GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO DE 1 DIA PELA SERRA DA ESTRELA, PRAIA FLUVIAL DE LORIGA, FRAGA DA PENA, PRAIA FLUVIAL DE COJA
(Roteiro de 1 Dia)
Uma manhã de primavera de sábado fizemos o nosso primeiro passeio, traçamos o nosso caminho, com saída bem cedo, de forma a aproveitar o dia. Saída de Lisboa pela A1 às 7h30 da manhã com direção à Serra da Estrela e a toda a sua envolvência que a serra tem para nos oferecer.
A Serra da Estrela é o ponto mais alto de Portugal Continental , com 1993 metros de altitude, na Torre, com vales e montanhas cheias de cor no Verão ou salpicadas de branco no Inverno.
Para quem gosta de fazer caminhadas, existem mais de 300 km de trilhos do Parque Natural da Serra da Estrela, todos devidamente assinalados. Trilhos não são o que mais gosto de fazer e o Homem já foi apaixonado por trilhos no passado, quando ele corria meias maratonas ou percorria os Caminhos de Santiago. Fomos apenas à descoberta das belezas que esta serra tem para nos oferecer, sair da confusão da cidade e poder desfrutar do silêncio, do chilrear dos passarinhos, do som da água a correr nas ribeiras e lagoas.
Em qualquer altura do ano é possível visitar a Serra da Estrela, tudo depende do tipo de turismo que prefere. Para nós a melhor altura será sempre a Primavera com as flores a desabrochar das mais variadas cores e a água que o Inverno deixou nas lagoas e ribeiras, ainda com alguns salpicos esbranquiçados de neve. No Verão a serra tem uma beleza diferente e pode aproveitar para se refrescar nas várias praias fluviais. Também pode ser uma boa opção para quem pretende um turismo rural, diferente da agitação das praias do litoral algarvio ou alentejano.
No Outono pode apreciar a serra com os seus tons amarelados, alaranjados e acastanhados, com temperaturas amenas e excelente para fazer caminhadas. É de uma beleza impar.
O Inverno é a estação do ano mais procurada para quem gosta de neve e de todos os desportos que a neve nos oferece, tanto para miúdos ou graúdos.
A nossa primeira paragem foi no Covão da Ametade, a 1500 metros de altitude, uma antiga lagoa de origem glaciar com uma vegetação carregada de vidoeiros e bétolas ao longo de toda a margem do rio. É aqui que é possível apreciar a nascente do Rio Zêzere, que mais tarde vai desaguar no Rio Tejo. Um pouco mais acima pode encontrar umas formações rochosas de origem granítica, Cântaro Raso, Cântaro Gordo e Cântaro Magro, é possível observar mais de perto estas formações rochosas se fizer um pequena caminhada. Se não for o que mais gosta de fazer, pode sentar-se a ler um livro, contemplar a paisagem, ouvir apenas o silêncio, fazer um piquenique numa das mesas dispersas por todo o covão. É simplesmente mágico.
Depois de regressar à estrada fomos visitar o Vale do Rossim, seguindo sempre pela N232, uma estrada sinuosa, cuidado com as náuseas para quem não gosta de curvas, mas com uma paisagem estonteante, passando por Manteigas e Penhas Douradas. Se tiver atenção durante o percurso pode apreciar a nascente do Rio Mondego.
A Barragem de Vale do Rossim localiza-se no concelho de Gouveia, é uma lagoa artificial e é considerada a praia fluvial mais alta de Portugal, com área de lazer e recreio a 1400 metros de altitude. Antes de ser construída a barragem, o local servia para a pastorícia, com vários rebanhos que se juntavam de todas as zonas das redondezas. Está inserida na reserva biogenética do Planalto Superior.
Saindo de Vale do Rossim decidimos ir almoçar a um restaurante no Sabugueiro, seguimos por uma estrada (N232) de forma a observar e fotografar um rochedo que tem a forma de Cabeça do Velho.
Durante o nosso percurso de carro fomos assoberbados pela presença de um rebanho de cabras e ovelhas no meio da estrada, o que nos obrigou a parar. Como o Homem adora falar com os aldeões, meteu conversa com o simpático pastor, que até nos permitiu tirar uma fotografia às suas cabrinhas... fotografia essa que nos saiu cara, pois o simpático senhor pediu-nos dinheiro por ter permitido fotografar os animais. Até parecia mentira, no fim do mundo e com este tipo de atitude! Lá pagamos 1€ que era o que tínhamos e ficamos com esta recordação.

Sabugueiro, é considerada a aldeia mais alta de Portugal, a 1050 metros de altitude. Esta aldeia viveu durante muitos anos da agricultura e da pastorícia, com as suas cabanas de pastores, onde viviam os aldeões. Ainda hoje se pode encontrar o forno comunitário, onde a população da aldeia cozia o pão. Hoje em dia a aldeia vive do turismo rural, da restauração e da venda dos produtos locais, nomeadamente, o queijo da serra, os enchidos da região, o mel, o licor serrano e não esquecendo, os cães da Serra da Estrela.
Percorrer as ruelas da aldeia e sentir o cheiro das lareiras, no Inverno, apreciando a arquitetura das várias casinhas, é verdadeiramente apaixonante. Eu adoro esta aldeia e aconselho ser um ponto de paragem obrigatória, a quem visita a Serra da Estrela.
Foi no acolhedor restaurante Miralva que almoçamos, com uma decoração típica e uma excelente comidinha regional muito bem confeccionada. Aconselho a chanfana serrana para quem gosta.
Deixando esta aldeia apaixonante para trás, seguimos pela N339 com direção à Torre e uma curta paragem na Lagoa Comprida para tirar uma fotografia, considerada a maior lagoa da Serra da Estrela. É deste ponto que é possível fazer um trilho com aproximadamente 5 km para apreciar a beleza de um túnel com cerca de 1,5 km dentro de uma lagoa, com o nome de Covão dos Conchos.
Este túnel tinha a finalidade de conduzir a água da Ribeira das Naves até à Lagoa Comprida. Nós infelizmente não visitamos esta maravilha, porque desconhecíamos.
Apesar de ser Primavera as temperaturas ainda se encontravam muito baixas e decidimos ir beber um café acompanhado de uma ginginha na Torre. Ainda encontramos uns pontinhos esbranquiçados a cobrir algumas pedras.
Era definitivamente o Inverno a despedir-se.
Está na hora de deixar a serra para trás e prometer outra visita para o ano, pois esta serra tem sempre mais um cantinho para descobrir e para nos surpreender.
Descendo por uma estrada serpenteada e magnífica pelas paisagens, a nossa próxima paragem foi em Loriga, que fica num planalto com as montanhas a abraçarem esta vila encantadora, com as suas casas todas brancas a fazer contraste com a natureza. Fomos visitar a Praia Fluvial de Loriga, com águas cristalinas banhada pela ribeira de Loriga, onde a sua nascente encontra-se no planalto da serra. No Verão é uma praia vigiada, bastante procurada, pela sua beleza natural, pela sua área de lazer, com bar e esplanada e parque de estacionamento. É um local paradisíaco, como podem comprovar com a fotografia que vos deixo.

Saindo de Loriga seguimos por uma estrada com curvas sinuosas em direção à bonita
Aldeia do Piodão, que se localiza na Serra do Açor, no concelho de Arganil.
Há quem diga que Piodão é a "Aldeia Presépio", porque de noite quando se iluminam as casas escuras da aldeia no meio da serra, transmite um cenário único.
Existe muito para explorar nesta bonita aldeia com as suas casinhas em xisto, com a sua igreja matriz branca e azul a contrastar com o escuro das casas, com as suas estreitas ruelas, a capela de São Pedro, o forno comunitário, a eira e o museu, onde se encontra o posto de turismo.
As casas normalmente possuem dois pisos, o superior é para habitação e o inferior é para o comércio, onde pode comprar os produtos regionais, como é o caso do licor de frutos vermelhos ou o licor de castanha, que é uma delícia. Se tiver oportunidade prove os pratos típicos da região, a chanfana de cabrito e o bucho, que é o estômago do porco que depois é recheado com arroz e carne, uma verdadeira delícia para quem aprecia este tipo de culinária. Não é para todos!!
Uma aldeia que parece que saiu dos contos de fadas, inserida numa paisagem única, no meio de montanhas imponentes com as suas ribeiras a acompanhar toda a aldeia.
Deixando a Aldeia Presépio para trás, o Homem surpreendeu-me com a Cascata da Fraga da Pena, no concelho de Arganil, localizada na Mata da Margaraça, uma queda de água com 19 metros de altura. Um acidente geológico atravessado pela Barroca das Degrainhas, deu origem a várias quedas de água, que originaram a cascata da Fraga da Pena. É considerada paisagem protegida da Serra do Açor.Este local é imponente porque para além desta queda de água, a correr por um vale no meio das pedras de xisto, podemos apreciar uma vegetação muito própria, como é o caso do carvalho-alvarinho, quercus robur, medronheiro e castanheiro castanea. Se gosta de caminhar também pode fazer um trilho com cerca de 2,5 km até Pardieiros.
É sem dúvida um local que aconselho a visitar, pela sua envolvência, pelo silêncio, pela tranquilidade.
Seguindo em direção a Coja, a nossa última paragem deste dia foi na Praia Fluvial de Coja, no concelho de Arganil, localizada no Rio Alva. Local ideal para um mergulho no Verão, com várias áreas de lazer e recreio, ou apenas para desfrutar da tranquilidade e beleza natural que este lugar tem para oferecer, com uma vegetação de choupos e amieiros junto das margens do rio.
Foi altura de regressar à realidade e deixar de sonhar, hora de voltar a Lisboa e às confusões, burburinhos, agitação das grandes cidades mas que fazem parte da nossa vida e do nosso quotidiano.
A única maneira de descobriros limites do possível
está em aventurar-se
um pouco pelos
Até Breve...
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