GUIA DE UM ROTEIRO TURÍSTICO PELA ILHA DA MADEIRA E AS SUAS VEREDAS
(Roteiro de 4 Dias)
Região autónoma da Madeira, um arquipélago Português, descoberto pelos Portugueses entre 1418 e 1419, com um total de 801 km².
Localiza-se no Oceano Atlântico, a cerca de 1000 km da metrópole e 900 km do Continente Africano. Uma região de origem vulcânica, com um clima subtropical quente, com pouca amplitude térmica ao longo de todo o ano, em que as temperaturas máximas variam entre 25ºC no Verão e 20ºC no Inverno e as temperaturas mínimas variam entre 20ºC no Verão e 13ºC no Inverno.
Este arquipélago é constituído por 2 ilhas, Madeira e Porto Santo e 2 ilhéus, Ilhas Selvagens e Ilhas Desertas.
Para visitar as Ilhas Selvagens é necessário requerer uma autorização prévia. São constituídas por duas ilhas principais, a Selvagem Grande a Selvagem Pequena e por várias ilhotas, com uma área total de 273 hectares.
As Ilhas Desertas localizam-se a sudeste da Ilha da Madeira, são de origem vulcânica e foram classificadas como Reserva Biogenética pelo Conselho da Europa e em dias limpos são visíveis da Ponta de São Lourenço.
A Ilha de Porto Santo apresenta 11 km de comprimento e 6 km de largura e é a única ilha com areia branca e por essa razão tem o nome de Ilha Dourada, com uma extensão de praia de 9 km.
Esta imensidão de areia é banhada por um mar com cor azul turquesa, calmo, com propriedades terapêuticas, rico em iodo, cálcio e magnésio e com uma temperatura muito convidativa, que contrasta com o extremo oeste da ilha com falésias vertiginosas para o mar. A 517 metros encontra-se o Pico do Facho, o ponto mais alto desta ilha.
Mesmo no Inverno a temperatura da água é apetecível para dar um mergulho nestas águas calmas e tépidas. Nesta ilha existem vários complexos Hoteleiros junto das praias, bastante restauração, um centro de talassoterapia, a casa museu Cristovão Colombo, entre outros, que contrasta com a natureza quase virgem da costa oeste, pouco acessível.
A Ilha da Madeira tem cerca de 57 km de comprimento e 22 km de largura, mas desengane-se que consegue visitar a ilha num só dia. É uma ilha com bastante altimetria, em que o ponto mais alto tem 1862 metros de altitude e localiza-se no Pico Ruivo, a terceira montanha mais alta de Portugal.
O turismo é uma das maiores fontes económicas da ilha. As principais festas são: o Carnaval da Madeira, com o seu cortejo alegórico ao som do samba. A Festa da Flor em maio, com um cortejo alegórico que mostram a flora típica da região. O MIUTT, em abril, o maior trail da ilha com atletas de todo o mundo que fazem 115 km e cerca de 7000 desnível positivo, até um máximo de 36 horas. O Festival do Atlântico todos os sábados do mês de junho, com um espetáculo de pirotecnia de vários países. O Rali do Vinho da Madeira que decorre no final do mês de julho. A Festa do Vinho em setembro, a Festa do Natal e do Fim de Ano, com um espetáculo majestoso de pirotecnia, na baia do Funchal, com record mundial do Guinness, do maior espetáculo pirotécnico do mundo.
Como chegar à Madeira e a melhor forma de se deslocar na ilha
A melhor forma de chegar à Madeira ou ao Porto Santo é de avião. A viagem demora pouco mais de 1h30 de Lisboa ou cerca de 2 horas do Porto.
Na Madeira o Aeroporto localiza-se em Santa Cruz, na costa este da ilha.
Pode deslocar-se da Madeira para Porto Santo de barco, no porto do Funchal, a viagem é de aproximadamente 2h30min e pode adquirir os bilhetes pela internet, antecipadamente. Existem vários horários por dia e a vários preços. O Lobo Marinho pode levar cerca de 150 viaturas e mais de 1000 passageiros a bordo.
A melhor forma de se deslocar na ilha da Madeira é de carro, existem vários rent a car disponíveis em toda a ilha. Em Porto Santo também pode alugar um carro ou mota, mas não será tanto necessário, porque a ilha é pequena e a maioria do turismo concentra-se na zona sul e junto à sua grandiosa praia de 9 km.
No Verão, as empresas de rent a car chegam a alugar veículos a particulares para subalugar a turistas.
Quando escolher o veículo, tenha em atenção a cilindrada e os kw do carro, tendo em conta que a ilha tem alguma altimetria e várias estradas estreitas, sinuosas, com algumas subidas íngremes e vertiginosas. Se tiver algum receio em fazer estes caminhos, pode sempre optar pela via rápida, uma estrada junto à costa circular em volta de toda a ilha, mas com uma infinidade de túneis.
A nossa experiência com o rent a car não foi das melhores. Alugamos pela internet, com levantamento no Aeroporto Cristiano Ronaldo. Uma empresa mais barata, sem possibilidade de cancelamento e/ou alteração da reserva, o que nos levou a alguns problemas, nomeadamente só aceitam o pagamento da caução com cartão de crédito físico e em nome do condutor. Para alterarmos para o meu nome, tivemos de pagar alteração do condutor e um seguro contra todos os riscos, o que nos encareceu bastante a reserva.
A viatura não era maravilhosa, com baixa cilindrada, o que não se entende tendo em conta a altimetria da ilha e com pneus carecas, que colocou em causa a nossa segurança. Não aconselho esta empresa, goldcar. Mais vale reservar numa empresa conhecida, mais cara mas usufruir de uma maior segurança e experiência.
O que comer e beber na Madeira
Nesta ilha, a gastronomia é de comer e chorar por mais, como se costuma dizer. Uma ilha banhada pelo mar, com uma grande variedade de peixe, desde o peixe espada, ao atum, ao marisco e às conceituadas lapas, que são uma verdadeira delicia, grelhadas, com um molho de manteiga, coentros e limão.
Não deixe de provar o peixe espada panado com banana frita, para quem gosta, ou o bife de atum de cebolada com milho frito, ou a famosa espetada de carne de novilho em pau de loureiro, acompanhada de bolo do caco com manteiga de alho. Pode comer a espetada em toda a ilha mas a melhor região é em Câmara de Lobos.
Em relação à doçaria, não esquecer as broas de mel de cana de açúcar, o bolo da madeira e a fruta tropical, onde pode obter uma excelente experiência gastronómica. O melhor local onde pode encontrar este tipo de fruta é no Mercado dos Lavradores, no Funchal, mas aqui a fruta é muito cara.
Em relação às bebidas, a cerveja coral, a brisa de maracujá, um refrigerante gaseificado, o vinho da Madeira e a famosa poncha regional, de tangerina, de maracujá, mas a melhor das melhores, apesar de menos divulgada é a poncha pescador, de limão.
A melhor poncha é sem dúvida na Taberna da Poncha.
O que fazer na Madeira
Existe uma vasta escolha de actividades para fazer nesta ilha, desde passeios de barco para observação de golfinhos e baleias, excursões em veículos todo o terreno, percorrer as famosas levadas e veredas que caracterizam tão bem a Madeira.
Pode fazer estas caminhadas com um guia ou sozinhos, tendo em conta que estes percursos se encontram muito bem sinalizados, bastante seguros, com informações pertinentes ao longo de todo o caminho.
Onde ficar na Madeira
Existe muita oferta hoteleira na Madeira, mas a maioria encontra-se no Funchal. Se visitar a Madeira numa época alta deve reservar com antecedência.
O Homem não gosta de marcar nenhum hotel e arriscamos sempre. Confesso que não é muito a minha praia e reclamo sempre, mas tivemos sorte, talvez por viajarmos durante a semana e em Abril, encontramos sempre alojamento de qualidade, com boa localização , a um preço aceitável e com magnificas vistas sobre o mar.
Os hoteis que escolhemos foram todos com um brilhante pequeno almoço:
- Hotel Quinta das Vistas Palace Gardens, no Funchal
- Hotel Salgueiro, em Porto Moniz
- Hotel Dom Pedro Madeira, Ocean Beach, no Machico
1º Dia - Lisboa, Santa Cruz, Caniço, Vereda dos Balcões, Pico do Arieiro, Câmara de Lobos, Funchal
Alvorada às 4 horas da manhã com destino ao Aeroporto da Portela. Depois de um atraso de aproximadamente 1 hora, lá seguimos nós para mais uma aventura, outro caminho arrufado e ponham arrufado nisso, desta vez por terras lusas, no nosso arquipélago da Madeira.
Chegada ao Aeroporto Cristiano Ronaldo às 10 horas, num voo calmo e sem intercorrências. Deslocamo-nos ao rent a car para tentar alterar o nome do condutor, pela ausência do cartão de crédito em nome do Homem. Se por email nada foi feito, por falta de respostas da empresa, presencialmente, apesar da cordialidade da funcionária, a falta de disponibilidade para tentar resolver o nosso problema manteve-se. Uma empresa nada moderna, que não aceita um pagamento com um cartão virtual. Enfim.... pagamos o seguro, pagamos a alteração do condutor, aborrecemo-nos, perdemos tempo, mas não havia nada a fazer e depois de uma carga de nervos lá fomos nós levantar o veículo e começar a nossa aventura.
Conduzir nas estradas da Madeira é verdadeiramente apaixonante, mas não é para todos. A ilha tem muita altimetria e é muito montanhosa, com estradas estreitas, com curvas sinuosas e algumas subidas e descidas vertiginosas. Exige alguma experiência e perícia e lá nisso, tenho de confessar que o Homem sabe conduzir nestas estradas, ou não fosse ele da campanha.
Saindo de Santa Cruz dirigimo-nos pela via rápida até à Ponta de São Lourenço, na costa este da ilha, onde se encontram o ilheu de desembarcadouro e o ilheu do farol e que ocupa cerca de 9 quilómetros de comprimento. Só é possível deslocar-se de carro até ao inicio da Vereda da Ponta de São Lourenço, o restante é feito a pé, um percurso de 8 km (ida e volta), de dificuldade média e talvez o mais procurado pelos turistas. Pertence à Rede Natura 2000 por ser um ex-libris no circuito de geossitios da Madeira. O regresso é feito pelo mesmo caminho. Nós não fizemos esta vereda, ficará para uma próxima visita à ilha. É seguramente a zona mais árida e ventosa da ilha.
Deixando a Ponta de São Lourenço fomos conhecer o Cristo Rei da Madeira, que se encontra na Ponta do Garajau, onde encontramos um miradouro com uma vista impar sobre a baia do Funchal, o Oceano Atlântico e o Caniço de Baixo. O Homem ainda tentou levantar voo com o drone, mas o vento era muito intenso e ainda corríamos o risco do drone cair à água. Se tivesse sido possível, teria ficado uma fotografia incrível.
A estátua foi construída em 1927 e apresenta 14 metros de altura. Pode descer até à Praia do Garajau onde vai encontrar a Reserva Marinha Natural, caminhando ou através de um teleférico (2,5€ ida e volta).
Decidimos não ir visitar a praia e continuamos o nosso caminho até ao Caniço onde fomos fazer uma rápida refeição de prego em bolo do caco, numa esplanada bastante agradável, e tivemos o privilégio de manter uma conversa muito afável com um casal de idade que vive na Madeira à 15 anos, a senhora inglesa e o marido belga e têm por hábito deslocar-se a esta esplanada para beber uma poncha regional.
Com o estômago composto, chegou a altura de irmos fazer a nossa primeira levada, ou melhor vereda, que significa um caminho estreito feito pelo homem e/ou animais, ao contrário de levada, que significa um canal de água com um ligeiro declive que transportava a água de um ponto alto da ilha para regar as plantações de vinhas e de cana de açúcar, permitindo a produção do açúcar.
No séc XV esta produção de açúcar era conhecida com o "ouro branco". Actualmente, as levadas não são utilizadas com o propósito inicial, mas enquadram-se numa paisagem natural, com espécies de flora e fauna únicas no mundo e fazem parte para os amantes de caminhadas dos melhores percursos da Madeira.
Com tanta conversa e ainda não referi o nosso primeiro percurso, uma caminhada curta de cerca de 1,5 km, linear e de baixa dificuldade, a Vereda dos Balcões. Um caminho fácil que todos podem e devem percorrer, mesmo com carrinhos de bebé ou pessoas com fraca mobilidade.
Este trilho tem inicio em Ribeiro Frio, na estrada regional ER103, é de terra batida, pode ser percorrido durante todo o ano, seguindo a Levada da Serra do Faial, cruzando os bosques da Floresta Laurissilva, até ao Miradouro dos Balcões, que dispõe de vistas soberbas sobre a Ribeira da Metade.
Este miradouro é um ótimo local para os amantes de ornitologia, onde pode interagir com algumas espécies de aves e há mesmo quem lhes dê de comer.
O Homem diz que Madeira é o Pico do Arieiro e o que ele gostava mesmo era fazer o trilho do Pico do Arieiro ao Pico Ruivo, um percurso de 7 km, com alguma exigência e alguma altimetria e eu não tenho preparação física para tal. Decidimos fazer só 800 metros do trilho até ao Miradouro do Ninho da Manta e mesmo assim, confesso que fiquei a morrer, com calor e cansaço. Valeu o esforço pela paisagem única e sensação de estarmos a caminhar nas núvens. Tivemos sorte com tudo!
Primeiro conseguimos deixar o carro mesmo ao lado do espaço comercial, que nos tinham referido que era quase impossível ou que só podemos estacionar durante 1 hora. Não verificamos nada disso. Depois o Homem tinha dito que era muito frio e para eu levar roupa quente, o que não foi preciso porque estavam 17ºC e um sol explendido, com uma dia quase limpo.
Mas atenção que o clima na Madeira é muito instável e numa ponta da ilha pode estar a chover e na outra pode estar soalheiro, o mesmo se verifica com a temperatura com grandes amplitudes térmicas ao longo de toda a ilha.
Pico do Arieiro, a 1818 metros de altitude, o terceiro pico mais alto da ilha. Em dias limpos oferece uma vista magnifica sobre o Maciço Montanhoso da Madeira e consegue avistar-se a Ilha de Porto Santo. Junto do inicio da Vereda do Pico do Arieiro encontra um café / restaurante com esplanada e uma vista soberba e um hotel.
No inverno pode mesmo nevar na zona dos Picos, Arieiro, das Torres e Ruivo, mas não pense que é possível fazer ski como na Serra da Estrela. O máximo que consegue é fazer uns bonecos de neve ou atirar umas bolinhas uns aos outros. No Pico das Torres é possível fazer escalada, mas não existe acesso por estrada.
Continuando o nosso percurso, deslocamo-nos até ao Miradouro da Eira do Serrado, com vista para a pequena freguesia de Curral das Freiras, um vale rodeado por imponentes montanhas no coração da ilha. Esta vila encontra-se numa depressão provocada por milhares de anos de erosão. A confluência das águas e ventos fortes provocaram um afastamento das paredes montanhosas, proporcionando um cenário de uma beleza ímpar. Este local era fértil em pastagens. Em 1566, as freiras do Convento de Santa Clara, ao fugirem dos piratas que atacavam o Funchal, encontraram um refúgio aqui nesta localidade e esconderam. o tesouro no convento. A maioria dos habitantes da vila vive daquilo que a terra dá.
A Festa da Castanha é a festa mais popular da vila.
Com o dia a chegar ao fim e com algum cansaço acumulado, deslocamo-nos à vila piscatória de Câmara de Lobos para um passeio na baía de Câmara de Lobos e uma degustação da poncha da Madeira. O nome faz júz ao descobridor João Gonçalves Zarco que encontrou nesta zona da ilha muitos lobos marinhos. É aqui que é considerada a casa da Poncha, uma mistura de sumo de limão, mel e aguardente de cana de açúcar. É nesta vila onde pode encontrar várias tascas que vendem a tradicional poncha madeirense ou a pescador.
Câmara de Lobos localiza-se na parte sul da ilha e as suas encostas escarpadas estão cobertas de bananeiras, que um pouco mais a norte dá lugar às vinhas, que levam à produção do conceituado Vinho da Madeira.
Depois de uma primeira apreciação da poncha e sentados numa esplanada, marcámos o nosso primeiro hotel no Funchal, O Quinta das Vistas Palace Gardens, um hotel de 5 estrelas, mas que na nossa opinião não corresponde a tal. Não merece tal qualificação. Existiam algumas falhas na manutenção.
Aconselharam-nos o restaurante "o Polar" mas estava encerrado para férias e pelas críticas do tripAdvisor, fomos experimentar o Santo António, para degustar a espetada de novilho em pau de loureiro, servida com milho frito e bolo do caco com manteiga de alho. Nada mau para o nosso primeiro jantar!
Uma excelente relação preço - qualidade.
2º Dia - Funchal, Lido, Cabo Girão, Ribeira Brava, Ponta do Sol, Serra d´Água, Rabaçal, Paul da Serra, Calheta, Ponta do Pargo, Achadas da Cruz, Porto Moniz
Depois de um excelente pequeno almoço buffet, com muita variedade e servido na varanda do hotel, com vista privilegiada sobre a baía do Funchal, seguimos o nosso caminho em direção ao centro do Funchal, para visitar o Mercado.
Mercado dos Lavradores localizado num edifício histórico, num estilo que oscila entre o Modernismo e a Art Deco, na década de 1930, aberto todos os dias, com exceção do domingo, com um horário das 7h às 19h.
Na entrada do mercado existem vários painéis de azulejos produzidos por uma extinta Fábrica de Loiça de Sacavém, em Lisboa.
Um espaço muito bem decorado, limpo, onde os aromas se misturam com as cores e onde ficamos encantados com as bancas de frutas e flores. Tudo muito bem arranjado e arrumado, com frutas exóticas, muito frescas e algumas que só existem mesmo na Madeira, como é o caso da costela de adão.
As bancas das flores também são dignas de uma visita, com flores lindíssimas de todas as cores e o Homem com a sua descontração natural, pediu para tirar uma fotografia à Madeirense que estava na banca das flores. Ficou uma fotografia bem gira, com a promessa que íamos colocar no nosso blogue.
Saindo do mercado fomos beber um café e fazer uma curta caminhada pelo centro do Funchal. Bonito, mas com imensos turistas nas ruas e uma confusão tremenda. Imagino na época alta!
Não andamos no teleférico que vai desde o centro até ao monte, junto do Jardim Botânico. O Homem tem medo de alturas e foi uma das razões pela qual não andamos em nenhum dos teleféricos da ilha. A outra razão foi o preço, uma ida 12,5€ e 18€ ida e volta.
Quando disse que existem muitos teleféricos na ilha não estava a ironizar, é mesmo verdade, pois para descer as fajãs da ilha até uma praia ou mesmo um restaurante, só mesmo de teleférico e com descidas íngremes, mas com vistas deslumbrantes sobre o oceano e toda a sua envolvencia.
E o que é uma fajã? É um pedaço de terra plana, de pequena extensão, que se situa no pé de uma escarpa, à beira mar e que normalmente pode ser cultivável ou ser utilizada para zona balnear e restauração.
É no Funchal onde pode visitar o Museu do Cristiano Ronaldo, mas nós não visitamos.
Não visitamos mais nada no centro e fomos fazer uma caminhada na Promenade do Lido. Um passeio urbano mesmo junto ao mar, com alguns bancos para descansar ou apenas contemplar o oceano e bastantes caixotes do lixo. Aqui encontramos pessoas a caminhar, a correr ou até mesmo a passear o cão.
O Homem deixou o carro num local com parquímetro e não colocou moedas. Eu para variar, refilei porque gosto de cumprir as leis e ele respondeu como sempre: "o que fica para a história? a moeda do parquímetro ou o passeio à beira mar?". Tivemos sorte e não fomos multados.
Uma das particularidades da ilha que achamos muito interessante e constatamos, é que na costa sul existem enumeras encostas com bananeiras. A costa norte é mais árida, mais escarpada, com várias quedas de água e na nossa opinião bem mais interessante, mais natural, menos urbana e com menos turismo. Nesta zona da ilha encontramos grandes plantações de batatas, que são pouco utilizadas na restauração, sendo utilizadas as pré fritas, mas explicaram-nos que são exportadas para o Continente e não só, para fazer face às dificuldades económicas das famílias menos abonadas nessa parte da ilha.
Deixando a zona do Funchal, subimos até ao Miradouro do Cabo Girão, um promontório com 589 metros de altura, sobre uma plataforma toda em vidro, com vista sobre uma fajã agrícola e do lado esquerdo do miradouro, uma vista soberba sobre a vila piscatória de Câmara de Lobos.
O valor da entrada é de 2€ e só são permitidos até 1800 visitantes por dia. O Homem pagou a entrada mas quando chegou junto da plataforma de vidro, nem conseguiu colocar um pé. Lá tive eu de ir sozinha para o meio da multidão para tirar umas fotografias, que na opinião dele, não ficaram nada de jeito.
Está na altura de voltar para a costa e fomos visitar a Ribeira Brava. O seu nome deve-se à existência de uma ribeira que durante o inverno tem muito caudal de água e chega mesmo a arrastar casas e carros, tal é a intensidade da água. Aqui fizemos uma curta paragem na praia de areia escura, de origem vulcânica e com bastantes pedras, para tirar umas fotografias. Na Madeira, para além do Porto Santo, só existem duas praias com areia branca, que veio de Marrocos, é a praia de Machico, na costa este e a praia da Calheta, na costa sul.
É nesta zona da ilha onde pode encontrar o Museu Etnográfico da Madeira e o Forte de São Bento, construído em 1708, que servia de protecção contra os corsários. Actualmente abriga o Posto de Turismo.
De seguida, tentamos visitar a Cascata dos Anjos, na localidade de Ponta do Sol, mas estava encerrada. É uma queda de água que cai diretamente na estrada velha e o engraçado da cascata, é que os carros passam mesmo por baixo dela.
Uma forma natural e barata de lavar o carro. Ainda tentamos deslocar-nos até lá através de um dos muitos túneis que existem na Madeira, mas o percurso encontrava-se mais à frente encerrado e nem conseguimos perceber o motivo. Penso que deve ter sido uma das muitas derrocadas que existem na ilha.
Com a aproximação do meio dia, estava na altura de irmos provar a melhor poncha da ilha, pelo menos foi o que nos disseram e confesso que tinham razão absoluta. Situa-se na Serra d´Agua, na Taberna da Poncha, uma taberna que existe à 100 anos, que tem passado de geração em geração e nem sempre foi taberna.
Os primeiros 20 anos foi uma mercearia e só depois o dono percebeu que seria um melhor investimento criar uma taberna, onde os homens podiam ir beber um copo e conviver.
Actualmente é gerida pelos netos do visionário do negócio e encontra-se aberta todos os dias, das 9h30 às 0h00.
Um local com uma decoração muito "sui generis", muito pitoresco, de paragem obrigatória para quem visita esta ilha. Aqui pode conhecer a história da poncha da Madeira, aprender a fazer, com as simpáticas funcionárias do estabelecimento e degustar deste Licor dos Deuses, acompanhado de amendoins. Conta a história que neste local, devemos comer os amendoins e atirar as cascas para o chão. Nós não o fizemos, nem vimos ninguém fazer e confesso que me parece pouco higiénico.
As ponchas aqui servidas são várias, a regional, com base de limão e laranja, a pescador, com base de limão, a de tangerina e a de maracujá. Nós só provamos as duas primeiras e confesso que são ambas deliciosas.
Continuando a subir a serra, fomos até ao Rabaçal para iniciar mais uma caminhada, o PR6 - Levada das 25 Fontes e PR6.1 - Levada do Risco, uma das mais populares e frequentadas da ilha. Estacionamos o carro junto da estrada regional nº 105 e antes de iniciar o nosso caminho, fizemos uma pequena refeição de pão com pasta de atum e tostas com queijo, servido de um copinho de tinto, mesmo na beira da estrada.
Enquanto degustava-mos da nossa refeição, fomos aflorados pela visita de uma vaca, que vagueava calmamente na nossa direcção, no meio da estrada e quem quisesse que se desviasse.
O trilho inicia no Posto Florestal do Rabaçal e pode lá chegar a pé, sempre a descer por uma estrada de asfalto, no meio da vegetação tradicional da ilha ou num serviço de transporte disponibilizado pelo Município da Calheta.
O percurso são de aproximadamente 2 km e o valor são 3€ ida e /ou 5€ ida e volta. Nós descemos a pé e utilizamos o transporte apenas para a subida, poupando o nosso tempo e as nossas pernas.
Uma vez no Posto Florestal do Rabaçal pode iniciar as suas levadas, que a partir daqui o percurso é apenas feito caminhando. Neste local existe uma café e casas de banho que são pagas, 1€ por pessoa.
A Levada do Risco encontra-se quase paralela à Levada das 25 Fontes e é mais curta, mais plana e mais fácil de fazer.
As duas levadas percorrem a fantástica Floresta Laurissilva e passam pela Casa do Rabaçal , um espaço onde pode parar para tomar um café, comer alguma coisa ou apenas descansar as pernas. Um lugar longe de tudo e rodeado de natureza. Se não fossem a quantidade de turistas, seria ainda mais maravilhoso. Ambos os percursos encontram-se muito bem sinalizados e seguros durante todo o trilho.
Nós iniciamos o percurso juntos, mas confesso que a uma determinada altura quando existe uma bifurcação para seguir uma levada ou outra, eu abandonei o Homem que seguiu até às 25 Fontes.
Levada das 25 Fontes, um percurso com vários degraus e trilhos estreitos. Apesar de algumas zonas do percurso serem mais estreitas, dum lado com os tuneis de urze que outrora levavam a água para os campos e do outro lado com alguns "precipicios", existe segurança, pela existência de alguns varandins que foram ali colocados e que permanecem durante todo o percurso, evitando assim acidentes desnecessários.
No final do percurso encontrou uma lagoa, que em dias de calor, é possível ir a banhos onde desembocam vinte e cinco quedas de água dentro da lagoa. Foi por essa razão que esta levada tem este nome. Toda a água desta lagoa é canalizada na sua totalidade para a levada. Aqui, pode relaxar, mergulhar, ou apenas ficar envolvido no meio de tanta natureza.
Este trilho não é circular e depois de descansar tem mesmo de voltar para trás e fazer todo o percurso de volta.
Eu segui pela Levada do Risco, um percurso fácil, sempre plano, no meio da floresta, onde muitas vezes era apenas eu, o chilrear dos passarinhos e o silêncio. Fiquei com a sensação que esta levada é menos procurada que a anterior.
No final da levada vai encontrar a Cascata do Risco, que deu o nome à levada. A partir da cascata não é possível continuar e tem de voltar para trás pelo mesmo caminho. São cerca de 1,2 km desde a bifurcação da Levada das 25 Fontes.
De regresso ao carro, seguimos até à Calheta, mas antes passamos pelo único planalto da Madeira, que de planalto tem pouco. Paul da Serra, a uma altitude de 1500 metros, com uma vista desafogada e uma fauna e flora diferentes do resto da ilha. Foi aqui que o Homem tirou uma fotografia à profissional, com o seu drone. Eu refilei, mas também quem me conhece já sabe que é normal, mas confesso que a fotografia ficou digna de capa de revista da National Geografic.
Calheta, na transição da costa sul com a costa oeste da ilha, com um vasto património histórico, cultural e natural. É uma das zonas mais procuradas da ilha, pelos seus complexos hoteleiros, pela sua praia de areia dourada e por ser a zona da ilha com temperaturas de ar mais elevadas e com menor índice de precipitação.
Ponta do Pargo, na costa oeste, no extremo ocidental da ilha, onde existe o Farol da Ponta do Pargo, a 290 metros de altitude, localizado na Ponta da Vigia e com vistas panorâmicas sobre o Oceano Atlântico e as encostas escarpadas da ilha.
Aqui encontra o núcleo museológico, que foi criado em 2001 e onde existe uma exposição sobre os vários faróis existentes na ilha.
Foi neste contexto que o Homem colocou o drone a voar e nos tirou uma fotografia.
Fotografia com o drone |
Com o dia a chegar ao fim seguimos rumo até Porto Moniz, por estradas por vezes estreitas, com curvas sinuosas, ladeadas por vegetação. Esta zona da ilha é francamente mais bonita que o sul e as encostas de plantações de bananas, dão lugar a encostas escarpadas, menos urbanas, com uma beleza ímpar.
Porto Moniz, uma localidade de paragem obrigatória e na nossa opinião, um dos locais onde deve ficar pelo menos uma noite, de forma a contemplar o magnifico por do sol visto da zona das piscinas novas de Porto Moniz. É sublime!
Uma localidade marcada pela imponência das montanhas que a rodeiam e pela diversidade das espécies da Floresta Laurissilva, com a beleza e a força do mar a espreitar por trás, por entre rochas e penhascos. É verdadeiramente apaixonante visitar esta zona da Madeira.
O ex libris desta localidade são as suas Piscinas Naturais, isto é, várias rochas vulcânicas que vão formando várias lagoas, formadas pelo arrefecimento da lava vulcânica, onde a água entra e sai de uma forma natural.
Neste espaço existe um restaurante e café com esplanada com vista para as piscinas. São gratuitas e estão abertas durante todo o ano.
Atualmente existem as Piscinas Naturais Novas, mais artificiais, abertas durante todo o ano, das 9h às 17h no inverno e das 9h às 19h no verão, com um valor de 1,5€ a partir dos 3 anos. Neste espaço pode encontrar um parque infantil, zona de restauração, acesso a deficientes, primeiros socorros, espreguiçadeiras, chapéus de sol e nadadores salvador. Depois do horário de encerramento, as piscinas encontram-se abertas para quem quiser ir visitar.
Junto às piscinas velhas existe o Aquário da Madeira, inaugurado em 2005. Um espaço bem organizado, com muita informação e onde pode praticar mergulho dentro do aquário.
Depois de um mergulho nas águas cristalinas, o Homem foi beber uma caneca de cerveja e eu uma poncha na esplanada do café junto das Piscinas Naturais Velhas.
O jantar foi no Restaurante Polo Norte, junto às piscinas novas e ao Hotel Salgueiro, onde ficamos hospedados.
Iniciamos com umas lapas grelhadas, seguidas de peixe espada grelhado para o Homem e bife de atum com milho frito para mim, tudo bem regado com vinho branco da casa.
3º Dia - Porto Moniz, Seixal, São Vicente, Ponta Delgada, Santana, Pico Ruivo, Machico
Depois de uma noite bem dormida e um bom pequeno almoço, seguimos caminho até ao Seixal. Fizemos uma curta paragem para um café numa esplanada com vista para o mar, na zona da Ribeira da Janela.
No Seixal também existem umas Piscinas Naturais, mas na nossa opinião, não são tão bonitas como as de Porto Moniz e para mim o ex libris desta região é a sua praia, que mais parece um cartão postal. Uma encosta escarpada coberta de vegetação, onde conseguimos vislumbrar várias quedas de água que caiem em direção ao mar, que se projecta por trás da praia de areia escura de origem vulcânica.
Esta praia é de uma beleza impar e quase igualável a algumas praias do Oriente. Aqui existe um complexo balnear onde se pode alugar caiaques e fazer padel. Também possui balneários e bar de apoio.
A costa norte é verdadeiramente mais bonita e menos turística que a costa sul, com as suas encostas escarpadas, vertiginosas, com várias quedas de água.
À 20 anos, percorrer estas estreitas estradas era apaixonante, mas também perigoso com uma grande frequência de queda de pedras e derrocadas que cortavam as estradas, impedindo a passagem para outras localidades. Esta foi uma das razões para a construção da via rápida da Madeira, a outra e talvez a mais importante encurtou as distâncias entre os vários pontos da ilha.
A via rápida é uma estrada circular, junto à costa e com um infinito número de túneis que passam no meio das montanhas e que possuem uma particularidade muito interessante, uma sinalética informativa da distância do ponto de onde nos encontramos até aos dois lados do túnel.
A nossa próxima paragem foi no Miradouro do Véu da Noiva, aqui com um maior afluxo de turismo, onde encontramos uma roulote com venda de artesanato e bebidas e alguns snacks. Um miradouro onde tivemos o privilégio de contemplar uma queda de água no meio da encosta coberta de vegetação, projetando-se em direção ao mar.
A cascata tem esse nome por fazer lembrar o véu que as noivas levavam na cerimónia do casamento.
Esta queda de água é o resultado de um recuo rápido da costa e a suspensão da foz da ribeira de João Delgado, relativamente a processos de incisão fluvial por erosão vertical.
São Vicente com um vasto património cultural histórico e natural onde se encontram as Grutas Vulcânicas que podem ser visitadas todos os dias. Nós não o fizemos.
Ponta Delgada, o nome teve origem no séc XVI pelo historiador Gaspar Frutuoso, que disse: "uma ponta de terra esguia esvaindo-se mar dentro". Freguesia conhecida pelo seu Complexo Balnear com duas piscinas de água salgada.
Continuando o nosso caminho pela costa norte, fomos conhecer Santana, uma freguesia típica pelas casas tradicionais Madeirenses, que se tornaram ícones a nível nacional. É nesta zona onde pode encontrar o Parque Temático de Santana, com as suas casas tradicionais e com uma explicação detalhada sobre a história e cultura da Madeira, sempre rodeado de vegetação e espécies da Floresta Laurissilva.
Santana, foi considerada em 2011 pela UNESCO, Reserva da Biosfera, com um património natural riquíssimo e onde pode encontrar vários percursos pedestres e ciclaveis.
Saindo de Santana subimos a serra até ao ponto mais alto da ilha, Pico Ruivo a 1862 metros de altitude, considerada a terceira montanha mais alta de Portugal.
À medida que íamos subindo a temperatura exterior ia baixando e as montanhas começavam a ficar cobertas de nevoeiro.
Entramos no estabelecimento apenas para ir ao WC. No exterior estava muito frio, chuviscava e havia imenso nevoeiro, que nos impediu de ficar assoberbados com a vista sobre as montanhas. Esta foi uma das muitas razões pela qual não fizemos a Vereda do Pico Ruivo (2,8 km), a outra, foi o grau de exigência do trilho, sempre a subir.
Com a hora de almoço a aproximar-se, voltamos a descer a montanha até Santana e dirigimo-nos ao Miradouro do Guindaste, junto à Ribeira do Faial. Um miradouro muito engraçado, com uma plataforma de vidro a 26 metros de altitude e que nos oferece uma excelente vista do Oceano Atlântico que demarca a costa norte da ilha, desde o Faial até à Ponta de São Lourenço.
Foi neste contexto que improvisamos uma mesa e colocamos a nossa toalha, também improvisada e fizemos o nosso piquenique, um hamburger no pão com batatas fritas e um copinho de vinho que sabe sempre bem.
Para quem nos conhece, sabe que fazemos quase sempre os nossos almoços em locais com uma beleza ímpar, rodeados de beleza natural e sempre que conseguimos, somos apenas nós e a natureza. Quase que conseguimos ouvir o silêncio. É mil vezes melhor que um restaurante cheio de gente.
Engenhos do Norte foi a nossa paragem seguinte, a fábrica onde fazem o Rum da Madeira. Foi construído em 1927, localiza-se em Porto da Cruz e é um dos três engenhos em funcionamento da ilha. Neste espaço é possível observar e conhecer a história da produção de açúcar da ilha, que no séc XVI era conhecido como o "ouro branco". Ainda hoje a cana de açúcar tem uma importância vital para a ilha. A visita é gratuita e é fascinante ver todas aquelas máquinas fruto da Revolução Industrial a trabalhar, separando a seiva das canas e após a sua fermentação, obtemos o Rum ou aguardente de cana de açúcar.
Existe uma loja onde pode adquirir algum artesanato tradicional da ilha, onde nós compramos o pau que tem um nome peculiar "caralhinho" e que serve para mexer o açúcar com o limão e para fazer a poncha. Neste espaço também existe uma zona de restauração, onde degustamos uma poncha à pescador.
Descendo a costa este da ilha, fomos em direção ao Machico, com um património rico em cultura, história e tradições e conhecido pela sua baia. Onde em 1419 os navegadores Portugueses desembarcaram na baia de Machico. Os seus pontos de interesse para além da baia, são o Miradouro do Pico do Facho, onde fizemos uma paragem para uma fotografia e contemplar a baia de Machico com o mar a espreitar por trás, a igreja matriz e as suas praias, uma de areia branca e outra de areia de origem vulcânica.
Estacionamos o carro e fomos tomar um café numa esplanada junto da praia, onde o Homem meteu conversa, como sempre, com a proprietária do espaço, uma senhora coreana que vive em Portugal à 6 meses. Depois fomos deitar-nos um pouco na praia de areia dourada e eu fui dar um mergulho nas águas quentes da Madeira. Voltando à areia estava na altura de marcar o nosso alojamento para aquela noite e escolhemos o Hotel Dom Pedro Madeira Ocean Beach.
Um hotel de 4 estrelas, localizado na baia de Machico e com vistas privilegiadas sobre o mar, onde tivemos um final de tarde muito agradável na piscina do hotel.
Fomos jantar a um restaurante / taberna que um colega Madeirense me aconselhou, com uma boa relação preço / qualidade. Restaurante Muralha´s, no Caniçal, com esplanada e funcionários muito simpáticos, onde optamos por comer um atum de escabeche e um picado de novilho.
4º Dia - Machico, Funchal, Serra d Água, Porto Moniz, Queimadas, Caniçal, Aeroporto, Lisboa
O nosso último dia na ilha e não tivemos sorte com o tempo, chovia e a temperatura tinha baixado, o que nos obrigou a alterar os planos para este dia.
Tomamos o pequeno almoço às 8h30 numa sala de pequenos almoços com vista para o mar e com imensa gente.
O Homem percebeu que eram os participantes para uma prova de trail internacional e até falou com alguns.
É uma prova que se realiza na Madeira anualmente, o MIUT, Madeira Island Ultra Trail, que tem início à meia noite em Porto Moniz e termina junto ao Fórum do Machico.
Um evento que integra cinco provas: MIUT 115, MIUT 85; MIUT 60, MIUT 42, MIUT 16, todas as provas em formato non-stop.
Deixando a zona do Machico deslocamo-nos até ao Funchal, à zona do Monte, para visitar o Jardim Botânico, com cerca de 8 hectares e com uma riqueza na flora típica da ilha, com uma variedade de botânica muito vasta e oriunda de todo o mundo. O horário é das 9h às 18h e é pago (5,5€ adulto e 2€ até aos 18 anos). Dentro do espaço, pode encontrar o Museu de História Natural. Nós não fomos visitar o jardim porque estava a chover bastante.
A subida ao Monte não é para todos, com uma estrada muito íngreme e estreita, que se arrepia a subir, agora imagine a descer! Eu confesso que em algumas alturas fui de olhos fechados e eu confio na condução do Homem.
Continuamos lentamente e sem pressas a descer pela costa sul, junto ao mar e a contemplar uma vez mais as encostas de bananeiras. Era o nosso último dia e não tínhamos pressa e nem nada planeado e como era o último dia na ilha, nada melhor que degustar uma vez mais da melhor poncha da ilha, na Taberna da Poncha e lá seguimos nós até à Serra d Água.
O Homem esteve a conversar com as funcionárias sobre a história desta centenária casa e uma das senhoras explicou como se faz a poncha e até nos deixou tirar uma fotografia.
A aguardente que servem neste espaço é diferente da que servem nos engenhos e francamente melhor. Infelizmente, é difícil de encontrar no Continente.
Deixando a taberna para trás, continuamos a subir a serra até Porto Moniz.
O Homem queria ir ver a logística da preparação para o MIUT, mas quando chegamos a Porto Moniz, não encontramos nenhuma preparação para a prova. Bebemos um café e seguimos viagem pela via rápida e os seus infinitos túneis.
Como ainda era cedo, o tempo tinha melhorado e parado de chover fomos fazer uma última levada / vereda, Um Caminho para Todos. Este é o nome do percurso e é mesmo um caminho para todos, que proporciona uma caminhada com carrinhos de bebé ou pessoas com mobilidade reduzida.
Antes de iniciarmos o percurso fizemos uma pequena e rápida refeição junto do carro.
Um percurso desde as Queimadas até ao Pico das Pedras, fácil, de aproximadamente 2 km ou 4 km ida e volta, sem nenhuma altimetria, mas todo em terra, no meio da Floresta Laurissilva, capaz de ativar todos os nossos sentidos, o cheiro da terra molhada, o som dos passarinhos e ao longe de um ribeiro a correr água, as cores e a textura das flores e folhas.
É um percurso muito bonito e muito fácil de fazer.
A chegada ao Pico das Pedras também é uma agradável surpresa, onde encontramos uma casa tradicional Madeirense, um espaço de restauração com esplanada onde bebemos um café, WCs, parque de estacionamento, pago e um espaço envolvente muito verde, com um lago com patos.
É neste local onde saem outras veredas, nomeadamente o PR 9 Levada do Caldeirão Verde, um percurso de dificuldade média, de cerca de 8,7 km ou 17,4 km ida e volta, com início no Parque Florestal das Queimadas e término no Caldeirão do Inferno, passando pela Floresta Laurissilva e por alguns túneis na montanha. Deve ser muito bonito, mas nós não o fizemos.
De regresso ao carro continuamos pela costa norte, sempre junto ao mar e descemos pela costa este até ao Caniçal, uma vila piscatória onde predomina a pesca do tunídeo. É nesta vila onde se encontra o Museu da Baleia e um Complexo Balnear onde existem duas piscinas de água salgada.
Nesta vila encontra vários pequenos restaurantes junto da praia, onde servem peixe muito fresco e marisco.
Com o tempo a escassear e o horário do nosso voo de regresso a Lisboa a aproximar-se, fomos novamente petiscar no Muralha´s.
Desta vez optamos por deliciarmo-nos com umas lapas para despedida da Madeira, um picado de polvo e um prego em bolo do caco, tudo bem regado com uma cerveja coral ( cerveja da Madeira) para o Homem e um vinho branco para mim. Confesso que gostamos mais das lapas dos Açores.
De chegada ao Aeroporto Cristiano Ronaldo, fomos entregar a viatura e esperar pelo nosso voo que se encontrava atrasado, na varanda do aeroporto com vista para a pista.
O Homem foi metendo conversa com várias pessoas, como já é natural nele.
Chegamos ao Aeroporto Humberto Delgado à meia noite, hora que tinha inicio o MIUT e o homem viu a partida da prova, dentro do avião e no telemóvel.
Chegamos a casa cansados, mas de coração cheio com tanta beleza, com mais uma história para contar e escrever e com a certeza que Portugal tem muito para ver, descobrir e ficar encantado.
Não há sítio no mundo melhor que a nossa terra!
"A viagem da descoberta
consiste não em procurar
novas paisagens, novos horizontes,
mas sim em descobrir
e observar com outros
olhos aquilo que nunca
nos tínhamos apercebido"
Sem comentários:
Enviar um comentário