Montanhando


 GUIA TURÍSTICO PARA DESFRUTAR DAS MARAVILHOSAS PAISAGENS DAS ALDEIAS DE MONTANHA NA SERRA DA ESTRELA 
(Roteiro de 1 Dia)


Serra da Estrela, a serra mais alta de Portugal Continental, porque a montanha mais alta localiza-se nos Açores, na ilha do Pico, a 2351 metros de altitude. Localiza-se na região do centro (região das beiras), integrada no Parque Natural da Serra da Estrela que é considerado a maior área protegida em território nacional. É nesta serra que nasce o Rio Mondego e o Rio Zêzere.

Visitar esta montanha é muito mais do que ir brincar na neve ou fazer ski ou sku para alguns ;) e foi isto mesmo que o Homem me disse, não por estas palavras mas a dizer que era muito redutor pensar ir à Serra da Estrela para ver neve e gastar gasóleo sem nenhum enriquecimento cultural e paisagístico.

A melhor altura para visitar a serra depende daquilo que procuramos. 

No Inverno, temos o prazer de ser assoberbados por uma beleza impar de montanhas cobertas de neve, com árvores salpicadas de branco, casinhas no meio de pequenas aldeias tradicionais, degustar das iguarias típicas serranas ao calor da lareira, mas com uma grande afluência turística, chega mesmo a haver transito para alcançar o ponto mais alto da serra, a Torre, a 1993 metros de altitude.

Muito perto da Torre pode encontrar a Estância de Ski, onde pode fazer ski nas várias pistas disponíveis e mais recentemente, no final de 2021 abriu a maior pista de gelo do país, nas Penhas da Saúde. A Ice Arena é um espaço de lazer, com uma vertente desportiva para vários clubes desportivos, nomeadamente a patinagem artística e o curling. Neste espaço,  durante todo o ano pode brincar nesta pista de gelo, seja Verão ou Inverno. 

No Verão, temos o prazer de conhecer esta serra de forma diferente e não menos bela do que no Inverno, com as suas praias fluviais que convidam a um mergulho em dias quentes de Verão e com as suas cascatas que fazem as maravilhas de pequenos e graúdos.

Na Primavera e no Outono, também é uma boa opção, com os seus vales imponentes e montanhas rochosas onde escorrem numerosas linhas de água, com menos turismo e preços de alojamento mais acessíveis. Estas estações do ano, com temperaturas mais amenas, são a melhor altura para percorrer os trilhos desta serra, isto para quem gosta deste tipo de turismo.

Numa madrugada de Janeiro, mais propriamente às 6 horas da manhã, com o carro atestado em combustível e desta vez sem a nossa geleira elétrica, porque decidimos ir degustar das iguarias serranas na aldeia do Sabugueiro, lá fomos nós para mais uma aventura, mais um caminho arrufado, eu, como sempre a refilar pela alvorada e o Homem todo feliz, de sorriso nos lábios, ou não fosse ele fazer uma das coisas que mais gosta, fazer quilómetros, ou seja, para quem não nos conhece, percorrer estradas sinuosas, algumas de terra batida, com curvas arrufadas e andar quase 1000 km num só dia, só assim o Homem fica satisfeito.

Chegada ainda antes das 9 horas à aldeia da Barriosa, na freguesia de Vide, no concelho de Seia, banhada pelo Rio Alvoco, fomos visitar o paraíso da Barriosa, o Poço da Broca, uma pequena maravilha no sopé da serra. O desvio da ribeira do Alvoco resultou na formação de uma queda de água, considerada uma das cascatas mais imponentes desta serra. Uma volumosa queda de água escondida no meio de exuberante vegetação, deslizando sobre as rochas, com um barulho ensurdecedor da água a cair, formando uma pequena lagoa de água transparente. Se continuar a andar com a cascata sempre do lado esquerdo, vai subir uns degraus de pedra e vai encontrar outra lagoa formada pela ribeira, mesmo antes da água descer com toda a sua força no meio dos rochedos, formando a queda de água. Aqui, pode encontrar um restaurante, com o nome de um dos pássaros que habitam nesta região,  "Guarda Rios", uma pizzaria e um bar com vista para a cascata. No Verão o Poço da Broca torna-se numa magnífica praia fluvial.


Depois de contemplar esta beleza impar, fizemos uma breve paragem para tomar o pequeno almoço na aldeia da Barriosa e atestar o carro em combustível para desfrutar das aldeias de montanha circundantes da Serra da Estrela.

Com passagem por Vide, uma aldeia de xisto localizada entre a Serra do Açor e da Estrela e atravessada pela Ribeira do Alvoco, com a sua ponte medieval a unir as duas margens. Infelizmente não paramos, mas certamente voltaremos para descobrir os recantos desta aldeia de montanha.



A nossa próxima paragem foi na aldeia de Cabeça, considerada a Aldeia Natal, a única aldeia desde de 2011 onde só existem luzes LED. 

Aqui o ditado português é bem aplicado, "o Natal é quando o Homem quiser", e nesta aldeia é o que acontece. As festividades começam a ser preparadas no início de Outubro com decorações feitas de materiais recicláveis ou naturais, como é o caso das giestas ou fetos. 

Aqui, todos os habitantes se juntam para erguer uma das maiores e mais bonitas festas de Natal e como os mesmos dizem: "isto é uma festa genuína, feita por gente genuína". 






Visitar Cabeça é muito mais do que encontrar uma aldeia de Natal!

É descobrir o património cultural...

É percorrer as estreitas calçadas... 

É ficar maravilhado pela natureza da aldeia com as suas casas em xisto...

E agora mais recentemente até teve direito a um baloiço "instagramável", no largo da Igreja, que sem dúvida merece uma fotografia.




Cabeça visitada, rumamos até à vila de Loriga. Uma vila rodeada de montanhas, a 770 metros de altitude. O seu ex libris é a sua praia fluvial, que fica localizada num dos vales glaciares conhecido pela garganta de Loriga. Banhada pela Ribeira de Loriga, a sua nascente situa-se no planalto da serra. Aqui pode encontrar várias piscinas de águas límpidas e frias, com uma envolvência no meio de rochedos e montanhas, de uma beleza de cortar a respiração. Uma praia fluvial vigiada por nadadores salvadores, onde pode encontrar um bar de apoio, um parque de merendas e um parque de estacionamento.


Deixando Loriga para trás, foi altura de começar a subir, curva contra curva, em direção à Serra da Estrela, para tirar uma fotografia na nascente do Mondego, o Mondeguinho, uma pequena nascente que se localiza muito perto das Penhas Douradas e se transforma num rio de 260 km. Um local que quase passa despercebido ou o Homem não quisesse  tirar uma fotografia neste local e como tal, o GPS levou-nos lá e tivemos a oportunidade de provar uma gota de água e encher uma garrafa que nos soube pela vida com o decorrer do dia. 




Continuando pelas estradas arrufadas em direção a Manteigas, uma vila no distrito da Guarda, com paisagens deslumbrantes e recantos por descobrir, onde pode encontrar o Vale Glaciar do Rio Zêzere. Nesta vila pode encontrar vários trilhos com mais de 200km, onde pode descobrir sensações únicas e maravilhosas. 





A poucos quilómetros desta vila podemos encontrar o Poço do Inferno, o acesso é feito através de uma estreita estrada de alcatrão no meio de exuberante vegetação. Ao fim de alguns metros de estrada podemos encontrar uma belíssima queda de água que escorre musicalmente pelo fundo de um vale rochoso. No Verão, estas águas convidam certamente a um mergulho. No Inverno, tem o privilégio de ter menos turismo e de encontrar esta queda de água mais exuberante, com a força da água a cair numa pequena lagoa, translucida e gélida. 
Continuando a nossa roadtrip chegamos ao Covão d´Ametade, um dos locais mais emblemáticos da Serra da Estrela, com grande afluência turística, em qualquer altura do ano. Depois de estacionarmos o carro, numa manhã fria de Inverno fomos contemplados pela simpatia do senhor do Bar que se encontra mesmo na entrada do parque, que preza pela higienização, segurança e limpeza do parque e onde podemo-nos aquecer com um copinho de "Jeropiga do primo", caseira e muito boa.  O covão d´ametade encontra-se circunscrito pelos três cântaros mais simbólicos da serra: o cântaro raso, o cântaro gordo e o cântaro magro e é aqui onde podemos vislumbrar a nascente do Rio Zêzere. 




Com a hora de almoço a aproximar-se, fizemo-nos à estrada com destino ao Sabugueiro, mas fomos surpreendidos por trânsito ao chegar à Torre. Se pensa que só existe trânsito nas grandes cidades, desengane-se porque em plena serra fomos confrontados com minutos e minutos de fila. Ao chegar ao Sabugueiro fomos degustar de uma excelente refeição, bife de vaca coberto de queijo da serra entre outra iguarias, nomeadamente o conceituado, cabrito à casa, no Restaurante Martins.

Depois de saciados com uma bela refeição, continuamos o nosso caminho arrufado em direção à Lagoa Comprida, que é o resultado de uma barragem edificada no séc XX, com águas transparentes e cristalinas, a 1700 metros de altitude, que constitui o principal reservatório de água da Serra da Estrela.



Deixando esta beleza para trás, fomos em direção à Torre, com o acesso ainda congestionado. a 1993 metros de altitude, tornando-se na segunda serra mais alta de Portugal. Aqui pode encontrar um centro comercial, um restaurante e um café. Foi difícil estacionar o carro e ainda mais difícil entrar no centro comercial para beber um café, o que nos fez desistir e aproveitar as maravilhas que a serra tem para nos oferecer nesta altura do ano e tirar uma fotografia no meio da neve, para o nosso álbum das memórias.



Com o dia a chegar ao fim fomos contemplar a paisagem sobre a Covilhã no Miradouro da Varanda dos Carqueijais, um miradouro recente,  que existe entre a cidade da Covilhã e das Penhas da Saúde, quase em frente ao Hotel dos Carqueijais. Aqui pode apreciar a beleza da superfície plana da Cova da Beira. Este miradouro permite a comunhão entre a paisagem da Covilhã e as nuvens. 


Com o dia a chegar ao fim está na hora de voltar para Lisboa, para casa e mais uma vez com o coração carregado de memórias, de paisagens arrebatadoras,  inesquecíveis e mais uma história para contar.
Seguindo pela A23 e depois pela A1 em direção a casa.


Quero viajar entre as nuvens
Alcançar as estrelas
Mesmo estando com os pés no chão
Quero viver intensamente
Viver tudo de bom que há para viver...

Julliane Lourenço S
 






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