GUIA DE VIAGEM POR TERRAS MARROQUINAS E COM UM PEZINHO EM MADRID - (Roteiro de 5 Dias)
MARRAQUEXE: uma cidade islâmica, localizada no continente Africano, em Marrocos, que não é para toda a gente, principalmente para quem nunca saiu da Europa. Uma experiência diferente, que combina cultura, tradições, exotismo, romance, paisagens pitorescas e de visita obrigatória pelo menos uma vez na vida.
Apesar da capital de Marrocos ser em Rabat e ser a cidade do Rei, esta cidade, é a mais procurada pelos turistas. Durante quase todo o ano existe turismo, com exceção dos meses de Julho e Agosto, onde as temperaturas podem atingir 40ºC, num clima quente e seco.
Marrocos é uma ditadura, tudo passa à volta do Rei e de todo o seu império. Em todos os estabelecimentos comerciais, de restauração e de hotelaria, existe uma fotografia do Rei.
Uma cidade com influencia Francesa, que se distingue pelo contraste dos edifícios modernos e centros comerciais na cidade nova e da medina e da confusão de gente nos vários souks (mercados de rua) espalhados na zona da cidade velha.
Uma cidade que se distingue pelas suas cores de terra barrenta, pelos cheiros de especiarias, pelos sabores, pelo requinte das riads e terraços que mais parece que saíram de um filme das Mil e Uma Noites.
A medina é uma cidade medieval, rodeada por muralhas, da altura do Império Berbere, onde existem os vários souks que percorrem ruas estreitas e labirínticas, onde podemos encontrar um pouco de tudo, artesanato, peças de vestuário, calçado, cosmética, fruta e legumes, talhos de rua, sem higienização, sem refrigeração, com moscas, onde os clientes não põe em causa a qualidade do produto. Isto é África!
Marraquexe tem o seu charme e encanto, mas não é para todos os gostos e pode-se tornar intensa, quando as coisas correm menos bem. Nas fotografias que vimos quando pesquizamos na internet, encontramos praças bonitas, cheias de requinte, fotografias com imagens do pôr-do-sol, dançarinas de rua com vestidos lindíssimos. Tudo isto é verdade, mas Marraquexe é muito mais do que isso! Experimente andar nos bairros das pessoas locais e observar a forma como vivem e trabalham. As ruas são sujas, o trânsito é caótico, existe muita pobreza com pessoas a pedir nas ruas. Um dos momentos que me chocou foi, ver mulheres com bebés ao colo a pedirem na rua. O ordenado mínimo é pouco mais do que 200€ e o custo de vida é acima do Europeu. A restauração é cara, o supermercado é caro. Aqui, é mesmo necessário aplicar o ditado popular: "em Roma sê-se Romano" e confesso que nem sempre é fácil de nos lembrarmos. Na cidade velha, não encontramos um café, nem um supermercado, nem uma esplanada, apenas terraços.
Os dados de roaming são caríssimos e tem um custo de aproximadamente 0,58€ / 100 KB, sem IVA, pouco variável com a operadora. Infelizmente, tivemos necessidade de usar internet algumas vezes, durante muito pouco tempo e gastamos . O melhor é nunca utilizar o os dados em roaming, apenas Wi-Fi, que nem sempre é o melhor. Nós gastamos 9 MB que correspondeu a 50€ mais IVA. Uma verdadeiramente roubalheira.
Quem ler este nosso caminho, esta nossa aventura, possivelmente, não vai ter vontade de conhecer, de viajar, mas não é esse o meu propósito, mas sim, de alertar que Marraquexe não é Europa e contar esta nossa aventura, que foi sem dúvida inesquecível!
Quando viajar para Marraquexe:
Outra altura que pode ser atribulada, é o Ramadão, que tem a duração de um mês e que normalmente é durante o mês de Março e Abril. O Ramadão acontece no nono mês do calendário islâmico e o povo pratica um ritual de jejum de comida e bebida, desde o nascer do sol até ao pôr do sol. Este ritual não é aplicado a mulheres grávidas, a pessoas com problemas de saúde, nem a crianças com idade inferior a 14 anos. Nesta altura, existe uma maior restrição de bebidas alcoólicas, mesmo aos turistas, alguns estabelecimentos têm horários diferentes e durante o horário da refeição, após o pôr-do-sol, as lojas encerram ao público. Foi mesmo nesta altura que nós viajamos até Marraquexe.
Como viajar para Marraquexe:
A melhor forma de viajar para esta cidade, é de avião, com voo direto de Lisboa pela TAP, ou por companhias low cost que são mais baratas, como a Easyjet ou a Ryanair.
O voo tem a duração de 1h15 e é mais uma hora que em Portugal, com exceção do mês do Ramadão, que é a mesma hora que GMT.
No aeroporto o melhor é deslocar-se até à cidade no transfer do alojamento escolhido. O táxi é caro e a rede de transportes públicos não é quase inexistente. Nós fomos no transfer da riad onde íamos ficar. Um serviço excelente, com um simpático motorista que nos fez o tour pela cidade.
Clima em Marraquexe:
É uma cidade com um clima muito agradável, onde dificilmente passamos frio, com temperaturas médias anuais de aproximadamente 20ºC e um clima mediterrâneo seco, com Invernos amenos e Verões quentes. Chove muito pouco nesta cidade e o mês mais chuvoso é Novembro.
Alojamento em Marraquexe:
Existe muito turismo nesta cidade e está na moda, e como tal, muitas ofertas de alojamento e para todos os bolsos, desde complexos conhecidos de hotelaria, a apaixonantes riads.
Nós fomos convidados pela minha querida amiga Portuguesa de longa data e pelo seu marido a ficar hospedados na sua elegante e simpática riad, Perlekech Riad & Spa.
Um espaço enamorado, com uma decoração sublime, muito elegante, uma arquitetura baseada num design mourisco e arte islâmica, tornando o ambiente aconchegante e familiar. Os afitriões são genuinamente simpáticos, atenciosos, prestáveis, afáveis e sempre disponíveis a toda a hora. Têm o cuidado de ir ao encontro do cliente, informando-o dos pontos turísticos, da restauração, do modus vivendis, da segurança da cidade e alertando os perigos.
Possuem uma equipa jovem, simpática e atenciosa para com todos os clientes, o que nos leva a sentir em casa e esquecermos o mundo que nos rodeia.
Atenção ao câmbio, a moeda é o dirham, em que 1 dirham equivale a aproximadamente 0,091€. O melhor é trocar os euros, ou dólares no alojamento escolhido, o câmbio é sempre melhor do que no aeroporto.
Os cidadãos portugueses e brasileiros não precisam de visto para estadias turísticas, até 90 dias, apenas é necessário o passaporte válido.
O que comer em Marraquexe:
A comida marroquina é preparada na hora e é um conjunto de sabores e especiarias, que inclui pratos marroquinos e também alguma cozinha mediterrânica.
Os pratos mais conhecidos são, o couscous com frango ou borrego, as tagines e a tangia. A Tagine, é o nome do prato de barro, envernizado, onde é confecionada a comida, com ingredientes à base de legumes, podendo também conter carne. A Tangia antes de ser um prato, é um frasco de barro, onde são colocados legumes e carne e é cozinhado lentamente em carvão. O pão marroquino é muito bom e chama-se Batbout, um pão redondo e achatado, parecido com o pão sírio.
Os sumos naturais são ótimos, e são vendidos na rua, mas atenção como são preparados. A água da torneira não deve ser consumida e atenção ao gelo nas bebidas. Um dos locais mais procurados onde existem várias bancas com sumos naturais, tanto de dia como de noite, é na praça Jemaa el-Fna. Nós bebemos um sumo com várias frutas, muito saboroso e até tirei uma fotografia com o funcionário.
Uma particularidade engraçada nesta praça, é que todas as bancas tanto de comidas como de bebidas, são numeradas. Consegue-se visualizar no canto superior esquerdo da fotografia, o número 49.
MADRID: capital de Espanha, uma cidade ocidentalizada, repleta de avenidas grandes, elegantes, com uma energia contagiante, com imensa gente nas ruas. Rica num enorme património histórico, cultural e artístico. Conhecida pelo seu bonito parque verde, El Retiro, criado entre 1630 e 1640, com uma área de 114 hectares, que desde 2021, foi considerado Património Mundial pela UNESCO.
Os Madrileños vivem a vida com tranquilidade, mas com energia suficiente para acabar o dia numa esplanada a tapear e a beber umas cañas, ou em dias de sol, estender uma toalha num dos bonitos parques da cidade e desfrutar a vida.
Os finais de tarde e noites nesta cidade, são exatamente como se vê nesta fotografia. Milhares de pessoas a caminhar, a passear, a fazer compras, independentemente da idade.
Quase me atrevo a dizer que é uma cidade que não dorme, quase como em Nova York
Quando e como viajar para Madrid?
De Portugal, pode optar por viajar de avião, com voos diretos, baratos e de curta duração, pouco mais de 1 hora, ou pode optar pelo carro, mais confortável e ao gosto do viajante. Madrid encontra-se a aproximadamente 630 km de Lisboa ou 560 km do Porto.
Qualquer altura do ano é excelente para viajar para esta cidade. O Verão pode ser a pior altura, por temperaturas insuportáveis, preços mais elevados e algumas lojas encerradas para férias.
A melhor altura é na Primavera ou no Outono, com temperaturas mais amenas, com menos turismo e dias ainda longos que nos permite passear. Não esquecer que em Madrid, como em toda a Espanha, é mais uma hora do que em Portugal.
Alojamento em Madrid:
Existem muitas ofertas hoteleiras e com preços muito variados nesta cidade. Atenção que ao fim de semana e em época alta, no Verão, na Páscoa e no Natal, os preços são sempre mais elevados.
Nós marcamos com alguma antecedência por ser fim de semana e escolhemos um hotel perto de uma paragem de autocarro para o centro de Madrid, do metro e de fácil acesso ao aeroporto, o NH Madrid Paseo de La Habana. Uma excelente escolha para um fim de semana, com quartos espaçosos, agradáveis e um ótimo pequeno almoço buffet. Apenas tivemos um problema com o ar condicionado, que estava avariado.
O que comer em Madrid:
Pode-se encontrar os sabores de toda a Espanha em Madrid, como é o caso da Paella, as variadas tapas para todos os gostos, o Cochinilo (leitão no forno), o Jamon, o Cocido Madrileno, em que o ingrediente principal é o grão de bico, a Fabada, um prato da região das Astúrias, preparado com feijão branco, os Caracoles de Madrilena.
1º Dia - Aeroporto da Portela - Lisboa, Aeroporto de Menara - Marraquexe, Medina, Jemaa el-Fna
Saída de Lisboa no voo da TAP às 13h30 com chegada ao Aeroporto de Menara, em Marraquexe às 14h45, a mesma hora local que em Portugal por ser o mês do Ramadão.
Deslocamo-nos para o nosso alojamento através do transfer disponibilizado pela riad, sem dúvida a melhor forma de nos dirigirmos para o centro da cidade.
Quando chegamos, fomos amavelmente recebidos pela minha amiga Cristina e pelo seu marido Albino, os proprietários da Perlekesh Riad & Spa, localizada numa zona central, muito próximo da grande praça, a Jemaa el Fna, uma praça diferente do dia para a noite e onde tudo acontece, desde dançarinas de rua, encantadores de serpentes, contadores de histórias, músicos, artistas, mulheres a pintar a tatuagem de hena, vendedores de sumos naturais, que são ótimos, mas atenção como são feitos, várias bancas com artesanato e de noite são montadas tendas, bancos, mesas e várias "tasquinhas" de restauração, com homens a acenar o menu e a chamar-nos para nos sentarmos. Dizem que a comida é boa e mais barata, mas nós tivemos receio de experimentar.
Riad, este nome vem do árabe "ryad", que significa jardim, são casas ou palacetes, que são o habitat natural das almedinas de Marrocos e que normalmente se localizam ao redor de um jardim. Constituídas por vários andares, com um pátio central onde existe uma fonte de água, com decoração característica de arte islâmica, as janelas dos quartos são voltadas para o pátio central. Algumas riads possuem terraços com piscina, o que se torna importante para os turistas em dias de muito calor. Também podem oferecer ao turista um Spa com massagens tradicionais e o hammam, um banho a vapor, semelhante ao banho turco, uma antiga tradição de purificação da alma. Iniciada com uma esfoliação com sabão negro, seguida de um envolvimento purificante com ghassoul, tornando a pele sedosa e macia.
Na riad destes meus amigos, podem encontrar tudo isto, desde simpatia, charme, elegância, um pequeno almoço marroquino servido no terraço, onde pode descansar ao sol, dar um mergulho na piscina, relaxar a ler um livro ou beber um cocktail ao final do dia, ou escolher uma massagem, ou um hammam, no Spa.
Depois de nos receberem com um chá marroquino, à base de hortelã, acompanhado de uns biscoitos caseiros e depois de uma agradável conversa para matarmos as saudades, fomos visitar um souk bastante perto da riad.
Os souks são mercados localizados em ruelas labirinticas e estreitas, onde circula muita gente a pé, de bicicleta ou mesmo de mota, sem capacete, transportando quase tudo nas motorizadas, inclusive, crianças e mais do que duas pessoas na mesma mota. Uma loucura!
Aqui, tudo é negociável e podem mesmo ficar ofendidos se não regatearmos os artigos vendidos. Não existem preços tabelados em nenhum estabelecimento e o comerciante pede aquilo que entende. O mesmo acontece nos táxis, que pedem o dinheiro que querem ao turista, não existindo taximetro.
Este é o espirito de um país árabe!
As ruas nos souks, são sujas, confusas e parecem todas iguais, tornando-se fácil perder-nos num local destes, o importante é manter a calma e tentar não parecer que estamos perdidos. Se assim for, o melhor é perguntar numa das lojas e nunca a alguém que passe na rua. Não que seja inseguro, mas levam-nos por ruelas até um dos pontos principais e pedem-nos dinheiro, ficando ofendidos se oferecermos pouco. Existem lojas que não aceitam euros, nem pagamento com cartões e a única forma de pagar é com dirham.
Fomos visitar o exlibris de Marraquexe, a Jemaa el Fna, uma praça enorme e cheia de gente, com uma cultura muito diferente da nossa, com cheiros e sabores típicos, um ponto de encontro, com imenso comércio. É importante deambular nesta praça a várias horas do dia e da noite, pelos seus recantos tão distintos em diferentes momentos do dia.
Atualmente, é reconhecida pela UNESCO com Património da Humanidade e visitar esta praça, é ter a oportunidade de voltar ao passado e absorver as antigas tradições culturais árabes.
No centro da praça é onde tudo acontece, mas à volta, existem lojas de souvenirs, restaurantes e bares com terraços, onde é imperativo ver o por-do-sol num desses terraços.
O marroquino é feito para negociar e se não tivermos atenção trazemos mais um souvenir que não precisamos. Não aceite nada que lhe coloquem nas mãos, não tire fotografias a encantadores de serpentes ou músicos, ou bailarinas de rua. Tudo se paga e eles ofendem-se se não o fizermos e chegam mesmo, a serem inconvenientes, eu diria mesmo hostis.
Dizem que é um povo simpático e afável, mas nós não sentimos isso, são simpáticos para enganarem o turista e chegam mesmo a ser desagradáveis.
Deixando a confusão da praça para trás, caminhamos até ao restaurante sugerido pelos meus amigos Cristina e Albino, o Café Arabe, localizado na medina, com a sua cozinha italiana e marroquina.
É sempre preferível reservar mesa para não ter de ficar à porta à espera.
Nós escolhemos mesa no terraço, um espaço amplo, elegante, muito agradável, com a excepção que é permitido fumar. Tivemos a pouca sorte de termos ficado numa mesa junto de umas senhoras que mais pareciam uma chaminé, era cigarro atrás de cigarro e nem respeitaram as pessoas que estavam a comer junto delas.
Escolhemos comida marroquina, couscous de frango para mim e uma tagine de borrego para o Homem, acompanhado por uma excelente garrafa de vinho tinto.
No final é tradição beber um chá marroquino, nós não bebemos e ficamos apenas pelo café, ou não fossemos Portugueses, mas vimos vários turistas a cumprir esta tradição marroquina e tivemos a sorte de tirar uma fotografia à excelência da forma como é servido o chá.
De regresso à riad, fomos descansar no nosso quarto Nomade, um quarto touareg que prima pela autenticidade e elegância.
Aqui, todos os quartos têm nomes sonantes, que representam a cultura árabe.
Aqui, podemos descansar, relaxar e sonhar com um conto das Mil e Uma Noites.
2º Dia - Excursão a Ourika Valley
Depois de um excelente pequeno almoço, cheio de requinte, muito diversificado, que pode ser servido no pátio central ou no terraço com vistas para a medina, deslocamos-nos até junto da farmácia, que se localiza a 100 metros da riad, na rua principal, local onde nos encontramos com o guia que nos ia levar para a excursão a Ourika Valley.
Ourika Valley, é um vale na cordilheira do Atlas, a aproximadamente 40 quilómetros de Marraquexe, onde passa o rio ourika, rodeado por aldeias berberes, onde se fala uma língua própria, Shilha.
Os berberes, são um povo muçulmano, que vive no norte de África à 5000 anos, Marrocos e Argélia, que falam a língua berbere de origem camito-semitico. No século VII, durante a invasão árabe, este povo refugiou-se nas montanhas do Atlas, construindo as suas próprias habitações.
Visitar uma aldeia berbere, é uma regresso ao passado, com a oportunidade de ver a sua arte e ouvir a sua música.
A primeira paragem desta excursão, foi numa cooperativa de mulheres onde é produzido o óleo de argan, com benefícios para a saúde, alimentação e cosmética.
Depois de uma visita guiada por uma mulher berbere a explicar-nos costumes e tradições do seu povo, a forma como era cozido o pão, e como aproveitavam o vapor da água para banhos com propriedades terapêuticas, observamos a produção do óleo de argan, desde o descascar do fruto, até à sua produção.
Este óleo, é extraído dos frutos da árvore Argania Spinosa e oferece muitos benefícios à saúde. É rico em ómega 3, 6 e 9, com propriedades anti-oxidantes e anti-inflamatórias.
Foi-nos explicado a sua finalidade, as suas propriedades terapêuticas, a sua utilização na alimentação e que pode ser utilizado em produtos de cosmética, para o cabelo, pele, unhas, hidratação, na cicatrização de feridas, no tratamento de acne, de doenças respiratórias e cardiovasculares, entre outros. Em África tudo se aproveita.
Depois de uma explicação exaustiva, onde o Homem já estava saturado, tivemos a oportunidade de provar e cheirar alguns dos produtos apresentados e beber um chá marroquino.
No final da visita, como era de esperar, encontramos uma pequena loja com todos os produtos para venda.
A paragem seguinte, foi na aldeia berbere Setti Fatma, onde existe uma mesquita e casas típicas berberes e algumas casas tradicionais onde os marroquinos mais abonados passam as suas férias de verão. Esta é a última aldeia onde se pode circular de carro e a partir daqui, só caminhando a pé ou de burro até às mais altas montanhas de África, o Atlas.
Por trás dos restaurantes turísticos desta aldeia, percorremos trilhos desafiantes, em caminhadas emocionantes, íngremes, por vezes perigosas e assustadoras, no meio de pedras, com paisagens arrebatadoras sobre as aldeias berberes, rodeadas por imponentes montanhas e pela beleza da água a cair das várias quedas de água que vão escavando por entre os majestosos penhascos.
São sete quedas de água, mas a caminhada é muito íngreme, perigosa e não é para todos, apenas para pessoas experientes e bem preparadas fisicamente.
O nosso guia apenas nos leva a conhecer as duas primeiras cascatas. Até à primeira queda de água, o caminho é um pouco atribulado no meio de pedras, mas nem por isso é muito difícil e de fácil acesso para quase todos os caminhantes. A subida para a segunda cascata não é para todos, curta, desafiante, perigosa e íngreme, sem nenhumas barras de proteção e segurança.
Não é aconselhável para quem tem vertigens e o Homem ia morrendo com medo das alturas. Os guias explicaram-nos que quando existem pessoas como ele, colocam uma venda nos olhos e vão puxando a pessoa para cima. Por vezes existem mesmo alguns turistas que se agarram às pedras e com o pânico, não sobem nem descem e esta é a única forma de os tirarem dali.
Durante todo o percurso, o guia vai parando várias vezes o que nos permite descansar, respirar e beber um pouco de água. A água da montanha é deliciosa e muito fresca. Sempre que faz uma paragem, o guia vai explicando toda a história das aldeias berberes, dos seus costumes e tradições. Durante a parte inicial e final do percurso, encontramos várias lojas de artesanato e alguns estabelecimentos com alguma restauração e bebidas frescas com uma refrigeração natural, com a água fresca vinda do degelo das montanhas. Os guias são beberes e são fluentes em inglês e francês. Como nos explicou, também falam um pouco de espanhol e italiano, fruto da aprendizagem da vida.
Em Setti Fatma, poderá desfrutar da autêntica cozinha marroquina nos variados restaurantes quase todos junto do rio ourika. Foi num desses espaços que nós almoçamos, com os pés dentro de água. Uma experiência verdadeiramente apaixonante, com vistas sobre as montanhas do Atlas. Escolhemos uma tagine kefta e uma tagine berbere. De sobremesa, uma mousse de chocolate e um crepe com chocolate. O álcool não é permitido nestes restaurantes e ficamos por coca cola. Muitos dos pratos são preparados com ingredientes cultivados localmente.
O macaco Barbary, é um primata em extinção e que habita esta região de Marrocos, encontra-se nas árvores e está sempre pronto para roubar um pouco de comida deixada pelos turistas.
Enquanto estávamos a almoçar, tivemos a sorte de observar vários macacos desta espécie, que assim que tinham uma oportunidade, desciam das árvores e roubavam aquilo que conseguiam. É muito engraçado de ver e valeu-nos algumas fotografias bem giras.
A melhor forma de fazer esta visita, é através de uma excursão com guia. Também pode optar por carro, mas conduzir em Marrocos pode ser um desafio, com um trânsito caótico, estradas estreitas e sinuosas. É aconselhável um GPS para uma navegação mais fácil e de obrigatoriamente mapas offline.
De regresso à riad, fui descansar as pernas numa espreguiçadeira no terraço a ler um livro, enquanto o Homem trabalhava um pouco no computador. Nem nas férias ele tem sossego!
Os meus amigos, proprietários da riad, aconselharam-nos a fazer reserva para jantar no restaurante Al Baraka, na praça Jemaa el Fna. Este restaurante, com cozinha tradicional marroquina, foi construído no séc XVII, respeitando uma arquitetura tradicional e requintada. Possui vários salões e pátios com muita vegetação, onde podem ser realizados vários eventos. Normalmente tem dança do ventre e musica tradicional marroquina. Do telhado, consegue-se ter uma vista sublime do minarete Koutoubia e das montanhas do Atlas.
Eu escolhi como prato, um pincho de borrego (espetadas de carne picada) com arroz árabe e o Homem, escolheu uma tangia de borrego, acompanhado de um vinho tinto de origem árabe. Desfrutamos da nossa refeição ao som da música árabe, intercalado com a dança do ventre. Este estilo de dança surgiu no Antigo Egito, onde as mulheres dançavam em cultos religiosos, agradecendo à Deusa Afrodite pela fertilidade da terra e das mulheres.
3º Dia - Madrassa Ben Youssef, Jemaa el Fna, Minarete de la Koutoubia, Policia, Tribunal, Jemaa El Fna (Salama)
O dia de hoje seria dedicado a explorar os recantos da medina de Marraquexe, o Palácio Baldi, o Palácio Bahia e as ruas estreitas e labirinticas dos souks, que convidam a uma aventura sensorial inesquecível. Tivemos um percalço na hora de almoço, por causa da policia e do drone, que nos atrasou e nos impediu de visitar alguns dos monumentos que tínhamos em mente, como foi o caso de ambos os palácios, que por ser sexta feira e no Ramadão, encerram às 15h.
A medina é o coração e a alma desta cidade, uma cidade rodeada por muralhas, repleta de comércio nas suas praças, animadas por centenas de pessoas, que se misturam entre turistas e locais, de dia e de noite e que caminham em todos os sentidos. Na medina, existem hoteis, riads, para todos os orçamentos, restaurantes, bares, monumentos, alguns pontos de interesse e imensos souks, que atraiem milhares de turistas o ano inteiro, com alguma exceção nos meses de Julho e Agosto, em que as temperaturas são muito elevadas e quase impossível caminhar nas ruas.
Nesta cidade, existem 18 souks, onde trabalham cerca de 40 mil artesãos de diversos ramos. Os souks estão organizados por vários tipos de atividades e com horário entre as 8h e as 20h.
Os mais conhecidos são: Souk Addadine, com artigos de metal; Souk Zrabia, dedicado à tapecaria; Souk Syyyaghin dedicado à joalharia; Souk das Especiarias, junto do antigo bairro judeu.
Os souks são muito mais do que mercados para o turista passear e perder-se, são pontos de encontro entre a população local e os vendedores. Os supermercados são muito caros e a população local faz os seus abastecimentos nos mais variados souks. Cada um tem o seu encanto, as suas próprias histórias e o seu próprio material para venda.
Explorar cada ruela, cada beco, cada loja, é explorar a criatividade, a tradição, os costumes e fazer uma viagem ao coração da história desta cidade. Foi talvez para mim, o melhor que levei deste país, desta cidade.
A nossa primeira paragem foi na Madrassa Ben Youssef, que se encontra na medina, anexa à mesquita homónima. Madraça significa colégio ou escola de ensino superior para ensino religioso.
Foi durante vários séculos, um colégio interno islâmico, sendo o maior e mais importante madraçal de Marrocos, com 130 quartos, que alojavam 900 estudantes. Atualmente os quartos estão desabitados e apenas serve para uma visita turística.
O maior interesse, é o seu pátio central, com uma arquitetura islâmica, muito elegante, que reflete a história da arte marroquina. O horário é das 9h às 19h e o valor dos bilhetes é de 50DH. Pode comprar os bilhetes no site oficial ou localmente.
Saindo da Madrassa, fomos abordados por um marroquino que nos quis acompanhar a um bairro onde trabalham artesãos que fazem os cortes das peles.
Caminhamos várias centenas de metros, pelas ruelas do souk, acompanhados do marroquino até chegarmos a uma zona menos povoada por turistas e habitada por pessoas locais.
Quando chegamos ao local, não nos agradou o aspeto do bairro e a forma como fomos abordados por eles.
Tivemos medo e decidimos agradecer e voltamos para trás, seguindo por estradas esburacadas, pouco asfaltadas, sujas, com casas pobres e algum comércio local, até à praça Jemaa el-Fna onde fomos visitar a Mesquita Koutoubia.
Uma das maiores mesquitas do mundo islâmico e a mais importante de Marraquexe. Infelizmente, os turistas não têm autorização para visitar o interior das mesquitas. Apresenta 70 metros de altura e uma arquitetura islâmica, com uma faixa de azulejos cerâmicos.
Junto da mesquita encontram-se agentes de autoridade e o Homem decidiu perguntar se era possível levantar o drone e fotografar a mesquita. Foi aqui que se instalou a confusão e perdemos várias horas do nosso dia por causa do drone.
Passo a explicar, para visitar Marrocos, é obrigatório declarar o drone assim como, máquinas fotográficas profissionais, no aeroporto e nós não sabíamos e quando passamos no controlo do RX, não nos disseram nada, talvez por não se terem apercebido. Fomos honestos, verdadeiros e só tivemos problemas com o povo árabe.
Primeiro ficamos à espera que nos fosse entregue uma declaração, depois tivemos de ir com os polícias até à esquadra para esperar por essa declaração. As horas foram passando e a nossa paciência foi diminuindo.
Tentamos perceber qual era o problema, mas não nos foi explicado, apenas comunicavam entre eles em árabe e só nos diziam para ter paciência e esperar. De um momento para o outro, mudaram de atitude e disseram-nos que iam apreender o drone e que era necessário deslocar-nos ao Tribunal, para falar com o procurador e tentar perceber o que se iria passar.
Lá fomos nós de táxi tentar encontrar uma solução para o nosso problema. Quando lá chegamos, o procurador disse-nos que o nosso caso seria tratado no Ministério da Administração Interna e que estaria lá alguém para nos receber. Lá voltamos nós a ir de táxi: Quando lá chegamos, o ministério já tinha encerrado, mas lá conseguimos que nos recebessem.
Mais uma vez explicamos toda a nossa história e depois de alguma humildade da nossa parte, conseguimos reaver o drone no aeroporto, no dia da nossa partida, depois de uma coima, decidida e imposta por eles. Sim, porque o que sentimos com este povo, é que é preciso o turista ter uma atitude humilde, de submissão, mesmo que esteja certo nas suas atitudes e decisões.
É sem dúvida outra realidade muito diferente da Europa, com as suas próprias leis e regras e quem tiver interesse em visitar este país, tem de ir formatado e com espírito para uma cultura diferente, uma forma de estar diferente. Não é para todos e definitivamente, o Homem não tem espírito para isto.
Com menos uns euros na carteira, voltamos de táxi até junto da Palácio el Badi, mas infelizmente já estava encerrado. Atualmente encontra-se em ruínas, com um pátio em ruínas que transmite a imagem do esplendor que este palácio já teve. Consegue-se visualizar um filme de como o palácio era antigamente. Construído no séc XVI pelo sultão Ahmed al-Mansour, uma forma de comemorar a Batalha dos Três Reis, uma derrota dos Portugueses. O palácio está aberto todos os dias das 9h às 17h e o valor da entrada é de 70DH.
Outro palácio que tínhamos em mente ir visitar, mas com o imprevisto que tivemos se tornou impossível, era o Palácio Bahia, construído no final do séc XIX com o objectivo de ser o palácio mais importante e impressionante do mundo árabe. O nome Bahia significa o belo ou a bela e existem algumas teorias que reportam a uma homenagem à mulher preferida do vizir. O palácio está aberto todos os dias das 9h às 17h e o valor da entrada é de 70DH.
Eram quase cinco da tarde e nós sem almoçar, enervados, angustiados com toda a situação e com a falta de tempo para visitar o que tínhamos em mente, decidimos ir petiscar e beber algo, num dos terraços da big square, para ver o por-do-sol.
Vale a pena perder-se na praça Jemaa el Fna, mas quando o sol começa a baixar, devem subir a um terraço para contemplar imensa beleza paisagistica. Ninguém sobe aos terraços dos estabelecimentos sem consumir alguma coisa e nós optamos pelo Le Salama, um restaurante marroquino, com três pisos e um terraço vidrado e panorâmico, com vistas de 360º sobre a medina e as montanhas do Atlas.
As mesas mais próximas das vidraças estavam todas reservadas, embora não tivesse aparecido ninguém enquanto lá estivemos. Na realidade, apareceram duas raparigas que talvez por terem um aspeto mais nobre, ao perguntarem ao funcionário se havia mesa, o mesmo funcionário que nos atendeu, disse que elas podiam escolher. Claro está, que o Homem não gostou do que se passou e chamou a atenção desse funcionário, que não teve a melhor reação à nossa indignação. Enfim! Sem dúvida um país Árabe.
De regresso à riad, combinamos ir jantar com os meus amigos Cristina e Albino ao Café Arabe. Desta vez ficamos no piso de baixo, interior, mas com bastante luminosidade e vegetação. Foi um jantar muito agradável, com uma excelente companhia e uma ótima conversa, que nos levou a ser os últimos a sair do restaurante. Desta vez escolhemos comida mais ocidental, uma carne de vaca grelhada servida com batatas fritas e uns crepes de legumes com salada e couscous.
4º Dia - Aeroporto de Menara, Aeroporto de Barajas, Parque del Retiro, Puerta del Sol, Templo Debod, Plaza Mayor
Estava um dia quente de verão e escolhemos fazer a nossa última refeição no terraço da riad. Estava na altura de nos despedirmos desta cidade, deste país e dos meus amigos Portugueses, que nos tiveram a amabilidade de nos receber com tanto carinho e amizade. Deslocamos-nos no transfer até ao aeroporto, onde íamos finalmente recuperar o drone, na zona das chegadas.
Já tínhamos efetuado o check in online e qual foi o nosso espanto, quando chegamos ao aeroporto e tivemos de nos deslocar ao balcão da companhia aérea. Atenção, que é igual para todas as companhias aéreas. Fazer o check in online de nada serve! Mais uma vez sem comentários sobre esta retrograda realidade.
Depois de termos passado no balcão da companhia Iberia, por sinal uma excelente companhia, de sermos obrigados a enviar a bagagem para o porão, sem necessidade, o Homem foi recuperar o drone à zona das chegadas. Quando regressou para junto de mim, contou-me que estavam lá cerca de 20 drones, aproximadamente o que eles apreendem por dia. E assim embarcamos com destino à velha Europa, a Madrid, para desfrutarmos do resto do fim de semana.
No Aeroporto de Barajas, sentimos-nos aliviados por pisar solo onde se respira liberdade, fomos levantar a nossa bagagem e deslocamos-nos de metro (linha 8) até ao hotel escolhido pelo Homem, muito bem localizado a cerca de 450 metros da estação de metro de Colombia e a 600 metros da estação de metro de Concha Espina.
Fomos muito bem recebidos pela rececionista do hotel que nos informou que existe uma paragem de autocarro mesmo em frente do hotel. Escolhemos essa forma de nos deslocar até ao centro da cidade e descemos numa paragem muito próximo do parque El Retiro.
Este enorme parque verde, foi construído no reinado de D Felipe IV, com a construção do Palácio do Bom Retiro. Foi parcialmente destruído durante a Guerra da Independência, mas depressa recuperou o seu encanto, convertendo-se num parque para o povo e a realeza.
Com uma área de 118 hectares, é considerado o principal pulmão da cidade e o preferido dos madrilenhos. No coração deste parque, existe um grande lago, com o monumento alusivo a Alfonso XII, onde é possível fazer passeios de barco a remos, ou no barco grande. Entre os espaços mais destacados do parque, existe o Palácio de Cristal, construído em 1887, localizado em frente ao grande lago, tendo sido utilizado como estufa e atualmente, como sede de várias exposições. Também pode encontrar a Casa Velazques, o Roseiral, a Parterre, um canteiro onde existe a árvore mais antiga de Madrid, o Taxodium Mucronatum e o Passeio da Argentina, como o nome indica, um passeio onde existem várias estátuas dos reis da Espanha.
Este parque, faz as delícias dos turistas e dos madrilenhos, com vários artistas de rua a tocar, a cantar, com shows de marionetes ou magia, com algumas zonas de restauração e de lazer, como parques infantis. O parque encontra-se aberto todos os dias das 6h às 22h no horário de inverno e das 6h às 24h no horário de verão. A estação de metro mais próxima do parque, é Retiro, na linha 2.
Deixando o parque para trás, caminhamos por várias estradas, passando pelo Museu do Prado, onde não entramos. É o museu com obras de arte mais importante de Espanha e um dos mais importantes do mundo, localizado na avenida passeio del prado. Continuamos o nosso passeio até à Puerta del Sol, chamada de Times Square Espanhola, palco de vários eventos, espetáculos, de vida social diurna e noturna, rodeada de vários restaurantes, cafetarias, bares, lojas.
O seu nome tem origem dos seus antepassados, sendo uma das portas de acesso à cidade, onde no seu portão existia um sol. Nesta praça, existe uma estátua de Vénus, La Mariblanca e é aqui onde encontramos o Quilómetro Zero, donde todas as distâncias do país são medidas. Localiza-se em frente ao edifício de Real Casa de Correos.
Continuando o nosso caminho, seguimos até ao Templo de Debod, passando pela Plaza de España. O acesso ao templo é gratuito e um dos poucos testemunhos arquitetônicos da arte Egipsia. Localiza-se a oeste da Plaza de España, ao lado do Parque del Oeste, com 2200 anos de história, foi um presente do Egipto, pela colaboração de Espanha no salvamento dos templos de Núbia.
O templo está rodeado de jardins que permitem os madrilenhos aproveitar o ar livre, fazendo um piquenique ou apenas estender uma toalha e contemplar o pôr-do-sol. Dizem que deste miradouro, é um cartão postal para uma das melhores vistas para observar o pôr-do-sol e nós formos testemunhas dessa maravilha.
Neste andar, para além deste soberbo miradouro com vista para a cidade, encontra também, um espaço gastronómico gourmet experience, com várias opções para degustar um menu diferente, acompanhado ao som de música ao vivo, com bandas locais. Um ambiente descontraido, elegante e divertido, para um final de tarde ou início de noite.
Decidimos jantar num dos restaurantes da Plaza Mayor. Uma praça que foi palco de corridas de touros, festas populares, coroações, beatificações e que actualmente, encontra-se rodeada de restaurantes, bares, esplanadas e lojas com recuerdos. Nas ruelas perpendiculares à praça, os preços são menos inflacionados e uma melhor opção para degustar uma excelente refeição. Aqui também pode apreciar um bom espetáculo de flamenco. Existem várias casas com vários espetáculos, a vários preços.
Madrid, é uma cidade que não dorme, com muito movimento pedonal durante o dia e a noite. Ao caminharmos pelas ruas, somos surpreendidos por cantores de rua, pelo som de um homem a tocar viola, de conversas e gargalhadas animadas de jovens divertidos, de milhares de gente nas ruas, do tilintar de copos de madrilenhos que acabaram o seu horário de trabalho e foram beber um copo com os colegas, de turistas a deambular nas ruas e ruelas, independentemente da altura do ano.
Madrid é tudo isto, é uma cidade com uma energia contagiante, em qualquer altura do dia, da noite, do ano. Este é o espírito! Este povo não vive para trabalhar, mas sim para se divertir e viver a vida ao máximo e a frase que mais se apropria a este estilo de vida é "no pasa nada" ou em Inglês, "don´t worry, be happy".
5º Dia - Plaza de España, Palácio Real, Catedral de la Almudena, La Latina - Mercado El Rastro, Mercado de San Miguel, Metropolis, Templo de Debod, Plaza Mayor, Aeroporto de Barajas
Depois de uma excelente noite de sono e um ótimo pequeno almoço buffet com tudo o que tínhamos direito, deslocamos-nos de metro até à Plaza de España, continuando o nosso percurso a caminhar até junto do Palácio Real, que desde a Segunda República Espanhola, é residência oficial do Rei de Espanha e considerado o maior Palácio da Europa Ocidental, com uma construção barroca, uma área de 135 000 m2 e mais de 4000 divisões, das quais se podem visitar uma parte. Localiza-se junto dos jardins da Plaza de Oriente e encontra-se aberto das 9h às 18h, com um valor de 14€ por pessoa, sendo gratuito para crianças até aos 5 anos e pessoas com um grau de deficiência superior a 33%.
No Palácio Real somos presenteados por emblemáticos jardins, como o Campo del Moro e os Jardins de Sabatini. Visita obrigatória para contemplar as obras de vários artistas, como Caravaggio, Velazquez e Goa. Também encontra sempre uma exposição temporária. Infelizmente, nós não visitamos porque existia uma enorme fila para entrar.
A Troca da Guarda, é uma experiência interessante, que pode ser assistida à quarta feira ou ao sábado e a melhor perspectiva é da Plaza de la Armeria.
Atrás do Palácio, encontramos a Catedral de Santa Maria de la Almudena, também de visita obrigatória e gratuita. Construída no final do séc XIX, com uma fachada exterior de arquitetura neoclássica, com 102 metros de comprimento e 73 de altura. Apresenta uma arquitetura neogótica no seu interior e neorromânico na cripta. Se pretender visitar a cripta com as suas 500 colunas ou subir à cúpula, tem de pagar 4€. O museu da catedral nasceu com o objetivo de investigar, conservar, transmitir a história da diocese de Madrid. Apresenta uma exposição permanente com objetos de grande valor histórico, religioso e artístico. A visita ao museu apresenta um valor de 7€, com subida à cúpula incluída e um horário das 10h às 14h, estando encerrado aos domingos e feriados.
Real Basilica de San Francisco el Grande, uma Basílica com uma arquitetura neoclássica, construída no séc XVIII, localizada no centro histórico da capital, no bairro de Palácio e de visita gratuita. Foi construída sobre um antigo convento, que segundo a lenda, foi fundada pelo próprio São Francisco de Assis. Na nossa opinião, o seu interior é mais pobre e menos imponente que a Catedral de la Almudena, embora se destaque uma cúpula com 33 metros de diâmetro, sendo a maior da Europa. Aqui, destacam-se as obras de pintura espanhola de Goya.
Muito próximo da Basílica, encontra-se o famoso bairro La latina, que se localiza na estação de metro La Latina, onde ao domingo se localiza um mercado de rua, o El Rastro, com ruas e ruelas labirínticas e estreitas, que ao domingo se encontram encerradas ao trânsito e onde é possível encontrar uma variedade de artigos novos ou em segunda mão.
É tipo a nossa feira da ladra, com tudo aquilo que pode imaginar ou não.
Aqui também encontra vários bares de tapas e cantinas típicas. Nós tivemos sorte e era domingo e foi muito divertido deambular no meio destas ruelas, observar e ficar fascinado com tudo o que nos rodeava, a simpatia dos feirantes, a arte de regatear, a imensidão de gente que circulava. Nós circulamos com tranquilidade, mas atenção aos carteiristas. Quando estava a comprar um abanico para a minha avó, a simpática feirante explicou-nos que os descendentes de Madrilenhos eram conhecidos por "ratos". Ela era uma "rata", o que para nós, Portugueses não tem o mesmo significado. Contemos uma gargalhada e seguimos o nosso caminho.
Depois de visitarmos este mercado, fomos procurar o restaurante mais antigo do mundo. É mesmo verdade e Madrid apresenta mesmo o restaurante mais antigo do mundo, O Sobrino de Botin, que existe desde 1721, localizado sempre no mesmo espaço e com um ambiente acolhedor, tradicional, e castiço que nos leva ao antigamente.
Com o dia a voar e o estômago a precisar de um empanque, tivemos a ideia de ir tapear no Mercado de San Miguel, um espaço coberto por uma estrutura em ferro, com várias bancas onde se vendem frutas, legumes, queijos, flores, carnes, peixes e vários bares, cantinas, tapearias, onde se pode degustar algumas especialidades espanholas. Nós acabamos por não ficar a degustar pela confusão de gente que ali se encontrava. Preferimos optar por um espaço ao ar livre e mais sossegado.
Fomos caminhando pela Gran Via, a Broadway Espanhola, a principal avenida da capital, que começa na rua de Alcalá e termina na Plaza de Espanha. Foi construída no início do séc XX, de forma a ligar o bairro de Salamanca ao de Arguelles, apresenta mais de um quilómetro de comprimento e é um marco importante ao nível do turismo, lazer e comercio, onde encontramos grandes lojas de nome e uma ampla oferta de teatros, cinemas e salas de espetáculo.
O bairro de Salamanca é uma zona da cidade mais chique, onde existem boutiques de grandes estilistas, com marcas de luxo internacionais e restaurantes gourmet. Com uma ampla oferta comercial, destacando-se pela exclusividade de algumas lojas. Foi neste zona da cidade que nos sentamos numa esplanada e nos hidratamos com umas cañas.
Deixando o bairro para trás, seguimos caminho por grandes avenidas e até observamos uma manifestação de trabalhadores rurais, que até mereceu uma fotografia.
Passamos pelo épico Edifício Metropollis, um edifício de estilo ecléctico e inspiração francesa, que se encontra na esquina da Calle de Alcalá com a Gran Via, junto ao Banco de España, inaugurado em 1911, projetado pelos arquictetos franceses Jules e Raymond Février para a seguradora La Union y El Fénix.
Em 1996, foi restaurada pelos grupos de Mariano Benlliuri, destacando-se a sua magnífica fachada e a sua cúpula com mais de 40 000 folhas de ouro.
Atualmente é um edifício de escritórios, que é propriedade da Companhia de Seguros Metropollis
Continuamos a descer em direção ao centro, passando pela Gran Via, e Plaza de España em direção ao Templo de Debod, para uma visita gratuita ao templo. Estivemos cerca de uma hora à espera para entrar, mas valeu a pena a visita. Um pequeno templo que foi oferta dos Egípcios aos Espanhóis, um dos poucos testemunhos arquitetónicos nubio-egípcios que podem ser contemplados fora do Egipto. Um dos grandes tesouros escondidos em Madrid. Aberto todos os dias, das 10h às 19h30 e com acesso gratuito.
Com as horas a passar, estava na altura de irmos petiscar alguma coisa antes de nos deslocarmos para o Aeroporto de Barajas, com destino ao nosso país, à nossa cidade.
Eram perto das 16 horas, caminhamos até perto da Plaza Mayor e sentamos-nos numa esplanada, onde degustamos de uma paelha e de umas patatas bravas, acompanhado de uma botella de vinho branco.
Foi um momento de tranquilidade, relaxamento e contemplação com tudo o que vivemos durante esta nossa viagem, este nosso percurso, este nosso caminho arrufado.
Seguimos de metro até ao hotel para irmos buscar a nossa bagagem e dirigimos-nos de metro até ao Aeroporto de Barajas, com destino a Lisboa, com destino a casa, com a alma cheia de memórias, de recordações, de experiências e de histórias para contar e mais tarde recordar.
É transgredir, é reinventar-se nesta passagem,
É evoluir, carregar bagagem, ter saudade e ver,
No cenário do imaginário as paisagens da viagem"
Guria da Poesia Gaúcha
Como sempre adorei a descrição e através dela fiz o mesmo percurso. Que grande odisseia. Continua Vanessa a encantar-nos com as tuas escapadelas. Beijokas grandes
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