GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO CULTURAL PELAS METRÓPOLES DA HOLANDA
(Roteiro de 4 Dias)
Holanda, localizada na Europa Central, fazendo fronteira a sul com a Bélgica e a leste com a Alemanha, banhada pelo Mar do Norte, com mais de 4400 km de rios, canais e lagos navegáveis. Este pais pode ser denominado por Países Baixos, juntamente com a Bélgica e o Luxemburgo (Benelux). Tem esta designação pela sua localização, abaixo do nível médio das águas do mar. Cerca de metade do país se localiza a menos de 1 metro acima do nível médio das águas do mar. O ponto mais alto encontra-se a 321 metros e fica em Vaalserberg.
Amesterdão é a capital da Holanda, localizada a oeste, na confluência do rio Amstel e é a maior cidade deste país.
Roterdão é a segunda maior cidade, uma cidade moderna que foi quase toda reconstruída após a Segunda Guerra Mundial, com a exceção de um bairro que se mantém até hoje.
Haia ou Den Haag a terceira maior cidade, sendo a sede oficial do governo e da monarquia. Aqui pode encontrar o Supremo Tribunal e o Parlamento.
Quando visitar a Holanda?
Qualquer altura é boa para visitar este bonito país, mas na nossa opinião deve ser na Primavera, para ter a oportunidade de ver os campos repletos de tulipas e poder visitar o Jardim das Tulipas, em Keunkenhof. muito perto de Amesterdão.
O parque só se encontra aberto entre março e maio e dizem ser verdadeiramente mágico passear nos seus jardins. Nós fomos em Outubro e até tivemos alguma sorte com a meteorologia, com temperaturas acima da média para esta altura do ano e só um dia de chuva.
A meteorologia na Holanda é muito instável e chove grande parte do ano. Os invernos são longos, muito frios, muito ventosos, chuvosos e com neve em alguns pontos do país. Os verões são mais agradáveis, com temperaturas mais amenas e com horas de dia mais prolongadas, que permite conhecer e passear até mais tarde.
Viajar neste país de carro é verdadeiramente mágico e relaxante, com a visão de campos e campos verdes com vacas a pastar. Aqui podemos mesmo dizer que existem animais felizes, não falta água e os campos são lindos, só faltou ver os campos floridos com as suas tulipas, as flores características da Holanda.
Uma particularidade engraçada que encontramos neste país, principalmente em grandes cidades, foram os semáforos que são todos numerados, tornando muito mais fácil perceber qual o semáforo avariado e que tem de ser reparado. Portugal devia adoptar este sistema. Outra curiosidade e relacionada com os semáforos, foi que funcionam com sensor e não percebemos isso à primeira, o que nos levou a ficar quase 10 minutos à espera que o semáforo abrisse. Vou explicar como se faz: um veiculo aproxima-se perto do semáforo e se não existir ninguém no cruzamento ele fica verde, evitando ficar parado, de uma forma desnecessária.
Como viajar na Holanda:
A rede de transportes neste país é excelente, de fácil acesso e com horários muito flexíveis e tem a enorme vantagem que um bilhete com duração de 1 hora pode ser utilizado no tram, no metro ou no autocarro.
O principal transporte na Holanda são as bicicletas, este país é sem dúvida o mundo das bikes, sendo a forma mais rápida, fácil e barata de se deslocar dentro das cidades. Aqui encontramos a andar de bicicleta, jovens, pessoas de idade, aquela senhora que transporta as compras do supermercado, o executivo de fato e gravata com a sua pasta em pele, a senhora que vai para o trabalho de vestido e sapato de salto alto, o pai que foi buscar o filho na escola, até cães andam nas bicicletas. É verdadeiramente apaixonante observar este povo e entrar no espirito e fazer como eles, alugar uma bike. Existem milhares de ciclovias e todas muito bem sinalizadas. Os preços são: 3 horas aproximadamente 12 € e 24 horas varia entre os 15 e os 18€ dependendo da empresa de renting.
A única diferença, é que em algumas linhas, circulam mais do que um metro com destinos diferentes. Não é difícil, só é preciso estar atento ao número do metro que pretende. Estão identificados com M50 ou M51 e por aí fora e com o nome do destino final.
Um bilhete custa 3,40€ e dá para 1 hora para qualquer um destes transportes. Atenção que não dá para o comboio que vem do aeroporto, esse custa 5.90€ e demora cerca de 20 minutos a chegar a Amesterdão.
Pode também optar por um bilhete de 1 dia por 9€, 2 dias por 15€ ou 3 dias por 21€. Tem sempre de adquirir os bilhetes nas máquinas e validados na entrada do transporte, porque dentro dos transportes não aceitam dinheiro vivo. Se optar por comprar com cartão de débito ou crédito, verifique se funciona no estrangeiro. Eu tive alguns problemas com o meu cartão de débito. Em alguns transportes, como é o caso do tram, também é preciso validar o bilhete na saída.
Se pretende deslocar-se para outras cidades, como foi o nosso caso, nós escolhemos alugar um carro num rent a car no Aeroporto de Schiphol em Amesterdão, mas caso não o pretenda fazer, pode deslocar-se de comboio até Central Station em Amesterdão e comprar um bilhete de comboio para outras cidades, é rápido, cómodo e com fácil acesso às estações centrais das grandes cidades, como Haia, ou Roterdão, ou Maastricht, entre outras.
A grande vantagem de não alugar um carro, é evitar pagar estacionamento nessas cidades. É verdadeiramente proibitivo. Em Haia pagamos 6,5€ por 1 hora de estacionamento. Esta é uma das razões pelas quais os holandeses preferem andar de bicicleta dentro das cidades. O estacionamento é muito caro e o trânsito caótico. O Homem costuma dizer que as cidades são para as pessoas e neste país isso aplica-se muito bem.
A forma mais barata e fácil de viajar em Amesterdão é através do cartão I amsterdam city card, com entradas grátis em mais de 50 museus, cruzeiros grátis com duração de 1 hora, transportes públicos gratuitos com viagens ilimitadas por 24, 48, 72, 96 ou 120 horas. Tudo depende do que pagar.
Gastronomia na Holanda:
A culinária holandesa recebe influencias dos países vizinhos, principalmente da Alemanha com as batatas e a carne, fruto da época da Invasão da Holanda e da França, entre 1940 e 1944, em que o regime do Hitler, impôs os costumes e tradições arianas. Os temperos têm inspiração na Indonésia, que foi colônia da Holanda por muito tempo.
Em todas as cidades que visitamos, encontramos muitos restaurantes de fast food, das conhecidas cadeias, McDonald´s, Burger King e KFC, dá para desenrascar porque estão abertos até tarde. Este país é conhecido pelas suas cervejas e pelos seus conceituados queijos, gouda, edam ou old amsterdam.
Das sobremesas destacamos as suas conhecidas e apetitosas bolachas, as Stroopwafel, que consiste num waffel fino, redondo e recheado de caramelo. São os biscoitos mais antigos da Holanda e em alguns locais ainda é fabricado de forma artesanal. Esta receita surgiu em Gouda e era consumida pelas classes mais baixas, por ser barato de confecionar. Atualmente encontra-se em quase toda a Holanda.
Outra sobremesa famosa é a Appletaart, uma torta de maçã, esta nós não provámos. E não podemos esquecer, as Proffertjes, que dizem ser a sobremesa das crianças e se assim é, quero ser criança todos os dias. São pequeninas panquecas assadas na altura e servidas com uma camada de açúcar em pó e manteiga. São ótimas para comer ao pequeno almoço, acabadinhas de fazer e eu deliciei-me todos os dias que estive na Holanda.
Provámos sim, o haring, um peixe de arenque, cru, marinado com sal, picles e cebola picada e envinagrado. Eu não gostei nada, mas é típico comer este peixe de entrada e o Homem adorou. Existe um ritual especifico, pegar o peixe pelo rabo e colocar inteiro na boca, nós não o fizemos. Esta iguaria é comercializada em vários lugares da Holanda, principalmente em Volendam, uma cidade portuária onde o haring é vendido facilmente em barraquinhas perto do porto piscatório.
Outra entrada ou petisco que pode ser acompanhado com cerveja, são as Bitterballen, umas bolinhas de carne fritas, tipo croquetes e acompanhadas de um molho de mostarda.
Agora passando aos pratos principais, nós experimentamos alguns, como é o caso do Stamppot, que consiste num puré de batata, com legumes e servido com uma salsicha fumada, ou uma bola de carne, tipo a nossa almondega.
O puré é confecionado com batatas e com cenoura, ou espinafres ou chucrute.
Na nossa opinião o melhor é com cenoura, mas deve experimentar todos e o Homem num restaurante holandês pediu a combinação dos três purés.
Alojamento na Holanda:
O ordenado mínimo nacional depende da idade e para pessoas com mais de 21 anos o valor é de aproximadamente 1995€ e o alojamento nas grandes cidades é muito caro. Em relação ao turista, os preços dos hoteis são similares a outros da Europa, mas atenção que podem variar bastante ao fim de semana. Nós aconselhamos a não ficar exatamente no centro das grandes cidades porque é bastante mais caro e escolher hoteis na periferia mas junto de transportes públicos.
Atenção que se alugar um carro, o estacionamento dos parques na maioria dos hoteis são pagos e não são baratos. Perto de Roterdão não pagamos estacionamento, mas em Amesterdão pagamos 25€ de estacionamento para uma noite e são estes valores na maioria dos hoteis. Os parque públicos são ainda mais caros.
Escolhemos um hotel perto de Roterdão para a nossa primeira noite e outro em Amesterdão para as outras 2 noites.
Na nossa primeira noite pretendíamos ficar num hotel entre Roterdão e Kimderdijk, de forma a ficarmos mais perto desta pequena cidade, porque pretendiamos visitar o Parque dos Moinhos, mas eu fiz tudo mal e baralhei-me no google maps e ficamos acima de Roterdão, claro está, que me serviu para ouvir "os sinos de Mafra", isto é, o Homem nem queria acreditar quando se apercebeu e ficou mesmo aborrecido com o meu disparate. Perdemos mais 30 minutos!
O hotel escolhido foi o NH Capelle Roterdão, um simpático espaço de 4 estrelas, com um buffet de pequeno almoço muito bom, um quarto muito confortável e com umas rececionistas muito afáveis em que uma delas, era cabo-verdiana e falava português. Tem a grande vantagem do parque de estacionamento ser gratuíto.
As outras duas noites ficamos no Hotel Postillion em Amesterdão, um hotel de 4 estrelas, localizado muito perto do Centro de Congressos, numa antiga fábrica de chicletes e longe do movimentado centro de Amesterdão, mas bastante perto de metro ou autocarro. A estação de metro de overamstel fica a 300 metros do hotel e de fácil acesso ao centro da cidade e a todas as atrações turísticas e existe uma excelente ciclovia ao lado do hotel. O hotel tem aluguer de bicicletas e um parque de estacionamento que custa 25€ por noite. A vantagem de escolher um alojamento mais distante do centro, é o sossego e a tranquilidade, embora não exista nas imediações grande oferta de restauração.
1º Dia - Aeroporto de Lisboa, Aeroporto de Schiphol, Haia, Delft, Roterdão
Depois de 3 horas de voo num avião da TAP, chegamos às 13:00 horas ao Aeroporto de Amesterdão, que se localiza a aproximadamente 12 km do centro da cidade, mas com fácil acesso ao centro através de comboio ou autocarro.
Deslocamo-nos ao rent-a-car da Avis para ir levantar a nossa viatura que tínhamos alugado por 2 dias através da internet. O carro que nos foi atribuído foi um peugeot 208 amarelo, verdade seja dita, é que encontrávamos sempre o carro à distância.
Deixamos o aeroporto perto das 14 horas para o início da nossa aventura. O Homem já bastante stressado com as poucas horas de dia que nos restava e com tanto que ele queria visitar.
Seguimos pela estrada nacional, sempre com o google maps que nos deu uma enorme ajuda, em direção à costa, com paragem num McDonald´s, para um almoço rápido. Os hamburgers eram deliciosos e francamente mais caros, mas melhores do que em Portugal.
Optamos por ir pela costa oeste, com esperança de encontrar alguns campos floridos, mas não tivemos muita sorte porque fomos no início do Outono. Perto do Parque de Keunkenhof, conseguimos observar algumas flores, não sendo tulipas, mas igualmente bonitas e coloridas. Continuando a descer para sul e pela costa, paramos o carro junto das praias que se localizam a cerca de 8 km do centro de Haia.
Praias com extensos areais de aproximadamente 11 km e de fácil acesso, com muita oferta de restauração no areal e onde pode desfrutar de uma bela vista sobre o mar, sem ondulação visível e sentir a brisa do vento. Aqui pode estacionar o carro, pago, sempre pago e encontrar alguma paz e sossego, fugindo da confusão e rebuliço das grandes cidades. Pode também fazer uma boa caminhada junto das dunas ou andar de bicicleta nas excelentes ciclovias. É nesta zona que encontra a famosa e conhecida roda gigante, a Pier, que funciona mesmo no inverno, por ser fechada.
A nossa paragem seguinte, foi em Haia ou Den Haag. Deixamos o carro num parque de estacionamento subterrâneo e pagamos 6.5€ por 1 hora. Esta cidade localiza-se a sul da Holanda, na costa oeste e é a terceira maior cidade da Holanda. Apesar da capital ser em Amesterdão, é aqui que encontramos o centro político, entre eles, os principais orgãos do governo e sedes administrativas, incluindo a residência da monarquia.
Os edifícios mais importantes localizam-se muito perto do centro e podem ser alcançados a uma curta caminhada ou de bicicleta.
O edifício mais popular de Haia é o Binnenhof (tribunal interno), um conjunto de prédios com 2 portões de entrada, conhecidos pelas portas da democracia, que dá acesso a um pátio interior, onde ocorreram alguns eventos importantes da história da Holanda.
Atualmente é aqui que se encontra o Parlamento, o escritório do Primeiro Ministro e a Casa dos Representantes.
Junto deste espaço, encontra o Museu de Mauritshuis, o valor do bilhete é de aproximadamente 18€ e nós não visitamos.
No coração da cidade pode contemplar o Palácio Noordeinde, rodeado por ruas históricas, repletas de cafés e grandes lojas de estilistas conceituados e de renome das lojas das capitais Europeias.
Atualmente é o local de trabalho do Rei Williem-Alexander e por esse motivo não é possível ser visitado. No passado foi utilizado como residência real.
Continuando a nossa aventura, fizemos uma paragem em Delft, uma cidade a 9 km de Haia e a 18 km de Roterdão, uma cidade medieval, pequena, com casas de tijolo escuro e vários canais, conhecida pelas famosas porcelanas azuis e brancas e onde pode encontrar um bonito coração azul no centro da cidade, simbolizando a arte da porcelana azul.
Aqui, existem várias fábricas de cerâmica.
Terra natal do pintor Johannes Vermeer que retrata várias cenas de rua inspiradas no quotidiano local. Portugal possui cerca de 7000 azulejos de Delft, na Casa do Paço, na Figueira da Foz.
A praça central da cidade é apaixonante, de um lado encontra a Igreja Nova e do lado oposto a Igreja Velha.
Dizem ser ambas magníficas, mas nós chegamos tarde e já estavam encerradas. No centro existem vários cafés com esplanada. É um local muito agradável para se sentar, descansar, observar a população e beber uma cerveja.
Foi neste contexto que o Homem levantou o drone e tirou uma belíssima fotografia.
Uma curiosidade que encontramos a sul de Amesterdão, mas na capital da Holanda não, foram urinóis públicos e ao ar livre, espalhados na cidade.
É um pouco constrangedor e estranho, mas o que é certo é que são utilizados pela população comum. Pelos turistas, confesso que tenho alguma dúvida.
Roterdão, foi a última cidade que visitamos no nosso primeiro dia na Holanda, sendo a segunda e mais importante cidade dos Países Baixos.
Uma cidade conhecida pelo seu Porto de Delft, considerado o porto mais movimento de carga do Mundo, com uma vasta história marítima, com os seus barcos vintage e várias exposições no Museu Marítimo e que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Roterdão foi praticamente toda destruída no bombardeamento da Segunda Guerra em 1940, que chantageou a rendição dos Países Baixos, com exceção de um bairro, Delfshaven, que permaneceu intacto.
Enquanto o resto da cidade foi reconstruída com edifícios com arquitetura moderna, em Delfshaven encontramos edifícios históricos e cheios de personalidade junto ao rio Nieuwe Maas, onde existe a Igreja dos Ancestrais Peregrinos e alguns cafés tradicionais, onde se pode beber uma cerveja, mesmo junto ao rio.
Aqui existe uma cervejaria tradicional, onde pode provar as cervejas artesanais. O Homem levantou o drone e foi surpreendido por um senhor português, que se aproximou com alguma curiosidade fazendo algumas perguntas e que nos contou que vive na Holanda à muitos anos e nos explicou um pouco da história desta zona e o que devíamos visitar.
As casas que se encontram junto dos canais, são agora galerias de arte, lojas de antiguidades, restaurantes, cervejarias, bares. Neste bairro sente-se a história pré guerra e foi aqui que os Padres Peregrinos partiram em 1620 para a América, em busca de uma vida melhor. Aqui perto, também pode encontrar um moinho de vento utilizado para moer malte e farinha, o Korenmolen, mas nós não visitamos.
A cidade de Roterdão não tem propriamente um centro histórico, as atracões encontram-se espalhadas pela cidade e a melhor forma de as visualizar é de bicicleta. Se for de carro, faça como nós e deixe num estacionamento o mais perto do que pretende visitar, mas não se esqueça que o estacionamento na Holanda é pago e nada barato.
Esta cidade é um misto de estilos arquitetónicos, contrastando construções históricas seculares, com uma arquitetura moderna e futurista, como é o caso das Casas Cubo (Kubuswoningen), inauguradas em 1984, um conjunto de moradias e espaços comerciais, a Ponte Erasmus (Erasmusbrug), uma ponte sobre o Rio Maas, com 802 metros que liga a parte norte com a parte sul da cidade, ou o Mercado Público (Markthal).
Markthal, localiza-se na Praça Binnenrotte, junto da estação de metro Blaak, muito próximo das Casas Cubo, um edifício icónico, com uma arquitetura contemporânea. Foi inaugurado em 2014 e é mais do que um mercado tradicional, é uma atração por si só e para mim, foi sem dúvida o mais impressionante e imponente edifício que eu já vi. É por si só grandioso!
O mercado é uma grande rua coberta configurada por meio de um imponente teto envidraçado, com 4500 painéis pendurados na estrutura superior, com temáticas relacionadas com a gastronomia da região e com uma perspectiva 3D.
Este mercado não é só um mercado, encontra-se inserido num grande edifício em estilo de ferradura, cinzento, onde existem 228 habitações, umas para alugar e outras para vender, 100 lojas compondo um mercado de produtos gastronómicos, mimetizando a antiga Feira de Rua, onde existia o mercado tradicional de rua.
Neste espaço também existe um
supermercado no subsolo e um parque de estacionamento com 1.200 lugares, mas a pagar e não é barato.
Aqui, para além de encontrar um mercado tradicional, encontramos bancas com vários tipos de gastronomia proveniente de várias regiões, uma mistura de cheiros de flores misturadas com especiarias e uma escada rolante com uma inscrição na lateral que conta a história deste edifício.
Um bom local para fazer uma refeição e bem mais barato do que no resto da cidade.
Infelizmente chegamos quase à hora de encerramento, 20 horas e não tivemos muito tempo para explorar esta pequena, grande maravilha, que se encontra aberto todos os dias das 10h às 20h, com exceção do domingo que encerra às 18h. No exterior do edifício, existem várias esplanadas e foi num desses espaços que nos sentamos e desfrutamos de uma cerveja holandesa para o Homem e para mim um copo de vinho branco.
Em Roterdão também existem vários museus, no Museumpark, com 5 museus e um espaço verde, mas nós não visitamos porque já era de noite. Continuamos a nossa caminhada e fizemos uma breve paragem na Prefeitura, onde o Homem tentou tirar uma fotografia com o drone, mas foi avisado pela polícia que não era permitido. Stadhuis Rotterdam, a prefeitura da cidade, construída entre 1914 e 1920, um edifício com uma arquitetura moderna, imponente, que sobreviveu aos ataques que destruiram a cidade.
Com as horas a passar, estava na altura de encontrarmos um hotel para a nossa primeira noite. Procuramos no booking e reservamos, mas como expliquei no início desta nossa caminhada, vi mal as direções e em vez de encontrar um hotel mais perto do primeiro destino do dia seguinte, andamos para trás e ficamos mais longe. Serviu-me para ouvir o Homem o resto da noite. Ficamos no NH Capelle Roterdão. Como já era tarde e a maioria das cozinhas dos restaurantes já estavam encerradas, tivemos que recorrer ao fast food e levamos para o quarto do hotel frango frito do KFC, com uma garrafinha de vinho comprada numa loja de conveniência. Não foi maravilhoso, mas estávamos cansados e com algum apetite.
2º Dia - Kinderdijk, Goda, Volendam, Edam, Zaanse Schans, Amesterdão
Domingo, 1 de Outubro, o aniversário do Homem e depois de uma excelente noite, e de um ótimo pequeno almoço com tudo o que tínhamos direito, desde ovos mexidos, croissants, proffertiers, um estilo de panqueca servida com açúcar em pó, sumos naturais, tudo muito fresco e muito saboroso, seguimos o nosso caminho até Kinderdijk.
Kinderdijk é o parque de moinhos mais antigo da Holanda, localizado na cidade de Molenwaard, a cerca de 25 km de Roterdão, onde existem cerca de 19 moinhos de vento, construídos em 1740 e que desde 1997 são Património Mundial da UNESCO.
Esta região sofre desde à muitos anos com inundações dos rios e a construção destes moinhos fazem parte de um sistema de controle fluvial. Os moinhos encontram-se em duas fileiras, de frente uns para os outros, com um canal a passar no centro, o que permite bombear a água do rio principal para canais mais pequenos, quando o nível da água está muito alta, prevenindo assim as inundações. Atualmente, essa drenagem continua a ser feita mas por tecnologia moderna. No centro de visitantes existente no inicio do parque, pode encontrar a explicação histórica deste local e perceber a forma como funcionam estes moinhos. Alguns deles ainda hoje se encontram em funcionamento, sendo que alguns servem de habitação permanente para os locais.
O parque não é muito grande, são cerca de 2 km para conseguir observar os 19 moinhos e a sua visita pode ser feita numa visita organizada, com entrada no centro de visitantes e um pequeno passeio de barco no canal e com um valor de 16€ por pessoa. Nós não optámos por esta visita, deixamos o carro no inicio da vila, onde existe um parque de estacionamento gratuito e fomos a pé até muito perto da entrada do parque. Deixo aqui o link da localização do parque de estacionamento.
Aqui existe um estabelecimento comercial, com aluguer de bicicletas e o Homem já tinha essa carta na manga. Visitar os moinhos mais antigos da Holanda de bicicleta.
O valor do aluguer é de 4€ por 1 hora e foi assim que fizemos a nossa visita ao parque, sempre por ciclovia mesmo junto do canal.
A visita ao parque é gratuita, apenas a visita ao museu ou o passeio de barco pelo canal são pagos. Atenção ao horário do parque, no verão das 9h às 17h30 e no inverno das 11h às 16h. Pode sempre consultar o site oficial com todas as informações necessárias, kinderdijk.com
É mágico passear nesta região, que se encontra isolada da confusão das grandes cidades e ter oportunidade de contemplar alguns moinhos ainda em funcionamento. Alguns deles ainda são habitações de alguém e aqui só se pode circular a pé ou de bicicleta. Apenas dois dos moinhos são visitáveis e foram transformados em museus. São facilmente alcançados através de pontes. É muito bonito observar o reflexo dos moinhos no rio. Nós adoramos visitar esta zona da Holanda e talvez possa dizer que foi dos melhores momentos que já vivemos juntos.
De regresso à nossa viatura, seguimos caminho para Gouda, sim o nome do queijo.
A Holanda é uma das maiores exportadoras de queijo e por essa razão é uma das comidas típicas dos Países Baixos. Os mais famosos queijos são o Edam, o Leyden , o Old Amesterdam e o Gouda, considerado um dos melhores queijos do mundo. Estas pequenas iguarias podem ser degustadas em mercados de rua, ou serem compradas diretamente aos produtores, como acontece em Amesterdão no Albert Cuyp Market, ou em Gouda, no conhecido mercado de rua de queijos.
Gouda, uma cidade a cerca de 20 km de Roterdão e conhecida pelo seu queijo amarelo feito de leite de vaca, desde o séc XVII. Esta cidade também é conhecida por ter sido pioneira nas famosas bolachas holandesas, as stroopwafel.
No seu centro histórico existem várias lojas de venda de queijos feitos de forma artesanal e onde entramos e degustamos de algumas variedades do queijo gouda, que em holandês de diz "rráuda", se não ninguém nos percebe. Todas as quintas feiras entre as 10h e as 13h de abril a agosto existe um mercado de rua com venda de queijos artesanais.
Dizem ser um regresso ao passado. Infelizmente fomos em outubro e não presenciamos este costume.
Na praça antiga da cidade existe um prédio antigo, de estilo gótico, construído em 1450, onde se insere a prefeitura da cidade. Dizem que é o prédio mais alto desta cidade e nenhum outro pode ser tão alto como este edifício.
Nesta praça também existe a De Waag, a casa onde os queijos eram pesados e que atualmente é um museu que conta a história do queijo e onde existe uma loja de souvenier.
Volendam localizada a 20 km a nordeste da cidade de Amesterdão. Uma vila piscatória, pequena, mas cheia de encantos, com casinhas coloridas, com tetos em V, com janelas grandes e muito floridas, onde tivemos o prazer de apreciar os seus habitantes, que aproveitam os poucos raios de sol para se sentar nas portadas das casas a conviver, ou a ler um livro e sem se preocuparem se passa alguém na ciclovia ou no passeio e o observe a si ou ao interior da sua casa.
Em junho, durante um fim de semana, existe uma festa tradicional, com artesanato típico e onde as ruas se enchem com pessoas vestidas com as roupas típicas da terra, a Volendammer Weekend. No primeiro fim de semana de setembro acontece outra festa semelhante.
É muito mais do que isso, é por si só, um evento, que se deve assistir do principio até ao fim.
Para além do comercio de queijo, existe degustação, artesanato, gastronomia, várias atrações que incluem muita música e dança.
O evento é na rua e gratuito, todas as quartas-feiras, mas infelizmente, apenas nos meses de julho e agosto.
Continuamos o nosso caminho em direção a Amesterdão, com uma breve paragem em Zaanse Shans, uma aldeia histórica, ou melhor, um museu a céu aberto, caracterizado pela presença de moinhos de vento nas margens do rio Zaan. Conta a história, que em 1850, a região do Zaan foi uma das primeiras áreas industriais do mundo, com a construção de centenas de moinhos de vento que produziam tinta, óleo de linhaça, papel e também processavam madeira. Os Holandeses aproveitaram a força dos ventos desta região, para moer as especiarias que eram trazidas das colónias.
Atualmente, visitar esta aldeia não é gratuito, pode fazer um tour através do getyourguide, conhecendo a história destes moinhos, observando na Casa do Tecelão a fabricação de velas e tecidos do moinho. O parque está aberto diariamente e os museus das 9h às 17h. O preço é variável dependendo do que escolher. Nós não fizemos nenhum tour e vou explicar a razão. Primeiro o parque de estacionamento é caríssimo, depois é uma zona muito turística e estavam um número infinito de pessoas e depois porque tínhamos ido visitar o Parque de Moinhos de Kinderdijk, sem sombra de dúvida bem mais bonito, sossegado e que também tem muita história para contar. Claro que para quem só fica em Amesterdão, estes são bem mais perto, a cerca de 22 km e a melhor forma de lá chegar é de comboio, um passeio de aproximadamente 20 minutos por 3€. O carro é a pior opção porque é muito dificil estacionar e muito caro. Conseguimos estacionar a nossa viatura e deslocamo-nos até à ponte, onde tiramos uma fotografia. Nesta zona, existem muitas lojas de artesanato e muita restauração.
Uma vez em Amesterdão e como ainda era cedo para ir para o hotel, fomos conhecer o espaço do conceituado mercado de rua desta cidade, o Albert Cuyp Markt, aberto todos os dias das 9h às 17h, mas encerrado ao domingo.
Era domingo e conseguimos estacionar o carro muito próximo da rua onde se realiza o mercado. Caminhamos cerca de 200 metros e não encontramos o mercado, apenas vislumbramos a rua onde se localiza. Depois de termos pesquisado na internet, percebemos que se encontra encerrado ao domingo. Voltamos no dia seguinte.
Uma vez no hotel que tínhamos marcado pela internet, o Postillion Hotel, eu tinha uma surpresa para o Homem por ser o dia do seu aniversário e quando ele entrou no quarto, estavam espalhadas pétalas de rosa e balões em cima da cama.
Foi nos aconselhado pelo rececionista a deixar o carro no parque de estacionamento do hotel, por 25€ por noite e irmos para o centro da cidade de metro. A estação de metro mais próxima é overamstel e fica a 300 metros do hotel . Para além do metro, também nos deslocamos de tram até muito próximo da zona onde se encontrava o restaurante que pretendíamos conhecer, um restaurante com culinária holandesa. Não fomos ao pretendido porque se encontrava cheio e com fila para jantar. Escolhemos o que se encontrava em frente que também era holandês.
Aqui, optamos por um Stamppot, um dos pratos regionais deste país e que se baseia num puré de batata com uma salsicha tipo Frankfurt, de entrada escolhemos o haring, o conhecido arenque, acompanhado de cerveja e vinho. Os preços não são muito diferentes do nosso país.
Deixando o restaurante, seguimos caminho pelas várias ruelas de Amesterdão, com os seus vários canais, passando por várias coffee shops, onde se pode fumar marijuana de forma lícita. Atenção que só é permitido fumar dentro dos estabelecimentos, ao contrário do que muita gente pensa, a droga é proibida na Holanda.
Chegamos à Red Light Distrit, que é muito mais do que uma rua. É um bairro polémico no centro histórico da cidade, que existe desde o séc XIV, onde existiam várias fábricas de cerveja e destilarias, que serviam os marinheiros. No séc XVII este bairro foi controlado por proxenetas e prostitutas e ficou famoso até hoje.
Aqui encontramos várias ruelas e becos, onde várias mulheres de lingerie se mostram atrás das janelas das casas, iluminadas com luz vermelha. Não é permitido fotografar, nem filmar as prostitutas e se o fizer pode pagar uma multa pesada ou até mesmo ser espancado. Pode-se tirar fotografias ao longe, mas nunca diretamente às meninas ou aos travestis.
Neste local também pode encontrar o museu erótico, Erotic Museum e o museu do sexo, o Venustemple Sex Museum, que faz a delícia de quem procura sexo ao vivo. Existem também várias coffee shops e sex shops, onde pode comprar ou apenas visualizar vários artigos para prazer sexual. Circular nesta zona da cidade, é um verdadeiro paraíso para quem procura sexo. As ruelas estavam cheias de pessoas a deambular, umas à procura de sexo, outras, como nós, apenas a observar o espetaculo à nossa volta.
Com as horas a passar e algum cansaço acumulado, estava na altura de regressarmos de metro ao hotel.
3º Dia - Amesterdão - Albert Cuyp Markt, Heineken Experience, Mercado das Flores, Begjnhof, Praça Dam, Central Station, Museumplein,Casa de Anne Frank
Acordamos cedo e depois de tomarmos um excelente pequeno almoço, fomos devolver o carro no rent-a-car da Avis perto da Central Station.
De seguida fizemos uma breve caminhada até ao mercado que não tínhamos conseguido ver no dia anterior, o Albert Cuyp Markt. Um mercado de rua, que se localiza no bairro De Pijp, considerado um dos maiores e mais famosos da cidade de Amesterdão. Nesta rua é muito comum um adorno característico dos prédios de Amesterdão, um gancho no topo dos prédios, que permite o transporte de carga, nomeadamente, móveis, material de construção, tudo o que seja necessário içar e que seja de grande porte. Os prédios normalmente possuem escadas muito estreitas e por essa razão são difíceis de transportar artigos de grande dimensão.
Aqui, são vendidos os artigos tradicionais das feiras, como roupas, calçado, legumes, frutas, pastelaria, com uma banca com as conhecidas bolachas stroopwafel e até encontramos uma banca de peixe com uma enorme variedade de peixe e marisco e uma banca de carne, tudo com muito bom aspeto. Para além dos artigos que se costumam vender neste tipo de feiras, também existem bancas de souveniers, uma secção de comidas tipo take-away, petiscos tradicionais, queijos e bebidas e até encontramos uma banca com um português a vender os nossos conhecidos e deliciosos pasteis de nata e que nos contou que é uma das sobremesas preferidas do holandês.
Deixando esta zona para trás e seguindo o nosso caminho, passamos pelo edificio da Heineken Experience, nós não fomos porque se paga, mas para quem tem interesse, pode conhecer este museu que conta a história da produção da cerveja.
Em 1991, esta cervejaria abriu as suas portas ao público para visitas guiadas e em 2001, este centro turístico mudou o nome para Heineken Experience.
Mercado das Flores, Bloemenmarkt, localiza-se junto do canal Singel e é um mercado a céu aberto, flutuante, mas apenas o que flutua são as casas de barco que suportam as lojas das flores. Existe à mais de 50 anos, sempre no mesmo local e não é um espaço muito grande, com apenas cerca de 15 bancas de flores de diferentes tipos e cores. Também encontra vários bolbos para comprar. Este não é um mercado só para o turista, os holandeses são conhecidos por serem uns apaixonados por flores frescas, principalmente as tulipas e deslocam-se aos mercados para poderem adquirir estes produtos.
Encontra-se aberto todo o ano, das 9h00 às 17h30 e ao domingo das 11h30 às 17h30 e por isso aqui pode encontrar flores diferentes dependendo da estação do ano. Os preços são acessíveis por ser um mercado local, que serve para atender os moradores da cidade.
Continuando a nossa caminhada por ruelas floridas, atravessadas por vários canais, chegamos ao bairro Begjnhof, ou Jardim das Beguinas, onde reina a paz e tranquilidade. Um conjunto de casas fundadas em 1346, que servia de residência para as beguinas, uma irmandade feminina católica, que se dedicavam à caridade com pobres e doentes. Neste bairro, existe a casa mais antiga de Amesterdão, a casa nº 34, com fachada de madeira, do início do séc XVI. As casas de madeira foram proibidas, pela sua facilidade em se incendiar e esta casa, foi das únicas que restou.
Existe uma parte do bairro que é apenas para residentes. Atualmente já não existem beguinas a residir neste bairro, a última faleceu em 1971.
Aqui, também existe um bonito jardim, a Engelse Kerk, uma bonita igreja do séc XV, que se encontrava fechada e uma capela, que nasceu em 1665, da união de duas casas (a 29 e a 30), considerada a primeira capela clandestina desta cidade, a Capela de Beginhof.
O único acesso a este bairro, é seguindo pela Praça Spui, até encontrar uma porta de madeira, que parece uma porta de acesso a um edifício comum, entrar e seguir por um corredor até encontrar o bairro.
Deixando este bonito e tranquilo bairro para trás, seguimos até à Praça Dam, uma praça no centro histórico de Amesterdão, rodeada por monumentos e edifícios históricos e dos mais importantes e conhecidos da cidade. No centro da praça existe um obelisco, o Monumento Nacional, com cerca de 25 metros de altura, construído em homenagem aos holandeses mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Nesta praça, encontra o Palácio Real, construído entre 1648 e 1655, que foi utilizado como Prefeitura, mas atualmente é utilizado como sede de vários atos oficiais.
Aqui também existe uma igreja importante, a Nieuwe Kerk e o museu Madame Tussaud, um museu de cera, mas nós não visitamos.
Nesta praça, existiam muitas pessoas a deambular, outras a descansar, alguns artistas de rua e várias roulotes com gastronomia tipo fast food.
Continuamos o nosso caminho até Central Station, uma bonita estação de comboios construída no final do séc XIX, sobre uma ilha artificial, com uma fachada do estilo neorrenascentista. Em 2003 foi escavado um túnel por baixo da estação, que deu origem à linha do metro. Neste mesmo ano, foi inaugurada uma garagem subterrânea para bicicletas. Aqui, também existe no subsolo um centro comercial com várias lojas de renome e alguma restauração.
Foi aqui, que compramos umas sandes, acompanhadas de cerveja numa loja, Albert Heijn, que existe em várias zonas da cidade e onde podemos encontrar uma variedade de sandes, saladas, fruta, bebidas, café e onde podemos optar por efetuar o pagamento na caixa automática ou numa caixa atendido por uma funcionária e onde tivemos de pagar uma taxa de serviço. É costume pagar uma taxa de serviço nas lojas e supermercados, quando somos atendidos por funcionários. Aconteceu-nos o mesmo num supermercado em Zaanse Schans, que pagamos duas vezes a taxa de serviço, porque nos tínhamos esquecido do pão. Fizemos a nossa rápida refeição sentados num banco de madeira a olhar para a água e com a estação de comboios atrás de nós. Foi uma forma de descansar as pernas, relaxar um pouco a olhar para as gaivotas que ali se encontravam à espera de debicar algum bocadinho de pão e recarregar baterias.
Esta estação é a principal estação ferroviária de Amesterdão e a única no mundo que fica abaixo do nível médio da água do mar. Tem linha direta para o aeroporto, assim como para várias cidades importantes holandesas e outras capitais vizinhas, através do serviço ferroviário thalys.
Depois de descansarmos, seguimos caminho pelas ruelas de Amesterdão e passamos por um mercado de rua, que pelo adiantado da hora, já se encontrava quase sem visitantes e com os feirantes a arrumarem as bancas, o Noordermarkt, um mercado do norte, uma feira, que existe desde 1623, frequentada pelos residentes e que se realiza todas as segundas-feiras e onde pode encontrar todo o tipo de bens à venda, numa enorme variedade de pequenas lojas. O ambiente deste mercado é muito aconchegante e os vendedores são muito simpáticos. Neste mesmo espaço, todos os sábados, existe o mercado dos agricultores, onde pode comprar comida biológica de excelente qualidade. Também existem algumas lojas com comida para levar.
Continuamos caminho até junto da casa de Anne Frank e o Homem foi tentar ver se era possível irmos visitar a casa mais cedo do horário da nossa marcação, mas infelizmente não foi possível e tivemos de voltar às 19h como tínhamos marcado no site oficial da casa, pela internet.
É obrigatório agendar a visita, sendo a única forma de a visitar. As marcações podem ser efetuadas, no site oficial, e só mesmo aí, 6 semanas antes do dia pretendido.
É só escolher o dia, a hora e pagar, depois os bilhetes são enviados para o email e é só apresentar na entrada da casa.
Como ainda era cedo, decidimos continuar a deambular pelas ruelas da cidade, passamos novamente pelo bairro da Red Light Distrit, agora de dia e com muito menos confusão do que na noite anterior, mas com algumas vitrines com prostitutas nas janelas.
Passamos pela Museumplein, a praça dos museus, onde se encontram os três principais museus da cidade, o mais conhecido é o Rijksmuseum, do estilo neorrenascentista, do mesmo arquiteto da Central Station, onde pode encontrar uma coleção de arte com obras desde a Idade Média até ao séc XX.
Nós não visitamos este museu, não tínhamos comprado os bilhetes pela internet e existiam algumas filas no exterior para acesso ao museu.
Outro museu que pode encontrar nesta praça é o Museu do Van Gogh, onde encontra mais de 200 obras deste artista. Também não visitamos, embora eu já tenha visitado este bonito museu noutra viagem a Amesterdão.
E por último, o Museu Stedelijk, o museu nacional da cidade, com obras de vários artistas, como Picasso, Van Gogh, entre outros. Foi construído no final do séc XIX e esteve encerrado durante 8 anos para uma reforma, sendo reaberto em 2012 com uma construção mais moderna.
A melhor forma de comprar bilhetes para estes museus é através do site getyourgide, onde existem varias opções de compra.
Voltamos até junto da Praça Dam e sentamo-nos na esplanada de um café, onde bebemos uma cerveja para o Homem e um copo de vinho branco para mim.
Ao nosso lado estavam sentados dois brasileiros e o Homem como sempre, meteu conversa e durante mais ou menos 1 hora, mantivemos uma agradável conversa sobre viagens e gastronomia.
Enquanto as esposas dos brasileiros faziam compras de roupas, eles ocuparam o tempo a beber umas cervejas.
Estava na hora de seguirmos o nosso caminho até junto da casa de Anne Frank, em holandês, Anne Frank Huis, para fazermos a tão esperada visita. Entramos na hora marcada e tivemos acesso a um audioguia que existe em várias línguas e até tinha em português.
Um museu, uma casa, que conta a história de uma família e outras quatro pessoas judaicas, que se esconderam dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, esperando ansiosos que o fim da guerra lhes devolvesse a vida e a liberdade. Este espaço é visitado anualmente por mais de 1 milhão de pessoas.
Nesta casa, 8 pessoas, viveram durante pouco mais de 2 anos, Anne, a irmã, a mãe, o pai, um funcionário do pai, um casal amigo e o seu filho. Aqui, era o antigo armazém do pai de Anne, onde foi criado um abrigo, que se encontrava disfarçado, por trás de uma estante.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os judeus foram perseguidos, alguns mortos, outros foram colocados e abandonados em campos de concentração sem condições de higiene e o pai de Anne com a ajuda de alguns funcionários do seu armazém, construiu um abrigo para se esconder com a sua família.
Com o nosso audioguia, tivemos a oportunidade de ouvir, por uma voz feminina, como se fosse a própria Anne, contar a sua história, de como acabaram escondidos neste abrigo, de como não podiam fazer barulho, de como não podiam ver a luz do dia, nem ir à rua, de como foram descobertos, ou denunciados quase dois anos depois de estarem no abrigo, de como os homens foram separados das mulheres e foram parar a um campo de concentração, de como acabou por ficar doente com febre tifoide, assim como a sua irmã e ambas acabaram por falecer.
Infelizmente, quando foram descobertos, já a libertação da Europa estava em andamento após a grande esperança trazida pelo desembarque da Normandia. O único sobrevivente foi o seu pai, Otto Frank, que era Alemão.
A visita é espetacular e está muito bem organizada, com a história muito bem contada, passando pelo armazém, encontrando a estante que dá acesso ao anexo secreto ao cimo de umas escadas e continuando pelas pequenas divisões onde viveram as duas famílias judaicas, com janelas tapadas por traves de madeira e onde podemos observar no quarto de Anne, as paredes escritas por ela e mais à frente encontramos uma sala com os seus diários expostos.
Durante pouco mais de 2 anos, Anne, com apenas 13 anos, escreveu contos, trechos de livros e páginas soltas, que formaram um diário e que contavam o seu dia-a-dia, os seus pensamentos, sentimentos, frustrações. Depois da sua morte, foram entregues os diários a Otto Frank, que em homenagem à filha, publicou o Diário de Anne Frank, que foi traduzido em várias línguas e teve um enorme sucesso.
Esta é uma história real fascinante. Qual foi a menina que na sua infância não teve um diário? Eu tive um, onde escrevia os meus sentimentos, pensamentos, as letras de canções importantes, datas marcantes, o dia do primeiro beijo. Eu tive a sorte de ler o Diário de Anne Frank, e embora não seja apreciadora de histórias da Segunda Guerra, adorei o que esta menina escreveu. É verdadeiramente triste e comovente e por esse motivo visitar este local foi para mim, o ponto alto da nossa viagem, estar aqui, onde tudo aconteceu, com a recriação perfeita do ambiente que estas famílias viveram, foi quase como recuar no tempo e presenciar cada memória que aqui se passou.
Acabamos a visita pouco depois das 20h e de alma cheia mas de barriga vazia, voltamos à rua onde jantamos na noite anterior e fomos ao restaurante que não tínhamos conseguido ir na noite anterior. Restaurant The Pantry Amsterdam.
Fomos muito bem servidos e escolhemos uma combinação de puré de chucrute, cenoura e broculos, servido de uma almôndega para o Homem e para mim, um prato de forno com carne picada, couve flor, cebola, caril e queijo old amsterdam, com puré de batata. Tudo acompanhado das deliciosas cervejas holandesas.
Depois de saciados e cansados, com 20 quilómetros nas pernas, voltamos de metro até ao hotel para uma noite descansada.
4º Dia - Albert Cuyp Markt, Vondelpark, Central Station, Aeroporto Schiphol
O nosso último dia em Amesterdão e quando acordamos, percebemos que estava um dia cinzento e a chover, o que nos estragou os planos para esse dia. Tínhamos pensado em alugar uma bicicleta no hotel, durante 3 horas, de forma a irmos visitar o Vonderpark, o pulmão verde da cidade e dos mais procurados e famosos de Amesterdão e não só, de toda a Holanda.
Não esmorecemos pelo tempo, depois de um excelente pequeno almoço e de a rececionista do hotel nos aconselhar que não era uma excelente ideia alugar bicicleta face às condições meteorológicas, com o Homem um pouco taciturno, porque ir a Amesterdão e não andar de bicicleta, é como ir a Roma e não ver o Papa, decidimos ir de metro até ao centro da cidade.
Casacos vestidos, chapéus de chuva e lá fomos nós de metro, para irmos comprar umas pequenas lembranças de artesanato no Albert Cuyp Market.
É sem dúvida um espaço, ou melhor, uma rua ao ar livre muito interessante e hoje, percebemos que as bancas mudam de local e nem sempre se encontram no mesmo sitio. Também existiam bancas diferentes das que tínhamos visto no primeiro dia que fomos ao mercado.
Entramos em várias lojas e compramos uns ímans alusivos à Holanda, uns copos de café e uma pulseira com as pedras azuis e brancas representando a porcelana tradicional dos Países Baixos.
Apesar de estar a chover, existiam bastantes pessoas a circular, umas a pé, outras de bicicleta, transportando nos seus cestos, compras, crianças em cadeiras de bebé e até cães. Foi bastante engraçado de ver e o Homem até tirou uma fotografia com a permissão da dona do cão.Nesta rua, onde se realiza o mercado todos os dias, com exceção do domingo, existe um cartaz onde se encontra a proibição de circular de bicicleta e de veículos motorizados e se não cumprir, fica sujeito a uma multa pesada de 95€.
Deixando o mercado, continuamos caminhando pelas ruas de Amesterdão passando pela Concertgebouw, um edifício com uma arquitetura fantástica, que é uma sala de concertos e que pela sua excelente acústica, se encontra nas três melhores salas de concerto do mundo, sendo as outras em Boston e em Viena.
Seguindo o nosso caminho passando por Museumplein, a conhecida praça dos museus e que apesar da chuva, que por vezes era intensa, havia uma grande fila para entrar no Rijksmuseum. Mais uma vez, infelizmente, não fomos visitar esta grande obra neorrenascentista e continuamos até um dos maiores parques da cidade e um dos principais pontos turísticos de Amesterdão, o Vondelpark, que se localiza na zona sudeste, em frente de Leidseplein, uma praça muito chamativa e animada, com vários artistas de rua, cantores de jazz e uma grande quantidade de bares e restaurantes.
Vondelpark, cujo nome é uma homenagem ao poeta do séc XVII, Joost Van Den Vondel. Foi criado, em 1865 e recebeu o nome de Nieuwe Park, servindo apenas para passeios a cavalo, mas em 1867, após a construção da estátua do poeta holandês, mudou de nome para Vondelpark. Com uma área verde de 47 hectares, encontra-se aberto todos os dias, durante 24 horas, a entrada é gratuita e em 1996, foi declarado monumento nacional.
Dizem que por ano, mais de 10 milhões de pessoas visitam este parque, incluindo os próprios residentes, uns apenas para contemplar a natureza, outros para aproveitar os recantos existentes no parque e namorar, outros para praticar exercício, outros para descansar deitados na relva a ler um livro, outros para passear os animais de estimação, outros para brincar com as crianças ao ar livre, outros para andar de bicicleta, pois é uma forma rápida de se deslocar, atravessando o parque de uma ponta à outra.
Na área central, existe um coreto antigo, que raramente é utilizado e um grande lago, onde os habitantes da cidade costumam descansar, caminhar, ou fazer um piquenique em dias de calor. Este espaço é muito procurado e considerado o pulmão da cidade, pela natureza que o rodeia e pelo verde.
Aqui também é possível encontrar algumas atrações, como o Film Museum, que se localiza logo na entrada principal do parque. Um museu dedicado à projeção de filmes holandeses e alguns deles são transmitidos ao ar livre, de forma gratuita, tornando-se um excelente programa para conhecer melhor a cultura deste país.
No centro do parque, existe um restaurante / cafeteria com esplanada, que serve refeições e que nos serviu para nos abrigarmos de uma chuvada e beber uma cerveja, mantendo conversa com uma senhora irlandesa que ali se encontrava a fazer o mesmo que nós e a passear o cão do filho. É sempre uma ótima forma para conhecermos um pouco mais de costumes e tradições da gente local.
No parque, também existem várias estátuas espalhadas de alguns artistas, como Pablo Picasso e do poeta holandês. Também pode encontrar um teatro a céu aberto, onde fazem algumas apresentações, o Openlucht Theater.
Neste parque ocorrem anualmente eventos, como um campeonato de golfe e uma corrida famosa e existem regras curiosas aplicadas desde 2008, pelo governo de Amesterdão, que autorizou que casais praticassem sexo durante a noite, sem gritos, nem propagação de lixo e longe de zonas mais movimentadas. Aqui não existe regra quanto à sexualidade, sendo permitido para casais heterossexuais, como homossexuais. Isto é mesmo a cidade do sexo!
Outra regra interessante e aos nossos olhos muito assertiva, é que só é permitido passear cães com coleira ou peitoral, de forma a não incomodar os outros visitantes do parque. Se pensa ir fazer uma corrida ou lançar umas bolas ao seu animal de estimação, aqui não é permitido.
No inverno, dizem que o parque fica coberto de neve e que até é possível patinar e brincar na neve, mas nós fomos no outono e apenas vimos chuva e muitas folhas de árvore caídas, de cores alaranjadas e acastanhadas. Diferente, mas bonito também. Penso que todas as estações do ano devem ter o seu encanto numa visita ao parque.
De regresso ao hotel, fomos buscar as malas e seguimos de metro, numa corridinha rápida, de forma a utilizarmos o mesmo bilhete de metro, que tem a duração de 1 hora, até à Central Station. Fomos comprar um almoço rápido de sandes e cerveja, no Albert Heijn e sentamo-nos num banco a degustar da nossa última refeição nos Países Baixos.
Com o tempo a passar e já sem muito tempo para visitar algo mais nesta cidade, compramos o bilhete de comboio e deslocamo-nos até ao Aeroporto de Schiphol, para o nosso regresso a Lisboa.
Depois de um atraso do voo de quase 3 horas, primeiro porque o avião que saiu de Lisboa estava atrasado e depois tivemos que esperar em pista porque as condições meteorológicas não eram as melhores, lá chegamos a Lisboa. Se tivesse ultrapassado as 3 horas de atraso, podíamos ter sido reembolsados. Ainda tentei, mas em vão.
Chegamos a casa já depois da meia noite, esfomeados, mas de alma cheia com tanto que aprendemos e absorvemos em apenas 4 dias. Voltamos mais ricos em cultura, gastronomia, paisagens de cortar a respiração, simpatia e hospitalidade.
É por isso que viajamos, que percorremos mais um caminho, mais uma aventura, que quase sempre nos surpreende e nos deixa sem palavras, tornando-nos num contador de histórias. As viagens desafiam os nossos pontos de vista, os nossos preconceitos, as nossas crenças, as nossas verdades irredutíveis e fazem-nos repensar na nossa vida, tornando-nos mais flexíveis, humanos, compreensivos e diferentes. Por isso viajamos, à procura do mundo, porque ao vivo é muito melhor do que qualquer sonho.
"Eu viajo, porque me faz perceber o quanto eu ainda não vi,o quanto não vou ver, e o quanto ainda preciso de ver."
Carew Papritz
Sem comentários:
Enviar um comentário