistas deslumbrantes para o azul cintilante dos lagos que em dias solarengos quase se mistura com o azul do céu.
Alfandega da Fé, foi a nossa paragem seguinte, sem antes passar no posto de combustível para atestar o carro.
A palavra Alfandega é de origem árabe Alfandagua, que significa estalagem segura, a palavra Fé surge mais tarde e segundo a lenda está relacionada com a libertação das donzelas, encontrando-se associada à reconquista cristã da Península Ibérica.
Considerada a terra da cereja, sendo a marca desta vila, que pode ser utilizada na agricultura, na gastronomia, na saúde e bem estar. Esta região é também conhecida pelas amendoeiras em flor em março.
Aqui pode visitar o Parque Verde da Vila, a sua Igreja Matriz, a Torre do Relógio e percorrer o centro histórico a pé.
A poucos quilómetros desta vila pode encontrar o Miradouro de Santo Antão da Barca, onde se localiza a Capela de Santo Antão da Barca, um dos principais lugares de peregrinação e onde se realizam alguns eventos. Esta capela foi submersa com a construção da barragem do Rio Sabor e foi transladado o seu interior com a reposição das pinturas murais e artefatos para o local onde se encontra atualmente.
Na estrada que descia para o miradouro fomos surpreendidos pela presença dos habitantes desta região, bem no meio da estrada lá estavam as ovelhas e os carneiros acompanhados do cão habitual nos rebanhos e do seu pastor. Um homem simples, genuíno, simpático, que até nos deixou fotografar os bichinhos e deixou tirar uma fotografia, que o meu Homem lhe disse que ia para a internet. Ele fez um rasgado sorriso e fez pose para a foto.
Depois de nos despedirmos deste agradável momento, seguimos até ao miradouro, um local com um magnifico parque de estacionamento e umas excelentes infraestruturas, com um parque de merendas com churrasqueiras, um restaurante, um bar e casas de banho, que tanta falta faz quando fazemos estes passeios. Talvez por ser Inverno encontramos tudo fechado, o que não se tornou desagradável, tendo em conta que éramos apenas nós, a natureza e os pássaros. É talvez dos miradouros mais bem preparados para o turista que visita os Lagos do Sabor, no entanto, os acessos poderiam ser totalmente alcatroados.
Com a hora de almoço a aproximar-se fomos procurar um local para o nosso repasto, com uma breve passagem pelo IC5, pela Ponte do Sardão, que aconselhamos que assim que passa a ponte no sentido de Mogadouro deve sair em direção à Quinta de São Pedro. Aqui pode tirar uma belíssima fotografia desta ponte em forma de U. É sem dúvida uma ponte cénica.
Com as horas a passar e o nosso spot perfeito para almoçar não aparecia. Continuamos até ao Miradouro de São Cristovão, no alto da Serra da Figueira. O carro vai quase até ao miradouro, mas depois tem de percorrer cerca de 500 metros a pé, numa estrada de terra batida, sempre a subir, o que vale é que para baixo é sempre a descer. No topo pode encontrar a Capela de São Cristovão, várias placas com percursos pedonais e um baloiço com vista para o planalto transmontano.
Foi neste contexto depois de descermos até junto do carro, onde existia um pequeno parque de merendas, debaixo de uns sobreiros, com vista para o planalto transmontano, que nós tiramos a nossa geleira e colocamos a nossa toalha improvisada e fizemos deste lugar o nosso restaurante.
Depois de saciados, foi altura de ir beber um café, ou nós não fossemos Portugueses e um bom Português gosta de um bom café, ao centro da vila de Mogadouro.
Nesta vila destacamos o Castelo, a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia e o Pelourinho.
Com o percurso dos Lagos do Sabor a chegar ao fim, fomos visitar a cidade de Macedo de Cavaleiros, que confessamos que nos agradou menos que a anterior. Em meados de Janeiro costuma haver uma Feira de Caça e Turismo que dizem ser muito interessante. Nós tivemos azar porque tinha sido no fim de semana anterior.
O nosso roteiro pelos Lagos do Sabor termina na Albufeira do Azibo, considerada como paisagem protegida. Aqui pode encontrar um magnífico espelho de água, onde se pode praticar vários desportos náuticos, com uma vasta biodiversidade de fauna e flora e duas excelentes praias fluviais, a Praia Fluvial da Ribeira e a Praia Fluvial da Fraga Pegada.
Ambas as praias possuem bandeira azul pela sua qualidade da água, nadadores salvadores, parque de estacionamento e infraestruturas com um restaurante, café, casas de banho e zonas de duche.
A Praia Fluvial da Ribeira foi considerada uma das 7 Maravilhas de Portugal na categoria de Praias de Portugal. Na Praia Fluvial da Fraga da Pegada na época balnear pode encontrar uma piscina flutuante e zonas de acesso a pessoas de mobilidade reduzida. Uma excelente escolha para um dia de Verão em família.
O acesso a estas praias faz-se através da aldeia Santa Combinha, uma aldeia com casas típicas regionais e onde tiramos uma belíssima fotografia a uma senhora a conduzir o seu trator, ela até nos disse adeus e fez um enorme sorriso para a câmara.
Imagens que retratam os costumes e o "modus vivendis" destes aldeões. Mesmo ao lado da igreja existe um caminho que leva a um miradouro com vistas sobre a Albufeira do Azibo.
O nosso primeiro dia do nosso percurso, do nosso caminho tinha acabado, mas eram 16 horas e o Homem já tinha muitos quilómetros em cima mas parecia não estar satisfeito. O nosso objetivo era dormir em Miranda do Douro. Uma vila encantadora com o Douro a espreitar em quase todos os recantos. Para quem quiser saber um pouco mais desta lindíssima região, dos seus costumes, tradições e população é só ler o nosso caminho arrufado Escarpas do Douro.
Voltando ao nosso caminho, eram 16 horas e muito cedo para ir para Miranda, consultamos o nosso mapa que o Homem tinha feito no google maps e decidimos ver alguns pontos que estavam selecionados para o dia a seguir.
Seguimos pela nacional N217, N317, N218, passando por Vimioso, Alcanizes (Espanha), Fornillos de Aliste até à Ponte de Requejo, que liga as aldeias de Villadepera e Pino del Oro, na região de Zamora.
Uma ponte metálica com vistas soberbas sobre o Douro Internacional ou Arribas del Duoro, em Espanha, em que o seu tabuleiro mede 190 metros de comprimento e tem 450 toneladas de aço. Foi construída em 1914, considerada um marco na engenharia espanhola e na altura estava a 90 metros acima da água do Douro.
Com o dia a chegar ao fim e algum cansaço acumulado ainda fomos procurar o Miradouro de Fraga Redonda com um acesso através de uma estrada de terra batida e de difícil localização, pois as coordenadas não correspondiam ao que tínhamos no nosso mapa do google maps. Não valeu a pena, o acesso não é dos melhores, perdemos imenso tempo a procurar no mapa e uma desilusão quando o encontramos. Um pequeno miradouro com vista para as arribas mas com o Douro muito distante.

Chegamos à nossa cidade que ficamos enamorados em 2020 e que que prometemos que um dia iriamos voltar, Miranda do Douro perto das 18 horas e infelizmente a sua belíssima Concatedral de Miranda, a antiga Sé já tinha fechado e não podemos ir visita-la. Construída na segunda metade do séc XVI, com uma fachada maneirista e duas imponentes torres. Ficamos hospedados num pequeno e aprazível hotel a 400 metros do centro histórico, o Hotel a Morgadinha. Quartos confortáveis, com uma varanda com vista panorâmica sobre as imponentes Arribas do Douro e a albufeira da barragem. Adoramos este hotel pelo conforto, pelo silencio, pela vista e pela simpatia dos funcionários, onde fomos muito bem recebidos ao pequeno almoço por uma senhora muito simpática que nos presenteou com uma agradável refeição, com uma vista soberba sobre o Douro e até teve o cuidado de ligar o ar condicionado de forma a tornar o ambiente mais aconchegante. Recomendamos vivamente este hotel.
Da outra vez que estivemos em Miranda do Douro fomos jantar a um restaurante que gostamos muito o Mirandês, desta vez não foi possível porque estavam fechados para férias e tivemos de ir procurar outro restaurante. Escolhemos um no centro, o restaurante São Pedro, onde destacamos a posta mirandesa muito bem confecionada e bem guarnecida e o vinho tinto da casa de Sendim.
Após a degustação e apesar dos 4ºC fomos fazer uma caminhada no Parque Urbano de Rio Fresno, o parque urbano da cidade, com vista para o castelo, onde pode fazer um percurso pedonal ou ciclavel por uma parte das margens do rio Fresno, ou tomar uma bebida na esplanada com vista para o rio.
2º Dia - Miranda do Douro, Miradouro das Barrancas, Miradouro de la Falla de Ribas Alta, Miradouro do Meandro do Rio Douro, Fermoselle, Miradouro da Falha, Miradouro da Ermida de Nossa Senhora, Miradouro do Picão da Mariota, Miradouro do Fraile, Miradouro do Code, Miradouro da Fraga da Águia, Vila Velha de Rodão, Lisboa
Deixando Miranda do Douro com a promessa de regressar no Verão, para fazer um cruzeiro no Rio Douro, fizemos uma breve paragem no miradouro com vista para a barragem, com as arribas a espreitar, para uma fotografia para o nosso álbum de recordações e fomos em direção a Espanha para contemplar a beleza do Douro vertente espanhola e visitar o Parque Natural das Arribas do Douro.
As Arribas del Duero não são só miradouros com o rio a servir de cenário, é muito mais do que isso, é encontrar uma fauna muito característica, com imensas aves de rapina, como são exemplo: águias, falcões, milhafres, abutres e cegonhas, se tiver atenção vai encontrar vários ninhos de cegonhas durante todo o Parque Natural das Arribas do Douro.
A nossa primeira paragem foi no agradável Miradouro de las Barrancas que fica a cerca de 500 metros da Ermida da Nuestra Senora del Castillo.
Junto à ermida, existe um parque de estacionamento onde pode deixar o carro e fazer o percurso a pé até ao miradouro, cerca de 1 km ida e volta.
Aqui pode ficar deslumbrado pelo silencio, pelo Canhão do Douro e se tiver tempo e paciência de esperar, pode ter a sorte de avistar algum grifo ou abutre.
O próximo miradouro foi difícil de encontrar porque no nosso GPS a sua localização dava sempre em Portugal, com travessia pelo rio, que confesso que seria uma tarefa um pouco arriscada. O Homem teve de colocar a imagem do mapa em imagem satélite para conseguir descobrir as estradas de terra batida que nos levaram ao Miradouro de Falla de Ribas Alta.
Para lá chegar passamos por uma pequena e agradável localidade de nome Mámoles e seguimos por estradas em mau estado de terra e com alguns buracos que requerem alguma pericia de condução no campo. Aconselhamos a deixar o carro junto de uma pequena casa em pedra de pertences agrícolas. A partir daí continue o percurso a pé até chegar junto de uma enorme pedra quase plana, que para os mais ousados permite subir e tirar uma magnífica fotografia com o douro a espreitar dezenas de metros abaixo por entre arribas com declive de prumo.
O Homem tem vertigens e nem se atreveu a colocar um pé na pedra que dava acesso a uma vista privilegiada sobre o Douro, mas que na nossa opinião não vale o esforço, tendo em conta o cansaço e principalmente a segurança. Se tem crianças, esqueça este miradouro.
Próxima paragem, Miradouro do Meandro do Rio Douro, com uma vista soberba sobre o rio. A melhor maneira de lá chegar é através da pequena aldeia de Pinilla de Fermoselle, siga por estradas de terra batida e quando o piso estiver mais danificado aconselhamos a deixar o carro, a não ser que possua um veículo todo o terreno. Depois é seguir a pé aproximadamente 1,5 km, seguindo as setas do percurso pedestre GR-14 Senda del Duero. Pode ser uma caminhada um pouco cansativa e exigente mas vai valer a pena visualizar o rio a serpentear, formando uma monstruosa curva, no meio de arribas escarpadas.
Como tivemos alguma dificuldade em encontrar este miradouro e o que nos valeu foi a perícia do Homem em trabalhar com o google maps e imagem satélite, que confesso que não é para todos. Partilhamos aqui o nosso percurso que penso que seja útil e possa ajudar quem quiser encontrar a imponência da curva do Douro vista neste miradouro.
Deixando um pouco a rota dos miradouros, continuamos o nosso caminho arrufado até à vila medieval de Fermoselle, conhecida como "El Pueblo de las Mil Bodegas". Localiza-se a 650 metros de altitude, a sudoeste da província de Zamora, na confluência dos rios Tormes e Douro, foi declarada em 1974 como conjunto Histórico Artístico pela beleza das suas paisagens e da sua riqueza histórica.
O seu castelo, denominado Doña Urraca desempenhou o seu mais importante papel na Guerra das Comunidades, que depois da derrota dos Comuneros, Carlos I de Espanha ordenou que destruíssem a fortaleza.
Atualmente, apenas podemos encontrar o arco quebrado de uma das portas de acesso e é propriedade privada, encontrando-se encerrado ao público desde o início da pandemia Covid-19. No alto do castelo existe um miradouro com vistas soberbas sobre o rio, mas infelizmente com o castelo encerrado é impossível aceder ao miradouro.
É a capital da região vinícola e a sua população mantém ainda hoje uma rede de caves subterrâneas escavadas diretamente na rocha, onde não pode deixar esta vila sem fazer uma prova de vinhos. Nós degustamos de um copo de tinto, um vinho mais encorpado, com sabores a tanino, numa esplanada no centro histórico da vila, que se pode dizer que é encantador.
Novamente na rota dos miradouros, fizemos uma curta paragem no Miradouro de la Falha, onde pode apreciar o Douro Internacional no seu troço pelas Arribas do Douro. Pode deixar o carro na praça principal de Vilarinho de los Aires e fazer uma curta caminhada a pé até ao miradouro. Não se vai arrepender.
O Miradouro del Ermida de Nuestra Senora del Castillo localiza-se junto da aldeia de Pereña de la Ribera. Aqui pode encontrar um parque de merendas e uma pequena ermida isolada com excelentes vistas para o Douro.
Foi neste cenário que fizemos deste local o nosso restaurante. Junto ao miradouro existem umas pedras que serviram de mesa, colocamos o nosso pano improvisado de toalha, tiramos o nosso repasto da geleira e juntamente com o silêncio e a beleza da paisagem, fizemos a nossa refeição em paz.
É impossível descrever o que sentimos perante tanta beleza.
Miradouro del Picon de Mariotta, desde o qual se pode avistar o voo das aves de rapina típicas desta zona das arribas, como é o caso da águia real, o abutre, a cegonha negra, entre outras que costumam nidificar nas paredes que descem vertiginosamente em direção ao Douro. Pode deixar o carro relativamente perto do miradouro, mas o restante percurso tem de ser feito a pé, a não ser que possua um jipe. Vale a pena o esforço para ser contemplado por vistas soberbas sobre Douro.
Miradouro del Fraile, atualmente encerrado para obras de melhoramento, um local imprescindível para apreciar mais uma das vistas do Douro. Aqui pode observar uma grande obra de engenharia da Barragem de Aldeadávila e descobrir imponentes paredes de granito. O nome deste miradouro teve origem de uma lenda, que conta a história que de uma rocha chamada "cadeira do frade" se avistava o vale de La Verde, onde os monges trabalhavam na agricultura. Aqui não é preciso andar, pois o miradouro é facilmente alcançável de carro, onde existe um pequeno parque de estacionamento muito perto do miradouro. Se continuar pela mesma estrada chega a Llano de la Bodega, onde pode encontrar um parque de merendas.
Muito perto da aldeia de Mieza encontra o Miradouro del Colágon del Tío Paco, onde pode encontrar um parque de merendas e um parque de estacionamento e disfrutar de uma vista panorâmica para o desfiladeiro do Douro e para o maior bosque de ladoeiros de toda a Europa.
A uns 300 metros a pé deste miradouro fica um outro semelhante que tem o nome de Miradouro de la Code. Para além da vista que se tem destes dois miradouros, destaco a pequena capelinha da Virgem de la Code, escondida na rocha, um dos locais de romaria das Arribas do Douro.
A nossa última paragem foi no Miradouro de la Peña del Águila que se localiza a aproximadamente 3 km da povoação de Mieza e a 4 km dos miradouros anteriores. Seguimos por uma estrada estreita de terra batida, bem sinalizada, com uma vegetação característica desta região, amendoeiras e cerejeiras. Se for na altura das amendoeiras em flor ou das cerejeiras em flor, deve ser uma paisagem que certamente ficará na memória. Pode deixar o carro mesmo ao lado do miradouro, onde vai encontrar uma paisagem esmagadora que o Douro tem para oferecer. Se tiver sorte e nós tivemos, pode observar o voo do abutre egípcio ou do grifo, pois como o nome indica esta é uma zona onde existem muitas aves de rapina.
Com as horas a passar e o dia a chegar ao fim está na hora do regresso a casa, seguindo pela nacional e autoestrada espanhola, sem portagens e com ótimo pavimento, entramos em Portugal em Vilar Formoso e assim que entramos na A26 o que encontramos?? portagem, ou não estivéssemos em Portugal. Seguimos pela A26 até à Guarda e depois apanhamos a A23 até Vila Velha de Rodão onde a Beira Baixa abraça o Alto Alentejo, nas margens do Rio Tejo.
Não havia melhor forma de acabar em grande a nossa roadtrip, a ver o pôr do sol nas Portas de Rodão, um enquadramento natural com uma imponente garganta de 45 metros de largura escavada pelo Rio Tejo entre a Serra das Talhadas e do Perdigão.
Com algum cansaço acumulado e muitos quilómetros em dois dias, estava na altura de seguir para casa, continuando pela A23 até Torres Novas, depois pela A1 até Lisboa, com o coração carregado de emoções, de experiências enriquecedoras, de memórias inesquecíveis, com mais um caminho arrufado percorrido e mais uma história para contar.
" A cada Viagem ,coleciono uma nova memória
que não vou esquecer porque
me mudou de alguma forma!"
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