GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO NO ALTO ALENTEJO
(Roteiro de 3 Dias)
Alto Alentejo, província histórica, integrada nos distritos de Évora e de Portalegre e constituído por 29 concelhos. É uma região de transição entre as montanhas do centro de Portugal e as planícies do Baixo Alentejo, o que leva a um clima com diferenças significativas entre a Serra de São Mamede e Elvas, com grandes amplitudes térmicas entre a noite e o dia, com Invernos frios e Verões muito quentes e secos.
É uma região carregada de história, de costumes, de tradições, de cultura, com uma gastronomia muito própria, a açorda, as migas com entrecosto, a carne de porco alentejana, o ensopado de borrego, o cozido de grão, o gaspacho e os seus doces conventuais, como é o caso da encharcada de Santa Clara, da sericaia com as ameixas de Elvas, do bolo podre, da boleima doce, do pão de rala, do bolo fidalgo, entre tantos outros de comer e chorar por mais.
A melhor época do ano para visitar esta região do país, é na Primavera ou no Outono. Nós fomos em Outubro, para aproveitar o aniversário do Homem e uma oferta que ele me tinha presenteado no meu aniversário. Escolhemos um glamping com muito charme, que fez a delícia do Homem. Glamping Nature Village, um conceito de alojamento diferente, arrojado, um género de campismo luxuoso, no meio da natureza. Uma forma de sentir a natureza e o bem estar, desconectando-se do mundo que estamos habituados.

Localiza-se em Gavião, muito próximo da praia fluvial do Alamal, constituído por 13 tendas de glamping, 10 bungalows revestidos de cortiça, com um mobiliário ecológico e sustentável e uma zona para campismo livre com infraestruturas de apoio a banhos e lava loiças. Dispõe de uma piscina, um Spa com jakuzzi, sauna e massagens, uma horta biológica e uma pequena quinta pedagógica com galinhas, cabras, ovelhas e um porco que de noite ressonava e muito. Aqui também existe um restaurante com vista panorâmica para o Castelo de Belver, onde tomamos excelentes pequenos almoços e jantamos nas duas noites que lá estivemos. A comida era gourmet, bem confecionada, com produtos caseiros e regionais e vinhos alentejanos, no entanto, nos dias que lá estivemos a ementa manteve-se inalterada.
1º Dia - Lisboa, Marvão, Portagem, Gavião
Mais um caminho, mais um percurso, mais uma história para contar e lá vamos nós, com saída às 6h da manhã das Renas pela A5, ponte vasco da gama, seguindo sempre por nacional, sem pressa e a apreciar a paisagem, passando pelo Montijo, Coruche, Couço, Montargil, Ponte de Sor, Alter do Chão, até Marvão.
Marvão, uma vila localizada no distrito de Portalegre, no topo da Serra do Sapoio a 860 metros de altitude, considerada a pérola do Alto Alentejo. Visitar esta bonita vila tem de ser a pé, passando pelas Portas de Rodão, uma das principais entradas desta vila medieval. O melhor é estacionar o carro fora das muralhas e fazer o resto caminhando por estreitas ruelas com as suas casinhas brancas e amarelas, com varandas de ferro forjado. Saramago disse que do alto do Castelo de Marvão se pode contemplar o mais belo pôr do sol do Alentejo.
Nós já tínhamos estado em Marvão e desta vez não fomos visitar esta belíssima vila.
O propósito desta visita a Marvão, foi fazer o
Rail Bike , uma experiência fantástica a pedalar no meio da natureza nos carris de uma linha de caminhos de ferro desativada, que ligava Lisboa a Madrid.
Um percurso histórico de 15 km durante 2h30 minutos ou de 32 km durante 4h30 minutos, com guias muito prestáveis, simpáticos e que se preocupam bastante com a segurança de todo o grupo.
Nós escolhemos o de 15 km que se inicia na antiga Estação Ferroviária de Beirã - Marvão, que embora não seja muito difícil, apresenta um desnível positivo de 70 metros, com algumas subidas não muito elevadas, mas que exige alguma destreza, preparação física e estar familiarizado com atividades ao ar livre. Por esse motivo, não é recomendado para pessoas com mais de 100 kg ou com problemas de joelhos. Durante o percurso são feitas algumas paragens e cada um pode pedalar ao seu próprio ritmo. O ponto de viragem deste percurso, é feito após uma ponte de 1930, a 30 metros de altura do solo. Um passeio bastante agradável no meio das paisagens alentejanas, ao som da natureza.
Com a hora de almoço a aproximar-se, a nossa próxima paragem foi na praia fluvial de Portagem, que já conhecíamos, mas que é sempre agradável voltar. Localiza-se a cerca de 10 km de Espanha e por essa razão é muito procurada pelos espanhóis. Nesta altura do ano encontra-se com pouca água, mas não deixa de ter o seu encanto, com a sua ponte de pedra romana a cruzar o Rio Sever.
Foi neste local que decidimos tirar a nossa geleira elétrica e degustar da nossa excelente refeição numa das mesas que se encontra no parque de merendas mesmo junto ao rio. Acabamos a nossa refeição a tomar um café na esplanada que dá apoio à praia fluvial.
Depois de saciados seguimos viagem até ao nosso destino final, Gavião, uma vila localizada no distrito de Portalegre, com um clima mediterrâneo, quente e seco no verão. Na altura dos Romanos, pela sua fertilidade dos terrenos e a proximidade dos rios Tejo e Zêzere, estas terras já eram povoadas. Desse período ainda existem alguns monumentos arqueológicos. O Castelo de Belver, muito próximo de Gavião, situa-se no topo da montanha e foi construído em 1194 e Belver foi sede de concelho até 1836. A porta de entrada do castelo é do séc XV e esta fortificação encontra-se muito bem conservada. Tem um custo simbólico de 2€ por pessoa.
Muito próximo de Gavião, encontra-se a Praia Fluvial de Alamal, que fica entre duas barragens, a de Belver e a de Fratel. Apresenta uma zona de merendas, um parque infantil, balneários, bandeira azul, nadadores salvadores, zona de restauração, tudo isto com vista sobre o Castelo de Belver.
Passadiços do Alamal, um percurso fácil, de madeira, com cerca de 3 km (1,5 Km para cada lado), com inicio na Praia Fluvial de Alamal e término junto à ponte de Belver.
É um passeio muito agradável de ser feito, sempre junto ao rio Tejo. É ideal para todas as idades e pessoas com pouca mobilidade porque é feito em terreno plano e com bom piso.
Nós neste nosso caminho arrufado não fizemos este passadiço porque tínhamos feito num dos nossos passeios anteriores.
A nossa tarde foi passada na piscina do hotel, Gavião Nature Village, que nos teve a amabilidade de oferecer na nossa tenda de glamping, uma tábua de queijos, enchidos e um vinho da região.
Jantamos no hotel, umas bochechas de porco preto e um polvo à lagareiro, servido com um bom vinho branco da adega de campo mayor.
A seguir ao jantar, fomos caminhar e ver os animais que se encontram na pequena quinta pedagógica, ovelhas, cabras, galinhas e um porco.
2º Dia - Passadiços de Nisa, Praia Fluvial da Fróia, Nisa
Depois de uma excelente noite na nossa tenda de glamping e de um ótimo pequeno almoço, com iguarias regionais, tudo muito fresco e bem confecionado, seguimos caminho até à Barca da Amieira, para fazer os Passadiços de Nisa ou o Trilho da Barca da Amieira. (PR11NIS)
Este trilho foi inaugurado em Abril de 2021 e pode ter início na Amieira do Tejo ou na Barragem do Fratel. É um trilho linear com cerca de 3,6 Km, fácil, com pouca inclinação e acessível a todas as idades. Independentemente onde começar o trilho, existe estacionamento dos dois lados e junto à Barca da Amieira, encontra um parque de merendas.
O trilho tem este nome porque antigamente havia uma embarcação que fazia a travessia entre a Estação Ferroviária da Barca da Amieira - Envendos, na margem norte do rio Tejo e a Amieira do Tejo, na margem sul do rio Tejo. Atualmente ainda existe uma embarcação mais moderna que faz esta travessia de motas e carros ligeiros. O único senão é que esta ligação não é feita todos os dias e apenas passa um carro de cada vez. A grande vantagem é que é gratuita.
Nós iniciamos o nosso percurso na Amieira do Tejo e seguimos caminho sempre junto do muro de sirga, presenteados sempre pelo Tejo. Este muro, noutros tempos, serviu para auxiliar a navegação dos barcos no rio Tejo, rebocando-os à força de braços a partir da margem do rio, até Vila Velha de Rodão. Com a construção da linha de comboio até Abrantes e com a abertura da linha da Beira Baixa, foram perdendo a sua utilidade. Alguns deles, ficaram submergidos com a construção da Barragem do Fratel e de Belver.
É sem dúvida um passeio fantástico, com o Tejo sempre presente, onde pudemos admirar um sem número de formações rochosas que se encontram no meio do rio. Para quem tem vertigens, como é o caso do Homem, existem algumas zonas do caminho que são estreitas e que exigem algum cuidado e atenção, o que nos leva a não recomendar este percurso em dias de chuva. Na nossa opinião, algumas zonas do percurso são muito estreitas e com muito declive para o rio, o que nos leva a sugerir algumas barreiras de segurança, evitando acidentes. Existe outro trilho que cruza o da Barca da Amieira, o Trilho das Jans (PR1 de Nisa), um percurso de grau de dificuldade médio de aproximadamente 12 km.
Ao longo de todo o percurso, existem alguns adornos engraçados, feitas pelo homem, e algumas esculturas, representando a vida animal desta região, como é o caso do javali, da raposa, da formiga, da cegonha, da garça real, do índio, do ginete, entre outros. São cerca de 10 figuras durante quase todo o percurso.
Sensivelmente a meio do percurso, encontramos uma plataforma de madeira que nos permitiu apreciar a foz do Rio Ocreza a fluir para o Rio Tejo, onde atravessa uma bonita ponte metálica ferroviária. Se tiver sorte até pode observar um comboio a passar. É uma excelente imagem!
No final do percurso ao longo do muro de sirga e antes de iniciar o último quilómetro em passadiços de madeira, encontramos uma linha circular, com duas carruagens de comboio e que nos permitiu pedalar de forma gratuita e contemplar a paisagem sobre o rio. Em particular nesta parte do percurso, o que nos envolve é a natureza no seu estado mais virgem, o som do silêncio, o movimento calmo das águas do rio e de vez em vez, o som de passos de alguém que caminha como nós.
No percurso de madeira, existem algumas escadas, um birdwatching, que nos permite observar o voo de algumas aves, uma ponte de madeira suspensa, que abana mesmo e onde não existe alternativa para passar para a outra margem da ribeira e que tem cerca de 30 metros sobre uma ribeira que se encontrava quase sem água. O Homem teve mesmo de fazer um grande esforço para ultrapassar os seus medos de alturas e conseguir ultrapassar este obstáculo. No local existem regras, onde é proibido correr , saltar e existe um número limite de pessoas a atravessar a ponte em simultâneo.
Logo a seguir à travessia, existe um par de baloiços lilases, que se localizam na encosta de um monte com uma vista esplendida para a foz da Ribeira de Figueiró, na nossa opinião, estes baloiços são descontextualizados no meio da paisagem natural e quase virgem que serve de pano de fundo.
Os passadiços terminam num miradouro, com uma plataforma em vidro, suspenso numa encosta rochosa, o Skywalk, com uma vista panorâmica sobre a Barragem do Fratel, um dos sinais mais marcantes do engenho do Homem.
Não há que ter medo em pisar o vidro, porque a estrutura é apoiada em vigas de aço, que transmitem total segurança aos visitantes. Quem não pisou este vidro foi o Homem e apenas tirou uma fotografia com o drone.
Como referi inicialmente, este trilho não é circular e este é o último ponto do trilho. Estava na altura de regressar e fazer o percurso inverso até à Barca da Amieira e regressar ao carro. Agora com um passo mais acelerado, porque como o Homem sempre diz: "estamos a perder quilómetros" e temos de aproveitar o dia.
De regresso ao carro e com a hora de almoço a aproximar-se, seguimos caminho até à Praia Fluvial de Fróia, localizada num vale e um dos ex líbris do concelho de Proença a Nova.
Nesta altura do ano, apesar do tempo ainda quente e agradável, a praia estava quase deserta, não fosse encontrar-se um senhor a desfrutar do sol de outono.
Em 2018, esta praia fluvial foi reclassificada como praia de qualidade de ouro, fruto das suas águas calmas, límpidas e cristalinas, mas frias provenientes da ribeira de Fróia.
Apresenta um largo passeio onde os banhistas no verão podem estender as toalhas e onde nós desfrutamos da nossa refeição, num agradável piquenique, com vista sobre a água da ribeira, onde de vez em vez saltitava um peixe.
Um espaço arranjado numa extensão de 200 metros ao longo da ribeira da Fróia, com uma uma pequena zona de areal, onde existe um parque infantil, rampas de acesso a pessoas com mobilidade reduzida e uma zona de merendas. Junto da praia, também existe um restaurante com esplanada e um centro de BTT, para os amantes do ciclismo. No verão, também existe banheiros com chuveiro e nadador salvador.
Muito próximo de Fróia, existem duas aldeias de xisto típicas, onde se pode contemplar o trabalho manual de xisto e verga, a aldeia de Pedreira e a aldeia de Oliveiras.
Deixando esta zona para trás, seguimos viagem até
Nisa, uma vila no distrito de Portalegre, que anteriormente já tínhamos visitado.
A nossa primeira visita a esta bonita e acolhedora vila, foi no verão e adoramos, com as suas ruas estreias, cheias de gente, as pequenas casinhas brancas com uma faixa amarela, as imensas fontes espalhadas na vila e a rua mais emblemática, a rua de Santa Maria, uma rua original e pulverizada com água de modo a combater as temperaturas altas que se fazem sentir no Alentejo, mas que sem ser no verão, não tem o mesmo encanto, com pouca gente e sem a pulverização da água.
Esta rua tem apenas 100 metros e o chão é desenhado com pequenas pedras de tijolo a simular o barro e o mármore a fazer os riscos brancos, a imitar o "quartzo", tentando representar a olaria pedrada tão tradicional desta região.

Nisa tem muito para oferecer, com um vasto e rico património histórico e arquitetónico. Foi habitada pelo homem no período Neolítico e conta a história que a população desenvolveu-se no cimo do Monte de Nossa Senhora da Graça, a partir de um Castro.
Posteriormente, foi povoada por Romanos e daí os seus vestígios romanos, onde atualmente é possível observar as ruínas do Castelo construído no séc XIII, as Portas da Vila e as Portas de Montalvão (eram seis portas mas só restaram estas duas).
Não pode perder uma visita à Igreja Matriz do séc. XVI e à Igreja da Misericórdia, bem como calcorrear nas estreitas, bem conservada e bonitas ruas e ruelas da vila, mas que nesta altura do ano, encontravam-se quase desertas. Nem parecia a vila de Nisa que tanto nos encantou e que conhecemos num verão
Mesmo assim, não deixamos de fazer o nosso caminho e percorremos a rua de Santa Maria, outras ruelas e passeamos pela rua principal da vila. Uma rua diferente, com uma espécie de "teto falso" que faz sombra no verão e protege da chuva no inverno, coberto de vários xailes, estes agora diferentes dos que tínhamos contemplado na nossa primeira visita a esta vila. Como referi anteriormente, uma rua diferente, que para além dos xailes que simulam um teto, encontramos várias fotografias de pessoas nas portadas das casas. Não encontramos informação sobre estas fotografias e pensamos que sejam dos antigos habitantes da vila e que outrora, viveram nestas casas. Nesta rua existe o núcleo central do Museu do Bordado e do Barro, mas atenção aos horários do museu, pois encerra no período de almoço.
Uma vila bonita e conhecida pela sua produção artesanal de qualidade de olaria e bordados, mas que na nossa opinião, tem muito mais encanto nas alturas de época alta.
Era uma segunda-feira e quase não vimos pessoas a circular nas ruas, várias lojas encerradas, pouca oferta e pouco comércio. Esta é só a nossa opinião e vale o que vale.
Nisa é um ponto central para conhecer a região do Alto Alentejo, localizando-se perto das Portas de Rodão, uma imponente garganta escavada pelo rio Tejo, com 45 metros de largura, localiza-se também muito próximo da emblemática vila de Castelo de Vide, dos passadiços da praia do Alamal, onde se avista o Castelo de Belver, do Trilho da Barca da Amieira, da Barragem da Póvoa e de várias praias fluviais.
Visitar esta região, é sentir-nos mais ricos em cultura, história, arquitetura, artesanato, gastronomia e em beleza natural e foi este um dos motivos que nos levou a voltar a Nisa. As festas da cidade, realizam-se no final de Julho e são uma ótima oportunidade de conhecer os produtos regionais e locais desta região.
A 11 quilómetros desta vila, encontram-se as Termas de Nisa, para quem aprecia os tratamentos naturais das águas das nascentes, com propriedades medicinais. A nascente da Fadagosa é conhecida pelas suas águas com propriedades medicinais desde o séc XVII e indicadas para o tratamento de doenças da pele, do sistema respiratório e do reumatismo.
O inicio do Outono é sempre bonito, com as folhas a começar a cair das árvores, os verdes dos campos e das árvores que dão lugar às cores de outono, com os laranjas, os amarelos, os castanhos, mas que não deixam de ter a sua beleza natural, com dias com ainda algumas horas de sol, com temperaturas amenas e ainda quentes e que nos proporcionam relaxar, aproveitar e descansar em ambientes como o refugio que escolhemos para estes dias passados no Alto Alentejo.
Como tal, voltamos para Gavião e aproveitamos o resto da tarde a descansar numa das espreguiçadeiras da piscina do complexo hoteleiro.
O jantar foi no simpático e acolhedor restaurante do hotel e usufruímos de uma agradável refeição, com um presunto caseiro de entrada, seguido de um bacalhau à lagareiro, um ensopado de borrego, servido com um excelente vinho branco regional da adega de Campo Mayor.
Para terminar uma típica sobremesa alentejana, sericaia com ameixas de Elvas.
3º Dia - Aniversário do Homem - Regresso a casa
1 de Outubro, mais um aniversário do meu Homem e para o ano já vão ser 50 anos.
O pequeno almoço foi muito agradável, com vista sobre o Castelo de Belver e com produtos regionais, caseiros, tudo muito fresco e bem confeccionado e até teve direito a um miminho do hotel.
Ofereceram um mini bolo com uma vela, mas não teve direito a cantar os parabéns, porque me pediu para não o fazer.
Despedimos-nos do glamping onde o Homem adorou mais do que eu e combinamos repetir este tipo de turismo rural.
Continuamos o nosso percurso com destino a Lisboa, sempre por estradas nacionais, com uma paragem em Arraiolos, para tomar um café e comer uma empada, na praça central.
Arraiolos, uma vila alentejana, conhecida como a vila dos tapetes. E quem nunca ouviu falar dos conhecidos tapetes de Arraiolos, bordados à mão com lãs de várias cores sobre uma tela de juta ou algodão, por gerações de bordadeiras. Este artesanato é talvez dos mais antigos de Portugal e existem estudos que comprovam que esta arte, teve inicio na época dos Mouros, durante o séc XII e atingiu o seu auge no séc XVIII, com motivos florais.
Antigamente eram muito utilizados e nos tempos das nossas avós, era comum existir um tapete de Arraiolos em pelo menos uma divisão da casa. "O tapete está na rua" é o evento cultural que se realiza durante o mês de maio e que comemora a cultura local a que estes bordados estão ligados.
Mas esta vila é muito mais do que isso. Localiza-se a sensivelmente 20 km de Évora e apresenta um vasto património histórico e cultural, com o seu famoso castelo circular, românico-gótico do séc XIV, também conhecido como Paço dos Alcaides e que se situa no Monte de São Pedro.
Foi na praça central da vila que nos sentamos numa esplanada, bebemos um café e saboreamos uma típica e tradicional empada desta região.
As célebres "Empadas de Arraiolos", um salgado típico com um toque especial dado pelos habitantes locais e que merecem ser provadas. Existem várias ao gosto, desde a conhecida de galinha, como de pato, bacalhau, vitela, entre outras.
Esta vila para além do seu património histórico, também apresenta um vasto património paisagístico, onde destacamos as planícies típicas alentejanas, contrastando com os montados, que para quem não sabe o que é, passo a explicar: um ecossistema criado pelo homem e característico desta região, com florestas de azinheiras, sobreiros, carvalhos e castanheiros. O artesanato principal desta região, para além dos tapetes, é a extração e a exportação da cortiça.
Deixamos esta bonita vila com a promessa de uma dia voltar e explorar com mais calma e mais tempo este bocadinho do Alentejo. Continuamos o nosso caminho, sempre por nacionais e fizemos uma última paragem para esticar as pernas e beber um café, em Alcochete.
Passeio do Tejo, inaugurado em abril de 2014, uma parte do "murete" construído em meados do séc XX, que a câmara municipal preservou no âmbito da requalificação da Frente Ribeirinha de Alcochete. Pensa-se que a muralha foi construída no séc XIX e na sequência da sua degradaçação provocada pelas águas do rio Tejo, foi reparada no séc XX. A muralha original não se sabe muito bem onde foi edificada, mas servia de proteção da cidade por causa das águas revoltas do rio, que persistia em avançar terra adentro, levando à destruição de várias casas.
Regressamos a casa com mais um dos nossos percursos, um dos nossos caminhos arrufados, desta vez mais light, que nos permitiu descansar e revigorar a mente e a alma, uma forma de nos desconectarmos do barulho e da confusão da vida citadina a que estamos habituados. Ficamos mais ricos em história, cultura, paisagens, gastronomia e com mais uma história para contar e mais tarde recordar.
"Não vês que somos viajantes?
E tu me perguntas:
Que é viajar?
Eu respondo com uma palavra: é avançar!
Experimentais isto em ti
Que nunca te satisfaças com aquilo que és
Para que sejas um dia aquilo que ainda não és.
Avança sempre! Não fiques parado no caminho."
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