Nuestros Hermanos

 

GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO RICO EM HISTÓRIA, CULTURA, GASTRONOMIA E PAISAGENS ARREBATADORAS, DE CORTAR A RESPIRAÇÃO


(Roteiro de 4 Dias)



A nossa história era nada mais nada menos que uma viagem de apenas 3 dias aos Picos da Europa, mas como esta é a nossa história e nós gostamos de marcar a diferença, a nossa roadtrip não se limitou às Astúrias (habitualmente o homem leva sempre umas cartas na manga para me surpreender).

Partimos de Lisboa pela A1, A23 e A25 até à fronteira de Espanha, seguimos pela A62 (Autovia de Castilla) e A66 com direção a Zamora, seguindo pela estrada nacional LE-6511 com direção a Leon / Benavente. Seguimos pela saída 160 para a N-621 com direção a Ardon e Riaño.

Ao fim de 2 noites seguimos para Chaves, cerca de 348 km com partida de Riaño, para percorrer a mítica e maior estrada Portuguesa e a terceira maior estrada do mundo, a Estrada Nacional 2 (EN2), um sonho concretizado por António de Oliveira Salazar, que nestas celebrações dos 75 anos teve uma procura louca por muitos Portugueses.

A EN2 cruza o nosso território Português de lés-a-lés, num total de 738 km, desde Chaves a Faro, passando por serras, rios, planícies, com um total de 11 Distritos e 35 Municípios do nosso maravilhoso Portugal.




Os Picos da Europa são uma formação rochosa na Cordilheira  Cantábrica, estendendo-se pelas  Astúrias, Cantábria e Castela e Leão, destacando-se pelas suas altitudes, em muitos casos acima dos 2500 metros. É uma das áreas protegidas mais bonitas do norte de Espanha. 

A melhor forma de percorrer o parque é em veículo próprio, carro ou mota, nós fizemos de carro porque não somos amantes de motas. Desta forma terá uma autonomia total e assim pode usufruir de paisagens estonteantes, estradas panorâmicas e tem a oportunidade de fazer percursos pedestres, se assim o entender. Aconselho a Ruta del Cares, com cerca de 12 km, ligando os povoados de Cain a Poncebos, acompanhando a dramática garganta do Rio Cares. Infelizmente nós não tivemos a oportunidade de fazer este trilho, pois o tempo esteve muito instável, com bastante chuva e nevoeiro.

O parque não é muito grande, mas as estradas e os desfiladeiros são estreitos e perigosos, com curvas que nos acompanham desde a entrada do parque até qualquer destino, o que implica ir a baixa velocidade. Para percorrer de carro 60 km entre uma povoação e outra vai demorar certamente cerca de 1h30, isto se não parar muitas vezes para apreciar a paisagem e tirar muitas fotografias, por vezes em locais proibidos (em cima de pontes) mas que ficam memórias inesquecíveis e difíceis de apagar.

Para fazer o parque na totalidade são precisos 3 a 4 dias, o número de dias é meramente indicativo pois o ritmo é você que o marca.

Cada história é uma história, cada pessoa é uma pessoa, seja qual for o número de dias que decidir, ou a forma como o vai percorrer, será uma experiência enriquecedora e sensorial extraordinária, cujas memórias dificilmente o tempo apagará.

A melhor altura para fazer uma viagem deste género é na Primavera ou no Outono, pois o clima é mais ameno e os dias ainda têm uma duração significativa. Um conselho que vos deixo é descarregarem a aplicação da meteorologia e terem em conta o nascer e o pôr-do-sol, para saberem quanto tempo de dia possuem. Durante a noite as temperaturas arrefecem significativamente e as estradas tornam-se perigosas e deixam de ter o mesmo encanto. Outra informação importante e que deve ter em conta é descarregar os mapas offline, nós usamos do Google maps e foram muito uteis pois na serra nem sempre existe sinal GPRS. 

Na nossa opinião os habitantes mais comuns no Parque Nacional dos Picos da Europa são as Vacas, as Ovelhas e as Cabras. As vacas são uma constante numa visita ao parque, encontram-se nos pastos, no meio das pequenas ruelas, nas estradas e desfiladeiros, seja chuva, seja sol, esteja frio, calor ou mesmo a nevar, as Vacas são uma constante…estão em todo o lado, e somos nós, os humanos que temos de parar o carro e desviar-nos, ou pedir para elas se afastarem, ou mesmo tirar uma fotografia, as vacas são muito fotogénicas.




A nossa história começou em Riaño, uma das entradas para o parque dos Picos da Europa e ficamos uma noite em Arena de Cabrales e outra em Potes, duas aldeias que aconselho vivamente, tanto pela beleza bucólica, como pela gastronomia. 


Sugestões para a viagem: 

A melhor altura para viajar é na Primavera ou no Outono. É sempre aconselhável levar um impermeável, pois por vezes chove. Não desespere se encontrar nevoeiro ou chuva em algum dos povoados, o tempo nos Picos da Europa é muito variável e por vezes numa distância de 20 km o tempo pode sofrer alterações significativas.

Em relação ao alojamento não é necessário marcar com antecedência, em todas as vilas e povoados existe uma grande oferta, a todos os preços. Nós ficamos alojados no Hotel Villa de Cabrales, em Arenas de Cabrales e Hosteria Picos da Europa, em Potes.

Em relação à gastronomia, os restaurantes nas vilas mais turísticas são bastante caros. Nos povoados menos conhecidos é seguramente mais bem servido. Os pratos tradicionais são: Fabada Asturiana, Cabrito Assado, Entrecot com molho de Cabralles.

Não esquecer de degustar a bebida mais conhecida dos Picos da Europa, a Sidra caseira e também de visitar a bonita vila de Arenas de Cabrales onde pode adquirir o conhecido Queijo de Cabrale (queijo azul feito na tradição artesanal por fazendeiros nas Asturias, é um queijo com um sabor forte e picante).

1º Dia – Lisboa, Riaño, Posada de Valdeon, Potes, Desfiladeiro de Hermida, Arenas de Cabrales (881 km)



 Uma das entradas nos Picos da Europa é Riaño, que é um pequeno município com uma população que oscila em torno de 500 habitantes, recriado na sequência da construção da barragem que submergiu a antiga Riaño. Os lagos que entretanto se formaram, rodeados por montanhas e picos que se refletem nas águas calmas, emprestam-lhe uma ambiência de paisagem suiça. Excelente para tirar fotografias!


Seguimos pela nacional 625 e depois por uma estrada mais sinuosa LE-2711 em direção a Posada de Valdeon onde se pode iniciar a Ruta del Cares. Um dos trilhos mais conhecidos do Parque Nacional dos Picos da Europa, com 12 km e um desnível de caminhada que não ultrapassa os 700 metros. Este trilho acompanha o rio cares e segue sempre ao longo de um desfiladeiro, que é conhecido pela "Garganta do Divino" até Poncebos. Nós não fizemos o percurso porque o tempo era limitado e está a chover bastante

No meio do caminho tivemos a oportunidade de contemplar o Miradoro del Tombo, excelente para tirar fotos. 

No local são erguidas uma cruz de ferro e uma coluna de pedra sobre as quais se ergue a escultura de uma camurça (cabra montanhês). Também existe uma placa de metal onde estão gravados todos os picos com o seu perfil, de forma a facilitar a sua identificação. 

Continuando a nossa aventura, voltamos para Riaño e seguimos a sinuosa nacional 621 em direção à pequena vila medieval Potes. É uma vila localizada na convergência de quatro vales rodeada por montanhas e banhada pelo Rio Quiviesa. Possui um bairro antigo classificado como Património de Interesse Cultural com casas brasonadas e floridas, ruas com várias pontes e edifícios históricos relevantes, como a Torre do Infantado, datada do séc. XV, as pontes medievais de São Caetano e de Carcel, construídas sobre o rio. Ter o privilégio de deambular por esta magnifica vila é como viajar no tempo e talvez por essa mesma razão voltamos a Potes e ficamos alojados nesta vila na nossa segunda noite. Esta vila surpreendeu-nos pela simpatia da população, e pela beleza do agradável passeio pedonal onde nos deslumbramos com a união de 2 rios.


Potes visitada seguimos pela nacional 621, pelo Desfiladeiro de la Hermida, um escarpado desfiladeiro com 21 km de comprimento e com a beleza do Rio Deva a acompanhar este espetáculo paisagístico. No interior do desfiladeiro podemos disfrutar de vários miradouros situados ao longo do caminho e devidamente assinalados, sendo o mais impressionante o Miradouro de Santa Catalina. 

A última paragem do primeiro dia foi em Arenas de Cabrales e Póo de Cabrales onde encontra um dos melhores (e mais acessíveis) miradouros com vista para o cume mais emblemático dos Picos da Europa, o Naranjo de Bulnes (Pico Urriello), isto se tiver sorte com o tempo e não estiver nevoeiro. Nós nunca conseguimos avistar o Naranjo de Bulnes de nenhum miradouro, pois o tempo não ajudou. 

Em Arenas de Cabrales pode comprar os tão conhecidos queijos de cabrales. A atividade do queijo, em suas origens, tornou-se praticamente essencial devido à necessidade de, então, alcançar um método seguro de preservação para um excedente de leite, que, de outra maneira, era difícil de usar em uma região com uma orografia e população tão complexas. Esta tradição de queijo foi mantida até aos dias de hoje. 


2º Dia – Sotres, Poncebos, Bulnes, Covadonga, Cangas de Onis, Desfiladeiro de los Beyos, Potes (170 km)

A primeira paragem do segundo dia foi em Sotres, a aldeia mais alta dos Picos da Europa, a 1050 metros de altitude. De Arenas a Sotres são apenas 17 km mas a estrada é sempre a subir e com bastantes curvas, numa estrada sinuosa, o que representa que vai demorar cerca de 50 minutos para chegar à vila. Subir a Sotres é um exercício básico para os amantes da paisagem e do montanhismo, onde encontram nesta aldeia um local idóneo para iniciar trilhos e escaladas (nós não fizemos nenhum trilho pois o tempo era limitado para tudo o que queríamos ver e fazer). Nesta aldeia mítica vivem cerca de 200 habitantes que possuem como a sua atividade principal, a pastorícia. Casinhas de pedra, montanhas, prados onde andam vacas a pastar, boa gastronomia e uma estrada com paisagens deslumbrantes para lá chegar.

De Sotres a Poncebos são aproximadamente 11 km, nesta povoação pode iniciar-se a Ruta del Cares e também visitar uma aldeia bucólica, isolada e perdida no tempo através do Funicular de Bulnes, inaugurado em 2001 (ida e volta - 22€, só ida – 17€, com a possibilidade de regressar a pé num bonito trilho de terra com aproximadamente 4 km). 

Atenção aos horários do funicular, no verão é das 10h às 20h, mas no inverno é das 10h às 12h30 e das 14h às 18h.





Bulnes é um pequeno e isolado povoado nos Picos da Europa, Astúrias, a 649 metros de altitude, onde moram pouco mais de vinte pessoas e a única forma de lá chegar é através deste funicular subterrâneo ou a pé (nós fizemos ida e volta no funicular porque estava a chover). 

Neste momento esta pequena aldeia de montanha está muito virada para o turismo, com pequenos alojamentos locais e dois restaurantes onde poderá ter o prazer de provar a tão conhecida Sidra caseira, que se serve do alto para os copos e é considerada a bebida famosa das Astúrias. 

  


De regresso a Poncebos partimos à descoberta dos famosos lagos de Covadonga, formado por três lagos, o lago Enol, o lago Ercina e o lago Bricial, todos de origem glacial, se bem que este último apenas tem água durante o degelo. O tempo não ajudou e estava bastante nevoeiro, o que dificulta a visibilidade junto dos lagos, o que não impediu de visitarmos os lagos e percorrer o trilho. 

O acesso aos lagos é condicionado e a única forma de os visitar é através de táxi, que não aconselho pois é demasiado caro, ou através de autocarro da empresa Alsa. As paragens de autocarro são em Covadonga e o valor são 9€ por pessoa ida e volta (frequência de 15 em 15 minutos no verão ou de 40 em 40 minutos no inverno). Uma vez nos lagos pode percorrer o trilho PR-PNPE 2, um pequeno percurso pedestre circular de 3 km, permitindo visualizar os Lagos Enol e Ercila e as Minas de Buferrera.

Todos os sites dizem que as paisagens são de cortar a respiração, nós não tivemos a mesma impressão, talvez porque tivemos a infelicidade de apanhar bastante nevoeiro, o que dificultou a visibilidade junto dos lagos e toda a envolvência das montanhas que ali se avistam.

 

Está na hora de visitar Covadonga, o local onde se travou a batalha de Covadonga e marcou a primeira grande vitória das forças militares cristãs na Hispânia a seguir à invasão árabe de 711. Os principais pontos de interesse são a Basílica de Covadonga e o Santuário de Covadonga, dentro de uma gruta, a Santa Cova – onde se encontram a Virgem de Covadonga (a que os asturianos carinhosamente chamam “La Santina”) e o sepulcro de D. Pelayo, figura histórica que iniciou a reconquista cristã da Península Ibérica aos mouros. É um local bastante atrativo e muito ligado ao culto.


Próxima paragem ou como o homem diz: é para onde agora? 

Seguindo pela AS 262 chegamos a Cangas de Onis, que é uma pequena vila que até finais do séc. VIII foi a capital das Astúrias. É uma das principais portas de entrada do Parque Nacional dos Picos da Europa, a pouco mais de 70 km de Oviedo e 80 kms de Gijón. Os principais pontos de interesse são a igreja de Santa Eulália e a sua famosa ponte romana sobre o rio Sella onde se encontra a Cruz da Vitória, o principal símbolo do Principado das Astúrias. É sem dúvida o monumento mais icónico de Cangas de Onis e merece umas belíssimas fotografias.

 


Cangas de Onis visitada, seguimos pela nacional 625, pelo Desfiladeiro de los Beyos, uma garganta fluvial que acompanha o curso do Rio Sella ao longo de 14 km. A estrada serpenteia por entre imponentes rochas que se erguem muito acima das nossas cabeças e maravilha-nos com a paisagem única do rio junto da estrada.

 


A nossa última paragem seria o emblemático Teleférico de Fuente Dé, mas infelizmente já com o horário de inverno, encerra às 18h e tivemos de deixar para o dia seguinte.

Apesar de se encontrar encerrado não consideramos um desvio desnecessário, porque tivemos a oportunidade de ser confrontados e maravilhados com uma parede de rocha de aproximadamente 700 metros que termina numa clareira onde se encontravam mais vacas e ovelhas a pastar. É sem dúvida de deixar qualquer um pregado ao chão com a sua imponência. 

 


Atenção aos horários do teleférico, no verão das 9h às 20h mas no inverno das 10h às 18h. Ao fim de semana abre às 9h (bilhete de ida 11€ e de ida e volta 17€). Se o tempo estiver bom pode fazer vários percursos pedestres com diferentes graus de dificuldade.

Nessa noite dormimos em Potes pela proximidade de Fuente Dé e pela beleza da vila medieval, foi sem dúvida para nós um dos exlibris dos Picos da Europa. Jantamos num restaurante bem agradável e com uma gastronomia soberba, com vista sobre o Rio Quiviesa.


3º Dia – Potes, Fuente Dé, Inicio da Estrada Nacional 2 - Chaves (433 km)


No nosso terceiro dia de visita ao parque seguimos pela estrada CA-185 em direção a Fuente Dé. São aproximadamente 20 km e a estrada é bastante boa. Uma vez em Fuente Dé fomos surpreendidos por uma paisagem bastante diferente da que tínhamos presenciado na véspera, nevoeiro e neve. 

Apesar da alteração climática, com uma temperatura na montanha de -1ºC e a nevar, não deixámos de subir ao teleférico e lá partimos nós para a aventura. Aventura essa que valeu muito a pena… a subida ao Miradouro do Cabo, que dizem que é dos mais emblemáticos dos Picos da Europa. A subida no teleférico leva-nos em 4 minutos a 1834 metros de altitude. Dizem que se não houver nevoeiro, as vistas lá de cima são magníficas (nós não vimos nada, apenas neve e muita neve e brincamos como duas crianças). Fuente Dé foi sem dúvida o exlibris do parque. Aconselhamos vivamente a andar neste teleférico, esteja ou não bom tempo. São perspetivas diferentes. Qui ça um dia voltaremos para contemplar as paisagens deste miradouro, que dizem ser sublimes. 


No sentido de aproveitar cada gota de combustível, depois de visitar Fuente Dé foi altura de regressar ao nosso país e fazer o que o Homem tanto queria, a maior estrada de Portugal, a mítica Estrada Nacional 2 (EN2). 

Saindo de Riaño pela nacional 621, seguimos pela A-66 (autovia espanhola, com bom pavimento e sem portagens), seguida da A-52 com direção a Vila Real. Aconselho a sair da autoestrada antes da fronteira e abastecer o carro de combustível, pois em Espanha o combustível é francamente mais barato. De seguida continue a sua viagem pela nacional 532 até Chaves e evita as maravilhosas portagens das autoestradas do nosso país.

A Estrada Nacional 2 com 739,26 km de extensão, percorre o país de norte a sul e é considerada a terceira maior estrada do mundo, muitas vezes comparada à tão famosa maior estrada do mundo nos Estados Unidos, a Route 66, que liga Chicago a Los Angeles (a mãe do google maps).

De Trás-os-Montes ao Algarve, a EN2 atravessa 11 distritos e 32 municípios, passando pelo interior do país e ligando paisagens tão diferentes como as vinhas do Douro, a Serra da Lousã, as planícies do Alentejo, terminando na areia do Algarve.

Foi considerada um destino de eleição, que este ano de 2020 foi épico para muitos Portugueses. Uma estrada cheia de história, repleta de glamorosas paisagens, excelente gastronomia, com hotéis de referência e experiências sensoriais únicas.

Durante todo o percurso, vai encontrar os emblemáticos marcos da EN2, mas tenha atenção porque existem secções em que a estrada nacional desaparece literalmente. Com a construção da Barragem da Aguieira, uma parte da estrada ficou submersa e hoje em dia tem de se deslocar durante uns 15 km pelo IP3, entre Santa Comba Dão e Penacova. (atenção à sinalização). A sinalização da EN2 está longe de ser a melhor.

 Com o objetivo de registar e identificar os turistas da         Rota da Estrada Nacional 2, a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 criou o Passaporte da        Estrada Nacional 2. Os passaportes indicam os locais onde podem ser carimbados, como postos de turismo, cafés ou alojamentos, Bombeiros Voluntários, entre outros, ao longo de todo o circuito.

Pode levantar o passaporte da EN2 nos postos de turismo de Chaves, Vila Real, entre outras cidades. Também existe o passaporte eletrónico mas para mim não tem o mesmo encanto. O passaporte em papel é sempre uma recordação física de todos os momentos passados neste percurso.


Continuação do 3º Dia - Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Régua, Lamego (97 km)

Uma vez em Chaves procuramos o posto de turismo para levantar o passaporte da EN2 que é gratuito.

Agora é hora de começar a sua, a nossa aventura, procurando o marco do kilometro 0 da EN2, que se encontra no Bairro da Madalena, numa rotunda junto ao Jardim Público de Chaves, onde vai certamente tirar a fotografia da praxe. Nós tivemos de esperar um pouco porque estava um grupo de 10 motards em cima da rotunda. Mais um grupo que teve a coragem de se desafiar na EN2, com rumo ao desconhecido e a todas as sensações que daí advêm.

Vidago encontra-se a 15 km de Chaves e é conhecido pelas suas estâncias termais, onde não nos foi possível visitar devido à pandemia. Seguimos viagem em direção a Pedras Salgadas, onde se encontra a nascente da famosa água das pedras. É possível encontrar esta nascente no Parque Termal de Pedras Salgadas cuja origem remonta ao séc. XIX. Passando pelas ingremes Serras da Padrela e do Alvão chegamos a Vila Pouca de Aguiar, onde se destaca o Castelo de Pena de Aguiar. (nós não visitamos)

Fizemo-nos ao caminho e continuando pelas montanhas acentuadas da Serra do Alvão, a paragem seguinte foi Vila Real (km 61), capital da província de Trás-os-Montes, onde pudemos carimbar o nosso passaporte no posto de turismo. O nosso segundo carimbo e a felicidade estampada no rosto dos dois! 

A cidade de Vila Real tem muito para descobrir mas deixo em destaque a Sé Catedral, a Casa de Diogo Cão, Edifício dos Paços do Concelho, Miradouro da Vila Velha, Igreja de São Pedro e Palácio de Mateus. Confesso que não visitamos nenhum dos monumentos pois a escassez do tempo não ajudou.

Saindo de Vila Real, começam a mudar as paisagens e somos encantados pelas encostas do Douro Vinhateiro. Aconselho que faça um pequeno desvio, cerca de 19 km da Régua, para contemplar umas vistas magníficas e panorâmicas de todo o Douro Vinhateiro, no Miradouro de São Leonardo da Galafura. Este miradouro situa-se a 640 metros de altitude, junto da aldeia de Covelinhas, onde tem o prazer de observar o rio Douro no meio da imponente Serra do Marão e de vários montes com socalcos. É simplesmente soberbo, possivelmente um dos melhores miradouros do Douro Vinhateiro.

 


Partimos em direção à Régua, região demarcada mais antiga do mundo, com passagem por Santa Marta de Penaguião. Na Régua é possível visitar o Museu do Douro, criado em 1997, local de acolhimento e representação da memória, cultura e identidade da região vinhateira – consagrada como Património da Humanidade pela UNESCO, como paisagem cultural, evolutiva e viva. Nós observamos o pôr-do-sol na fantástica ponte pedonal sobre o rio Douro. Esta ponte era a antiga ponte ferroviária da Régua. Nos dias de hoje, com a construção da ponte nova, esta ficou apenas pedonal e ainda bem, pois é um passeio para retemperar energias, com a paisagem envolvente. Não abandone a cidade sem antes comprar os famosos Rebuçados da Régua. Não conseguimos carimbar o nosso passaporte, porque só é possível no posto de turismo ou no Museu do Douro e ambos já estavam encerrados quando chegámos à cidade. 

Continuando pela EN2 deixando a Serra do Marão somos contemplados pelas paisagens dos socalcos com as vinhas. São imagens arrebatadoras. A paisagem vai mudando ao longo de todo o percurso, o que torna esta viagem culturalmente rica.


Depois de passar o km 100, a nossa última paragem foi em Lamego (Km 104), município com uma forte herança cultural, repleto de igrejas, capelas, aldeias históricas e pontes medievais, onde é possível visitar o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios com uma escadaria com 686 degraus. Os locais de visita obrigatória são o Santuário, a Sé Catedral (infelizmente em obras quando lá passámos), o Castelo e a Cisterna, fazer uma visita às Caves da Raposeira, que dizem ser espetaculares. 

Nós também não visitamos porque chegámos de noite e partimos cedo para a nossa roadtrip. Por esta mesma razão também não conseguimos um carimbo no passaporte. 

Ficará para outra visita a Lamego, certamente. Não pode deixar esta maravilhosa cidade sem comer ou comprar uma Bola de Lamego, na tão conhecida Casa da Bolas.

 


4º Dia - Lamego, Castro Daire, Viseu, Tondela, Santa Comba Dão, Vila Nova de Poiares, Gois, Pedrogão Pequeno, Abrantes, Ponte de Sôr, Mora (350 km)

Depois de termos ficado num pequeno Hostel em Lamego, bastante próximo do centro e com uma boa relação preço-qualidade, regressamos ao troço da EN2, onde mais adiante se erguia a imponente Serra do Montemuro, com vistas e paisagens deslumbrantes. 

Castro Daire encontra-se ao km 134, mas infelizmente não conseguimos colocar o carimbo no nosso passaporte. Um dos locais de interesse é a Fonte dos Peixes, que é uma fonte histórica num largo junto à estrada por onde passa a EN2. Um dos doces típicos da região é o Bolo Podre, mas nós não provamos.

 


A paragem seguinte foi em Viseu (km 170), a cidade do lendário Viriato. Em 2019, foi designada como Destino de Gastronomia, o que representa que é uma cidade com um património, histórico, cultural e gastronómico riquíssimo. 


É uma cidade que certamente precisava de um dia para a visitar, mas é sempre uma corrida contra o tempo e por essa razão apenas visitamos a Sé Catedral de Santa Maria, a Estátua do Viriato, deambulamos pelas ruas mais típicas e antigas da cidade, a Rua Direita e a Rua Formosa. Fomos à pastelaria Confeitaria Amaral, onde colocamos o carimbo no nosso passaporte e comemos o doce tradicional, o Viriato (quente é de comer e chorar por mais). Existem muitos outros monumentos de passagem obrigatória, nomeadamente o tão conhecido Museu Grão Vasco e o Palácio de São Mateus, mas nós não tivemos tempo para visitar.

Continuando na EN2 passamos pelas vinhas do Dão com destino a Santa Comba Dão fizemos uma curta paragem no posto de turismo de Tondela para mais um carimbo no passaporte. Encontramos um casal com cerca de 70 anos, muito simpático que também estava a fazer esta aventura, de descer a EN2. O espirito que se encontra ao longo do caminho é único e só entende quem tem a ousadia de se desafiar neste caminho.

Uma vez em Santa Comba Dão (km 213), mais um carimbo no passaporte desta vez colocado na estação de serviço Cepsa na N2. Cidade onde nasceu o “pai” da N2, António de Oliveira Salazar (o Homem não descansou enquanto não tirou uma fotografia à casa). Santa Comba Dão é uma cidade banhada pelo Rio Dão com algum património cultural e alguns traços medievais. 

Não deixe de visitar o Miradouro do Outeirinho, muito próximo do centro e com uma vista desafogada sobre o Rio.


O destino seguinte foi Penacova (km 238), mas com a construção da Barragem da Aguieira uma parte da EN2 ficou submersa e atualmente grande parte da antiga estrada da N2 é atualmente o IP3. Atenção às sinalizações, pois é possível que perca momentaneamente a EN2 de vista, mas não se preocupe que irá dar com a mesma mais à frente. 

A vila de Penacova é envolvida pela Serra do Buçaco e do Roxo  onde deixo em destaque a Livraria do Mondego, uma formação rochosa, vertical nas margens do Rio Mondego, que nos faz imaginar livros colocados em prateleiras. Outro exlibris é a Albufeira da Barragem da Aguieira


Não deixe Penacova sem um carimbo no passaporte, no posto de turismo e sem se envolver pela vista deslumbrante do Rio Mondego, no Miradouro Emydgio da Silva. Um dos pratos típicos da região é a lampreia (entre fevereiro e março), sendo considerada a Capital da Lampreia.

 



Continuando pela EN2 até Vila Nova de Poiares (km 248) fomos beber um fino / imperial (dependendo da zona do país), ao Central Bar, conhecido como o bar da N2, com funcionários simpáticos e muita decoração alusiva a esta épica estrada, onde ainda nos pediram para tirar uma fotografia para colocar na página deles do facebook e colocaram um carimbo no nosso passaporte. Neste bar pode também comprar algumas recordações. 

 



A nossa próxima paragem foi em Gois (Km 270), atravessada pelo Rio Ceira e pela apaixonante Serra da Lousã, tão conhecida pelas suas bucólicas Aldeias de Xisto. O monumento mais emblemático é a Ponte Real, mandada construir no século XVI por D. João III. Depois da fotografia à ponte foi altura de procurar o posto de turismo para mais um carimbo no passaporte. 

 


Continuando na EN2 passámos por Pedrogão Grande com direção a Pedrogão Pequeno, uma das aldeias de xisto, com casas caiadas a branco. Deixo em destaque o Miradouro do Monte da Nossa Senhora da Confiança e a Ponte Filipina do Cabril, com difíceis acessos em estrada de terra batida, mas com uma vista deslumbrante sobre o Rio Zêzere. Esta ponte foi criada pelos Romanos para a travessia do rio e posteriormente recuperada durante a dinastia Filipina em Portugal.

 


Sertã (Km 345) foi a nossa próxima paragem para passear um pouco parque e tirar uma fotografia junto da Ponte da Carvalha, uma ponte reconstruída durante o domínio Filipino em Portugal, no que restava dos vestígios de uma outra ponte que se acreditava ser do período de ocupação Romana. Esta vila é atravessada pela ribeira da Sertã e pela ribeira do Amioso. Desta vez o carimbo no passaporte foi colocado na Casa de Cultura da Sertã, espaço cultural e recreativo. 

 


Chegando ao centro de Portugal e aproximadamente a meio da EN2, encontramos Vila de Rei (km 366), uma vila conhecida pelo Centro Geodésico de Portugal com o seu Museu de Geodesia, onde colocamos mais um carimbo no passaporte. 

Um dos pratos típicos da região é o Maranhos e o Bucho.


Passando por Sardoal foi tempo de mais um carimbo no nosso passaporte, desta vez no posto de abastecimento de combustível da EN2. Dado termos o tempo contado, optámos por não visitar esta vila. 

De regresso à nacional 2 seguimos para Abrantes (km 396), onde sem dúvida o ponto mais alto é uma visita ao Castelo, uma construção militar e ao seu Miradouro, onde pode contemplar vistas fantásticas sobre o Rio Tejo. De um lado as serras e do outro as planicíes ribatejanas. 

O doce tradicional é a Palha de Abrantes, nós não provamos , mas dizem que é muito bom e muito calórico.




Depois de atravessar o Rio Tejo e encantados com as planícies alentejanas, a nossa penúltima paragem do dia foi em Ponte de Sôr, uma pequena vila encantadora pela sua zona ribeirinha, pela sua ponte pedestre, construída com um design moderno e os seus murais espalhados pela vila com pinturas de grafitis espetaculares e que tornam esta vila com um encanto especial.

Depois de uma visita ao posto de turismo onde fomos muito bem recebidos, colocaram um carimbo no passaporte e informaram-nos de tudo o que se podia visitar na vila.  

 


Um dos troços mais bonitos da EN2 é o percurso até Mora (km 476) a nossa última paragem, com passagem pela Barragem de Montargil, em retas ladeadas de árvores, que formam um túnel, com a barragem a seguir todo o nosso percurso durante aproximadamente 10 km. Em Mora deslocamo-nos apenas aos Bombeiros Voluntários de Mora para colocar um carimbo no passaporte e seguirmos para Lisboa. 

Sem dúvida voltaremos, para visitar esta cidade que tem tantos encantos para descobrir, nomeadamente o Fluviário de Mora e o Museu Interactivo, como para completar a nossa viagem pela Estrada Nacional 2. 




O tempo não deu para mais, 

mas somos nós que marcamos o ritmo,

nós marcamos a diferença, 

com a promessa que esta viagem,

não acaba aqui…



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