Estradando pelo Sul

 


GUIA TURÍSTICO DE ENRIQUECIMENTO HISTÓRICO PELA ESTRADA NACIONAL 2 E PAISAGISTICO PELA COSTA VICENTINA E SUDOESTE ALENTEJANO 

(Roteiro de 2 Dias)



A história que desta vez tenho para contar, é sobre o nosso regresso à mítica Estrada Nacional 2, a maior estrada Portuguesa e a terceira maior estrada do mundo, uma estrada com 738,5 km de extensão, desde Chaves a Faro, passando por serras, rios, planícies, com um total de 11 Distritos e 35 Municípios do nosso maravilhoso Portugal. Quem pensa que o Alentejo são só planícies e o Algarve é só praia, experimente fazer as 365 curvas da Serra do Caldeirão e depois certamente que irá mudar de opinião. 


Passaram 7 meses desde o inicio da nossa aventura pela EN2, que começou em Chaves e terminou em Mora. 

Mais uma vez, de passaporte na mão, uma ideia criada pela Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, o Passaporte da Estrada Nacional 2com o objetivo de registar e identificar os turistas que passam por essa estrada. 

Os passaportes indicam os locais onde podem ser carimbados, como postos de turismo, cafés ou alojamentos, Bombeiros Voluntários, entre outros, ao longo de todo o circuito.


Foi uma iniciativa muito interessante e que nos deu um enorme prazer completar com todos os carimbos dos locais mais importantes onde passa a mítica Estrada Nacional 2.

Não existe melhor altura do ano para descer a Estrada Nacional 2, pode ser feita em qualquer altura, a escolha será sempre do viajante e daquilo que pretende desfrutar com essa viagem. 

Nós escolhemos o Verão, pois os dias têm maior duração e o Homem aproveita sempre todo o gasóleo do carro para fazer todos os quilómetros possíveis, de forma a enriquecer culturalmente o nosso caminho, a nossa história.

Se fizer a viagem na Primavera, vai presenciar as planícies do Alentejo e a Serra do Caldeirão cheia de cores, com as suas flores, com pequenas ribeiras com a água que o Inverno deixou. 

Se optar por fazer a viagem no Outono, será contemplado por planícies e serras salpicadas de tons esverdeados, amarelados e acastanhados. 

O Inverno será para nós a pior estação do ano para a sua viagem, o melhor é ir prevenido com um chapéu de chuva e um impermeável, o nevoeiro é  bastante serrado o que vai dificultar apreciar as paisagens. 

O número de dias para fazer uma viagem desta envergadura depende de cada um e daquilo que está disposto a percorrer em número de quilómetros por dia, o importante é antes de partir, descarregar os mapas offline porque como o percurso passa por serras, o sinal GPRS é perdido com muita frequência. 


1º Dia – Lisboa, Mora, Montemor o Novo, Ferreira do Alentejo, Aljustrel, Castro Verde, Almodôvar, São Brás de Alportel, Faro, Silves, Monchique, Foia, Sagres (600 km)


Mais um caminho, mais um percurso, mais uma história para contar e lá vamos nós, com saída às 5h50 da manhã das Renas (como o Homem chama a São Domingos de Rana), pela A5, A9, A10 até Benavente, Samora Correia, Coruche, de forma a não termos um encontro com os agentes de autoridade, não porque tivéssemos bebido, mas sim, porque devido à pandemia que não nos conseguimos ver livres dela, o COVID-19, a área metropolitana de Lisboa estava condicionada a horários e não era permitido ausentar-nos desde as 15h da tarde de sexta-feira até às 5h da manhã de segunda-feira. O Homem consultou amigos que vivem em Coruche e tentou perceber o melhor percurso para seguirmos e a melhor hora, e lá fomos nós, com o carro atestado em combustível e sempre com a nossa geleira elétrica muito bem abastecida, de forma a degustarmos as nossas refeições na melhor companhia com a natureza.

Uma vez em Coruche, respiramos aliviados porque não fomos abordados por nenhum agente da autoridade e lá seguimos nós o nosso caminho até Mora, de forma a retomar a épica Estrada Nacional 2, que infelizmente por falta de tempo não podemos completar em Outubro de 2020. Um conselho que dou, é que devem fazer esta estrada na sua totalidade, isto é, os seus 738,5 km numa única viagem, independentemente dos dias que tiver, pois na nossa opinião perde o encanto e esquecemos os contrastes das cores das montanhas transmontanas, com o contraste das encostas do Douro Vinhateiro, dando lugar às planícies alentejanas, com as curvas da Serra do Caldeirão e o aparecimento da costa algarvia, com as suas praias de areia branca e mar azul.

Saindo de Mora e seguindo pela EN2 partimos em direção a Ciborro, onde se encontra o marco 500 da nacional 2, pelo caminho fizemos uma breve paragem na aldeia de Brotas, para contemplar o Santuário de Nossa Senhora de Brotas e apreciar a arquitetura das casas e das suas pequenas ruelas. 



Ciborro é uma aldeia alentejana que fica no limite entre Montemor-o-Novo e Coruche, é o sítio ideal para descansar e onde paramos para tirar a fotografia do marco que assinala o quilómetro 500 da EN2, que fica mesmo em frente de um café onde se vende algum merchandizing referente a esta mítica estrada.

Nesta localidade pode ter a sorte de se encantar com algum tocador de acordeão, uma tradição que ainda se mantém nos dias de hoje. 

Deixando esta pacata aldeia para trás, seguimos o nosso caminho pela EN2 em direção a Montemor-o-Novo.


Uma vez em Montemor-o-Novo fomos tomar o pequeno almoço numa pastelaria bastante agradável no centro da cidade e aproveitamos para pedir para nos colocarem mais um carimbo no nosso passaporte. Destacamos uma visita ao castelo em ruínas, onde dizem que foi ultimada a Travessia Marítima de Vasco da Gama para a Índia. Deambular pelas ruínas do castelo é como fazer uma viagem no tempo, é simplesmente mágico e a visita é gratuita. Do alto do castelo tivemos o prazer de contemplar uma vista soberba das planícies alentejanas. Os marcos mais emblemáticos são as Portas da Vila, as Torres da Má Hora e do Relógio, as Igrejas de São João Batista, Santa Maria do Bispo e São Tiago. 


Deixando a encantadora cidade de Montemor-o-Novo seguimos para Santiago do Escoural, localidade que ficou famosa pela descoberta da Gruta do Escoural, que pode ser visitada mas sempre com marcação. Nós não o fizemos porque não marcamos.  Quando chegamos a Santiago do Escoural fizemos um desvio para visitar uma pequena capela, a Anta Capela de Nossa Senhora do Livramento ou Anta de São Brissos, uma anta que foi convertida numa capela, um verdadeiro monumento megalítico, que nos transporta aos nossos antepassados. A capela pode ser visitada mediante marcação, através de uns números de telefone que se encontram junto da mesma. 



Voltando à nacional 2, seguimos em direção a Torrão para mais um carimbo no nosso passaporte colocado no posto de turismo, sem dúvida o local mais fácil para colocar os carimbos. Se não encontrar um posto de turismo pode sempre pedir nos Bombeiros Voluntários, onde são sempre bastantes prestáveis e afáveis com os turistas que percorrem a nacional 2. 

Nesta localidade, destacamos uma visita à Igreja Matriz da Nossa Senhora da Assunção e à praça Bernardino Ribeiro, onde se pode observar uma paragem de autocarro e um marco do correio à moda antiga, o que me fez lembrar o marco de correio que existia perto da casa da minha avó quando eu era criança, sem dúvida uma boa recordação dos meus tempos de infância. 

Depois de passar a vila de Torrão passámos por uma zona cénica da estrada nacional 2, onde vários pinheiros mansos quase que abraçam a estrada, podemos mesmo dizer que é um túnel lindíssimo de pinheiros. É verdadeiramente mágico este troço da estrada, que se localiza aproximadamente ao km 574.



Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, rodeada de extensas planícies, foi a nossa próxima paragem e mais um carimbo no nosso passaporte. Aqui existiu um castelo da Ordem dos Templários. Destacamos a Igreja Matriz e a Capela do Calvário, do séc XVI, um símbolo icónico desta vila. Outro ícone da vila são as várias estátuas de mulheres lusitanas com martelos nas mãos, espalhadas em vários locais desta vila, que representam o ato de defesa desta vila.


Continuando o nosso caminho pela EN2 a nossa próxima paragem foi em Aljustrel para mais um carimbo no passaporte, onde é possível subir às ruínas do Castelo e explorar o Parque Mineiro de Aljustrel. 

Castro Verde fica a um pulinho de Aljustrel, mais propriamente a 20 km, é uma vila com grandes tradições religiosas e onde em 1139, D. Afonso Henriques foi aclamado Rei de Portugal na Batalha de Ourique. Foi uma curta paragem na nossa roadtrip, onde mais uma vez nos deslocamos ao posto de turismo para mais um carimbo no nosso passaporte. 


Com as planícies Alentejanas e os campos cobertos de magníficos girassóis a despedirem-se, chegamos a Almodôvar, onde destacamos o Convento de Nossa Senhora da Conceição e a Ponte Medieval sobre a ribeira de Cobres, que infelizmente se encontrava sem água. Aqui encontramos uma paisagem que se mistura entre a planície e a serra, ou não estivéssemos perto da Serra do Caldeirão.





Seguimos em direção aos Bombeiros Voluntários e o Homem foi pedir mais um carimbo no passaporte e cheirava tão bem... arroz de tomate com peixe frito, ou já não fosse hora de almoço e a alvorada tinha sido cedo. Um dos bombeiros muito simpático aconselhou-nos um local muito aprazível para degustarmos a nossa refeição, a Fonte da Seiceira, no Ameixial, ou mais conhecida como Espelho de Água, localizada no meio da Serra do Caldeirão. 


Já tínhamos passado pelas montanhas transmontanas, pelas encostas do Douro Vinhateiro, pelas aldeias históricas de xisto, pelas planícies alentejanas e nos vários troços da estrada podemos encontrar as Casas dos Cantoneiros, construídas na segunda metade do século XIX, para habitação dos operários, que agora fazem parte do passado, mas muitas delas em bom estado de conservação. 


Tinha chegado a hora de mais uma aventura, pelas 365 curvas da Serra do Caldeirão e são mesmo 365 curvas contra curvas, conta a história que um militar do Norte no seu percurso até Tavira, no banco corrido do camião contou 365 curvas que ligam Almodôvar até São Brás de Alportel. É um troço da estrada bem asfaltado, com guardas metálicas de proteção nas curvas e com pouco movimento. 

Este troço de 60 km foi classificado em 2003, como Rota Património, mantendo muito dos seus traços originais requalificados. 

No passado conta a população, que era uma estrada bastante procurada para quem queria ir para o Algarve, mas com a construção da autoestrada caiu em desuso, apenas permanecendo as cores, os cheiros da cortiça, as pequenas barragens, os parques de merendas à beira da estrada, as placas que vamos encontrando durante o caminho e que dizem: vende-se boa aguardente de medronho. Há quem diga que os extremos do Algarve se tocam nesta estrada, pelo centro, pela serra, pelas curvas...

Destacamos a Fonte da Seiceira, um espelho de água que faz as delicias das crianças e graúdos, com um parque de merendas e um café de apoio. Uma agradável surpresa! Recomendamos uma paragem neste local, bem próximo do Ameixial. Destacamos também o Miradouro da Serra do Caldeirão e o Miradouro do Alto da Arroteia com uma vista soberba sobre a serra e o mar. 



São Brás de Alportel
foi a nossa próxima paragem para mais um carimbo no passaporte, desta vez no posto de turismo. Uma vila algarvia, com um grande património histórico.

Destacamos uma visita ao Palácio Episcopal, à Igreja Matriz, aos Paços do Concelho.


Quase na reta final da nossa roadtrip pela mítica estrada nacional 2 chegamos a Faro e fomos tirar a fotografia da praxe na rotunda onde se encontra o quilómetro 738. Atenção que não existem passadeiras para aceder à rotunda, por isso tem de ter muita atenção para não perturbar a circulação ou ser atropelado,  e lá fomos nós para o centro da rotunda, eu a refilar por ter de ir para o meio de uma rotunda, com imensos carros a circular e o Homem todo feliz, com um sorriso nos lábios.



É tempo de deixar a nacional 2 para trás e partir à descoberta de outras aventuras, de outras experiências enriquecedoras, em paisagens e em cultura. Tempo de descobrir Silves e o seu castelo. Seguindo pela A22, a conhecida Via do Infante, chegamos a Silves em aproximadamente 45 minutos e fomos visitar o castelo, uma visita paga mas que vale a pena pelo seu património histórico e arqueológico, uma obra de arquitetura militar que os árabes deixaram entre nós, com mais de mil anos de existência. Forma um polígno irregular rodeado por uma muralha revestida a arenito vermelho, No exterior pode encontrar uma escultura em bronze que representa D. Sancho I. No interior, destacamos a cisterna que abastecia de água a cidade, vários vestígios arqueológicos e uma esplanada bastante agradável no meio de um lago. 




Com o dia aproximar-se do fim chegou o momento do Homem, a Foia, o desejo que ele tinha de ir à Foia, já desde que fez em 2018 Troia - Sagres de bicicleta ele queria ir conhecer o Miradouro da Foia. Se pensam que o Algarve é só praia desengane-se, o Algarve tem muito mais para oferecer, Silves com o seu imponente castelo, Monchique e as suas termas, Foia e o seu miradouro com uma beleza de cortar a respiração. 

Muito perto da Foia encontramos um pequeno miradouro com uma vista muito bonita e uma fonte onde podemos encher umas garrafinhas com a água de Monchique, uma verdadeira maravilha de tão fresca que estava. 



Miradouro da Foia, o ponto mais alto do Algarve, a 902 metros de altitude, na Serra de Monchique. A vista deste miradouro é soberba e é possível avistar o oceano, as represas de água, a costa vicentina, as serranias para norte e os vales que descem até à costa sul. Neste ambiente é possível observar alguns pássaros, como o papa-amoras, o pintarroxo ou a sua cria. A vegetação que aqui existe consiste, em urzais altos, rosmaninhais, tojais e estevais, envoltos em silvados e fetos. Subindo a serra existe uma excelente oferta de restauração, encontrando-se no topo uma agradável esplanada e onde se pode encontrar o tradicional artesanato da região.


Saindo da Foia e já com alguma saudade, seguimos pela N266 e N125 com direção a Sagres, o nosso destino final deste dia, que já era longo e com algum cansaço acumulado. 

Uma vez em Sagres deslocamo-nos ao alojamento escolhido, Hotel Mareta Beach, um hotel no centro de Sagres, em frente à praia, com pequeno almoço continental. Fomos jantar a um restaurante de grelhados bastante simpático e acolhedor, com preços bastante aceitáveis e empregados extremamente afáveis, no centro de Sagres, a Adega dos Arcos. Recomendamos! uma verdadeira maravilha, pela simpatia e pela qualidade da comida. 



2º Dia – Sagres, Praia do Castelejo, Aldeia da Pedralva, Praia da Bordeira, Aljezur, Praia de Odeceixe, Ilha do Pessegueiro, Porto Covo, Praia da Samoqueira, São Torpes, Sines, Lisboa (360 km)

Depois de uma noite bem dormida e com um pequeno almoço aceitável, que confesso que podia ter sido melhor, tanto pela comida, como pelo espaço localizado numa cave, sem luz natural, fomos à descoberta do Cabo de São Vicente, o ponto mais sudoeste da Europa, onde os rochedos pontiagudos sobem até 60 metros dos mares corajosos. É verdadeiramente imponente. Para os Romanos este cabo era o "Fim do Mundo", atualmente o local mais emblemático, é o Farol vermelho construído no local de um convento franciscano do séc. XVI, neste momento alberga o Museu dos Faróis. Nós não visitamos porque ainda era muito cedo e encontrava-se fechado. 


A nossa próxima paragem foi na Fortaleza de Sagres, que por ser domingo e sermos cidadãos nacionais não pagamos a entrada. Esta imponente fortificação é um monumento militar, construído no séc. XV, durante o período de Infante D. Henrique, tendo sido parcialmente destruída no terramoto de 1755 e reconstruída nos finais desse século. 

Esta Fortaleza é o prolongamento humano dos penhascos naturais e foi durante séculos a principal praça de batalhas de um sistema defensivo marítimo, com os seus admiráveis canhões, pela sua localização geo-estratégica. Tem um grande património histórico, ligada aos Descobrimentos Portugueses. 

Prepare-se para andar.... é um passeio muito agradável, embora ventoso e frio pela proximidade do mar, mas rico culturalmente. 

Chegou a altura de começar a subir em direção a Lisboa, pelas praias de areia branca e de grandes areais pela Costa Vicentina, seguida do Sudoeste Alentejano. Existe mesmo quem confunda as duas regiões. Seguindo pela nacional 268 com direção à Aldeia da Pedralva, fizemos uma breve paragem na Praia do Castelejo, com um areal extenso e os seus rochedos imponentes. 


A Aldeia da Pedralva é uma aldeia rural no concelho de Vila do Bispo, que neste momento está desertificada, mas que no passado foi palco das vivências e dos costumes de aproximadamente 100 aldeões. Em 2006, um Lisboeta decidiu dar vida e dignidade a esta aldeia e avançou na recuperação das casas em ruinas, mantendo as suas cores, os seus traços originais e edificou um Turismo de Aldeia com várias atividades desportivas, rurais (uma horta comunitária, um galinheiro, onde é possível comprar ovos das poedeiras, visualizar os patos e ver os coelhos a correr), gastronomia tradicional e para quem quiser, pode dar um mergulhinho na piscina do complexo.  Um local onde pode descansar em família ou em casal. 

Deixando esta bonita aldeia para trás, seguimos em direção à Praia da Bordeira, ou Carrapateira, por ser próximo da aldeia com o mesmo nome. O acesso à praia pode ser por estrada de terra batida ou por estrada alcatroada. Aqui deságua uma ribeira que por vezes forma uma lagoa de águas tépidas perto da foz e onde pode ser possível avistar alguma lontra. As arribas desta praia dão lugar a um extenso areal de quase 3 km de comprimento, muito exposto aos ventos marítimos. 




Muito perto desta praia podemos encontrar o Pontal da Carrapateira, onde existe uma grande variedade de flora e fauna e onde é possível percorrer o Trilho do Pontal da Carrapateira. Este trilho é circular e tem cerca de 11 km em terra batida, que pode ser feito de carro, a pé ou de bicicleta. 


Ao longo do trilho é possível ficar deslumbrado com os vários miradouros que se pode encontrar e que nos proporciona vistas soberbas sobre as arribas com o mar a servir de cenário. 

Voltando ao nosso percurso e continuando pelo Sudoeste Alentejano, fizemos uma breve paragem na bonita Praia de Odeceixe,  uma das vencedoras das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria das Praias das Arribas. Nesta praia vai desembocar um rio que faz fronteira entre o Alentejo e o Algarve e faz as delicias das crianças com as suas águas calmas e pouco profundas.



Aproximando-se a hora de almoço, estava na altura de procurarmos o local ideal para o nosso repasto. Escolhemos sempre locais onde a beleza natural prevalece, sejam falésias dramáticas, rochedos imponentes ou areais idílicos, de preferencia onde prevalece o silêncio, onde nos podemos encontrar conosco mesmo. Desta vez a escolha foi na Praia de Almograve, apenas nós, os pássaros e o barulho das ondas do mar. Fantástico!!

De barriguinha cheia, lá continuamos nós o nosso caminho e a próxima paragem foi em Porto Covo, onde pode encontrar a Baia de Porto Covo, com o seu pequeno porto de pesca e uma mão cheia de bonitas praias para explorar. Fizemos uma breve paragem no centro e saboreamos um café numa esplanada com vista para a Ilha do Pessegueiro. Nesta estrada conseguem ter uma imagem soberba da ilha e valeu-nos uma belíssima fotografia e uma grande "refilisse" da minha parte. O Homem mais uma vez, parou o carro no meio da estrada e disse: "Sai do carro e coloca-te ali no meio da estrada e vais ver... " A Vanessa lá foi a refilar porque haviam carros a querer passar, mas de facto ele tinha razão e ficou uma fotografia de livro. Sem dúvida, uma bonita imagem da Ilha do Pessegueiro. No verão existem barcos que fazem a travessia desde o porto até à ilha, onde pode visitar as ruínas do Forte de Santo Alberto, ou apenas dar um mergulho nas águas calmas e frias do mar.


Porto Covo visitado seguimos até à Praia da Samoqueira, uma das mais belas praias desta costa, pela sua beleza natural e pode ainda ser considerada um paraíso para explorar, devido à sua pouca afluência e ao seu difícil acesso. É uma bonita praia encravada nas rochas, cercada por falésias mas com um acesso através de umas escadas de pedra na rocha. Na maré baixa é possível visitar as pequenas grutas esculpidas pela erosão ou tirar partido das pequenas piscinas naturais que fazem a delicia das crianças.


Um pouco mais para norte e antes de chegar a Sines, encontramos a Praia de São Torpes onde decidimos não parar, pois o tempo não estava magnífico para dar um mergulho. Esta praia é conhecida pelo surf e por ter as águas quentes, o que atualmente já não acontece. Este fenómeno dava-se pela existência da central termoelétrica de Sines que expelia as águas de arrefecimento das turbinas naquela praia. Neste momento a central foi desativada e este fenómeno deixou de acontecer, o que nos leva a refletir: águas menos quentes mas menos poluídas. 

Optamos também por não parar em Sines pois ambos já conhecíamos e o cansaço já era algum e decidimos continuar o nosso caminho para casa sempre por nacionais que o Homem gosta mais, porque diz que a paisagem é muito mais interessante e evita-se portagens. 

In extremis da área metropolitana de Lisboa, fomos abordados pela policia com a finalidade de validar se teríamos legitimidade de nos deslocarmos no sentido Lisboa, felizmente já tínhamos completado o nosso percurso e os policias nada mais podiam fazer que não desejar um bom regresso a casa. Mais uma vez o Homem sem certificado digital da vacinação completo, respirou e disse: Ufa, já me safei! E lá continuamos nós por nacionais até ao nó do Montijo, com chegada às Renas pelas 20 horas com mais uma história para contar, para escrever e um dia relembrar...



Cada viagem encerra uma história exclusiva, a nossa hoje ficou por aqui, com promessa de outra muito em breve!




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