GUIA DE VIAGEM PARA UM PASSEIO RICO EM HISTÓRIA, CULTURA E PAISAGENS ARREBATADORAS PELO NORTE DE PORTUGAL E COM UM PEZINHO NOS NUESTROS HERMANOS
(Roteiro de 6 Dias)
O Norte de Portugal é surpreendente, repleto de montanhas, parques naturais, cascatas de cortar a respiração, não esquecendo a beleza natural das suas praias fluviais, dos castelos e cidades históricas e da envolvência de algumas aldeias pitorescas.
Desta vez, o nosso caminho arrufado foi na Região do Minho e com alguns saltinhos em Espanha. A nossa viagem foi em Julho e fomos em família, desta vez a minha Paty participou nesta aventura e neste caminho arrufado, com alvorada às 4:45 da manhã e saída de casa às 5:15, bem cedinho como o Homem gosta. Eu fui bastante tempo acordada para lhe fazer companhia, mas ele diz que uma foi 4 horas a dormir e outra 5 horas a ressonar. Até parece!
A Região do Minho localiza-se a noroeste de Portugal e faz fronteira com Espanha, com o Rio Minho a separar os dois países. Foi criada como província em 1936, mas extinta em 1976. É constituída por 24 cidades e a sua capital é Braga.
O clima na região do Minho no Norte de Portugal é um clima temperado oceânico, com Invernos chuvosos, com temperaturas médias na ordem dos 13ºC e Verões quentes, com temperaturas médias de 28ºC.
Como tal, a melhor altura do ano para visitar esta região, depende de cada viajante e daquilo que pretende e procura.
A gastronomia nesta região é estupenda, de comer e chorar por mais, com doses muito bem guarnecidas que dão para mais do que uma pessoa.
Existe uma grande oferta de restauração e de especialidades regionais, desde o bacalhau à minhota, o cozido à minhota, a vitela barrosã, o cabrito assado, o costeletão de vitela, os enchidos, a lampreia, entre outras.
Em relação à doçaria destacamos os formigos, um doce típico de Natal, os sidónios, uns pequeninos bolinhos de Viana do Castelo, o bucho doce da região de Melgaço, não esquecendo o vinho verde.
Um vinho único no mundo, que tem a sua produção entre os rios Douro e Minho. É um vinho leve que deve ser bebido bastante fresco e que por essa razão torna-se uma delícia nos dias quentes de Verão.
Em relação ao alojamento se não for em alturas festivas, ou de férias, não é difícil de encontrar e pode ser marcado em vários motores de busca e comparador de preços de hoteis, mesmo que seja em cima da hora. Como o nosso caminho arrufado foi em família e com uma adolescente de 13 anos, marcamos o nosso alojamento pelo Booking com antecedência. Escolhemos uma casa típica com terraço em Castro Laboreiro. Uma excelente escolha numa aldeia a 5 km de Castro Laboreiro, onde se ouve o silêncio.
Castro Laboreiro, localizado na Serra da Peneda, no concelho de Melgaço, uma vila com um património histórico riquíssimo, desde o castelo, ao núcleo museológico que explica a construção e as tradições desta vila, às suas cascatas e lagoas, existe muito para descobrir nesta pequena vila tão a norte de Portugal.
Como homenagem à tradição desta vila, foi recriado umas estátuas de mulheres vestidas de preto que se encontram no miradouro mesmo no centro da vila.
"Aqui, podemos apreciar a vivência dos aldeões, o barulho da água a descer um pequeno canal, os pastores com os seus rebanhos"
"Aqui, a minha filha teve a oportunidade de dar de comer às galinhas e acordar a ouvir o tilintar das vacas que passeavam descontraidamente na rua mesmo por baixo da nossa casa."
"Aqui, contemplamos o céu estrelado como é impossível nas grandes cidades, ouvimos os grilos e o chilrear dos passarinhos."
"Aqui, o único transito que existe, são as vacas que circulam na estrada e nos obrigam a parar e a esperar e onde o Homem aproveita sempre a oportunidade de tirar uma fotografia."
Outra informação importante e que deve ter em conta é descarregar os mapas offline, uma vez que vamos fazer alguns percursos dos nossos caminhos arrufados por serra (Serra do Gerês e a Serra do Xurés) e o sinal GPRS é muito fraco ou quase inexistente. Nós usamos do google maps, mas pode usar outro ao seu gosto.
1º Dia - Lisboa, Labruja, Ponte de Lima, Sistelo, Cevide, Castro Laboreiro
Saída de Lisboa pela A5, A1 até ao Porto, depois pela A3 em direção a Viana do Castelo, seguindo depois pela A27 com saída na saída 4 em direção à EN201 até Labruja, a nossa primeira paragem.
Labruja, uma freguesia no município de Ponte de Lima, com 383 habitantes e por onde passam os Caminhos de Santiago.
Os caminhantes dizem que esta é a rainha das etapas, com paragem obrigatória no único café da terra, que se localiza à esquerda, junto da capela de Nossa Senhora das Neves e onde podem pedir para colocar um carimbo no passaporte, ou abastecer-se na pequena mercearia que ali existe. Também é um albergue e serve refeições.
Paramos nesta pequena aldeia para tomar um café neste estabelecimento que tanto tem de significado para o meu Homem. Ele já fez os caminhos de santiago e passou por aqui e parou e alimentou-se para se preparar para a difícil etapa que o esperava, a Serra da Labruja, uma íngreme subida por meio de caminhos empedrados e rodeados de natureza e tranquilidade.
Deixando as recordações para trás, deslocamo-nos a Ponte de Lima, uma vila no distrito de Viana do Castelo, considerada o berço dos Solares de Portugal, com um património rico em história, cultura, gastronomia e em vinho.
Estacionamos o carro e atravessamos a ponte romana ou ponte velha, uma ponte pedonal, que se pensa que é datada do século I, sobre o rio Lima até à outra margem da vila e onde o Homem tirou o drone e levantou voou e tirou mais uma belíssima fotografia.
A nossa próxima paragem foi no Sistelo, uma aldeia que eu já tinha alguma curiosidade de conhecer, vencedora na categoria de Aldeia Rural nas "7 Maravilhas de Portugal".
Sistelo, uma aldeia no município de Arcos de Valdevez, com 270 habitantes, considerada o pequeno Tibete Português, pela sua originalidade, encanto, e pelos seus únicos socalcos verdes, que são a base da economia agro-pastoril desta região, que apresenta um relevo acentuado. Aqui, podemos encontrar milho, batata e feijão.
Algumas casas da aldeia foram recuperadas, embora mantenham os seus traços originais, para Alojamento Local. Paramos na aldeia e visitamos a sua Igreja Matriz, a eira comunitária, a praça central onde existem vários espigueiros, para quem não sabe, servem para guardar as espigas de milho. Outra particularidade, são os lavadouros públicos aproveitando a água dos vários regatos.
Esta aldeia ficou mais conhecida desde a construção do terceiro troço da Ecovia do Vez, que levou a uma grande melhoria da estrada, que outrora era mais ingreme e empedrada e um maior número de visitantes à aldeia.
A Ecovia do Vez ou Passadiços do Sistelo, é um conjunto de passadiços de madeira e não só, com um total de 34 quilómetros e o primeiro troço foi construído em 2008. O primeiro troço vai desde Jolda a Arcos de Valdevez, o segundo vai até Vilela e o terceiro e mais recente, vai até ao Sistelo. Durante todo o percurso tem a oportunidade de observar a fauna e flora característica desta região, existem alguns observatórios para pássaros, miradouros e algumas cascatas. Nós não fizemos os passadiços. Ficará para outro caminho assufado.
Antigamente esta aldeia pertencia às rotas de contrabando, do que passava de uma forma clandestina entre os dois países, numa altura em que as fronteiras se encontravam fechadas.
Com a abertura das fronteiras os habitantes da aldeia começaram a emigrar e neste momento apenas três pessoas vivem de forma permanente na aldeia.
Rodeada pela rio Trancoso e Minho e com uma vegetação exuberante, foram criados uns pequenos e curtos passadiços em madeira que nos levam até ao ponto mais importante desta aldeia, o Marco nº 1 e que nos permite atravessar o rio Trancoso para Espanha, através de uma ponte muito engraçada. Este marco foi colocado em 1864, depois do Tratado de Fronteiras e existe outro igual em Espanha.
A divulgação desta aldeia por uma antigo habitante, foi tão intensa que criou um grupo no facebook "Amigos de Cevide" e em parceria com a Quinta do Soalheiro, foi criado um vinho verde Alvarinho com o nome "Aqui começa Portugal".
Nós fizemos esses passadiços, passamos a ponte e fomos a Espanha contemplar a beleza do rio Minho e a sua pequena praia fluvial e tiramos várias fotografias. Um lugar tranquilo, muito verde, no ponto mais a Norte de Portugal, mas de paragem obrigatória. Aconselhamos a parar e a descer o caminho do contrabando, o caminho pode ser feito de forma circular, atravessar a ponte e apreciar a beleza do lado Espanhol.
Está previsto uma ciclovia para ligar Melgaço a Cevide, mas ainda não existe.
Com a hora de almoço a aproximar-se, decidimos fazer o nosso repasto em Castro Laboreiro, junto do cruzamento para a Aldeia de Pontes, mais propriamente nas margens do rio Laboreiro, junto da Ponte Romana de Dorna. Colocamos a toalha no chão e a nossa geleira elétrica nas margens do rio e desfrutamos da tranquilidade do espaço, do verde da natureza e do barulho da água a correr no rio, enquanto nos saciamos com a nossa refeição. Existem poucos restaurantes melhores que este e nós preferimos sempre o contacto com a natureza e o sossego.
Estava na hora de irmos conhecer o nosso alojamento, que fica a 3 km de Castro Laboreiro, numa aldeia chamada Portelinha, uma aldeia onde nem um café existe, apenas existe uma casa de Fumeiro que só está aberta entre novembro e março, de forma a evitar as temperaturas mais elevadas. Foi neste espaço de gestão privada, Casa da Macheta, que ficamos as nossas 5 noites, uma casa bastante ampla, com 3 quartos, 2 wc, um terraço bastante agradável onde fizemos quase sempre as nossas refeições e um open space de cozinha com sala e umas grandes vidraças que oferecem muita luminosidade à casa e umas vistas fenomenais sobre os campos onde por vezes se encontravam vacas a pastar. Só faltou mesmo a piscina, mas no campo aproveita-se aquilo que a natureza nos oferece e assim tivemos a oportunidade de dar uns mergulhos no rio. A principio a minha filhota ainda reclamou um pouco dizendo: "estão ali bichos, existem várias pedras", mas depois aventurou-se e gostou.
A minha Paty ficou em casa nos seus vídeos do tic-toc e nós fomos fazer as compras em Melgaço. Em Castro Laboreiro existem mercearias, cafés, restaurantes, padarias, mas se quiser comprar carne e peixe fresco só encontra em Melgaço no Intermarché, ou em Monção, no Continente ou Pingo Doce.
De regresso a casa, o Homem foi acender o lume e grelhar a nossa carne para o jantar, enquanto eu fazia uma salada de pimentos e arranjava uns queijinhos como entrada. Todos temos de trabalhar e a função da filhota é colocar a mesa e ajudar a levar a loiça para a cozinha. E foi assim que terminou o nosso primeiro dia de férias.
2º Dia - Castro Laboreiro, Ponte da Cava Velha, Passadiços de Melgaço
Depois de um excelente pequeno almoço no terraço da casa, fomos contemplar a cascata do Laboreiro, que se localiza por trás do núcleo museológico de Castro Laboreiro.
É um percurso simples de pouco mais de 1 km e bastante bem sinalizado.
De tarde fomos aproveitar as águas translucidas e frias do rio laboreiro, na Lagoa da Assureira. Deixamos o carro junto da estrada, próximo da Ponte da Cava Velha, também conhecida por Ponte Nova, uma ponte romana situada sobre o rio Laboreiro, umas das pontes históricas mais bem conservadas do Parque Nacional Peneda Gerês. Foi construída no século I e na época medieval foi adaptada numa ponte com dois arcos e um tabuleiro em pedra tipo cavalete. Em 1986 foi classificada como Monumento Nacional.
Aqui, passam alguns percursos pedestres, nomeadamente os tão caminhos de santiago, um dos trilhos mais conhecidos é o trilho de 2 km até à Aldeia de Pontes. Uma inverneira a pouco mais de 6 km de Castro Laboreiro, muito bonita, ideal para descansar, relaxar, fazer caminhadas que se encontrava desabitada à 15 anos e foi totalmente recuperada para turismo rural, recuperando a agricultura, a criação de gado e a apicultura. A natureza no seu estado mais puro!
Tanto as inverneiras como as brandas são núcleos habitacionais temporários, tradicionais do antigo "modus vivendis" em transumância. As inverneiras eram utilizadas pelos camponeses nos meses de Inverno, que derivam para as aldeias mais baixas para enfrentar o frio do inverno. As brandas eram utilizadas nos meses de Verão , onde os pastores subiam para aldeias mais altas com o seu gado e aí permaneciam enquanto o tempo favorecia as pastagens de maior altitude.
A uns 300 metros da Ponte da Cava Velha existe a Lagoa da Assureira, um espaço magnifico para um relaxante mergulho ou estender a toalha ao sol em algumas pedras que ali se encontram. Uma lagoa ideal para passar o dia, ou parte dele, com água cristalina, rodeada de natureza em seu estado mais virgem.
A nossa próxima paragem foi em Melgaço, para percorrer os Passadiços de Melgaço junto das margens do rio Minho.
Um percurso fácil, que não é circular, com apenas 1,5 km ou 3km ida e volta. Pode regressar pelo mesmo caminho, ou por estrada, que foi o que nós fizemos. Estes passadiços foram construídos sobre uma antiga levada de água e são quase todos feitos em passadiços de madeira, sempre acompanhados da beleza do rio Minho e no troço final a madeira é substituída por terra batida, num bosque de carvalhos verdejante, com muitas sombras e bastante fresco, acompanhada pela levada da ribeira do Porto, um dos afluentes do rio Minho, finalizando numa pequena lagoa junto de um velho moinho de água, agora abandonado.
Á medida que fomos percorrendo os passadiços, tivemos a oportunidade de apreciar as antigas pesqueiras no rio Minho, que serviam para evitar a passagem dos peixes e ainda hoje, permitem a pesca do sável, truta e lampreia, fazendo a delícia de quem aprecia este tipo de peixe.
A partir daqui, ou volta para trás pelo mesmo percurso, ou, continua a subir por umas pedras até chegar junto de uma casa, continuando por terra batida até chegar a uma estrada e voltando para trás sempre por estrada.
Nós só fizemos esta alternativa porque o Homem gravou o percurso no Strava e conseguíamos perceber o local exato onde tínhamos iniciado o trilho. Caso contrário, não aconselhamos, para não se perder.
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Com o tempo a passar, estava na hora de voltarmos ao nosso albergue e percorrer os 20 km, por estrada nacional e desfrutarmos do silêncio, da tranquilidade e dos nossos grelhados no terraço da casa.
3º Dia - Castro Laboreiro, Vigo, Ilhas Cíes, Combarro
O dia mais desejado por mim e pela minha filhota, o nosso terceiro dia, com saída da casa às 7 horas da manhã, com destino a Vigo, para irmos visitar as Ilhas Cíes. Um trajeto de aproximadamente 75 km, por algumas nacionais e AP9, uma autoestrada espanhola com portagens, passando por Monção, Salceda de Caselas, Porriño, até Vigo, ou mais propriamente o cais de embarque para levantar os bilhetes de barco.
Para visitar estas ilhas aconselho a comprar o bilhete de barco com antecedência e tem de ter autorização da junta da Galiza para entrar nas ilhas. Esta autorização pode ser tratada pelo próprio mas eu aconselho a ser tratada pela empresa da reserva do barco e assim não tem que se preocupar. Existem várias companhias de navegação com saída de Vigo ou Cangas, nós marcamos pela Civitatis e eles trataram de tudo, depois mais perto do dia do embarque recebemos a autorização de acesso à ilhas, por email. Fora da época alta, só existem barcos ao fim de semana e na semana da Páscoa e a duração do percurso é de aproximadamente 45 minutos.
Junto do cais de embarque contemplamos dois grandiosos e imponentes barcos transatlânticos.
Vigo, uma cidade na costa noroeste de Espanha, com um enorme património histórico e cultural. É a maior cidade da Galiza, banhada pela ria de Vigo, com magnificas praias, um centro histórico localizado na zona antiga da cidade e onde encontra a Catedral de Vigo, a praça da constituição e uma das melhores zonas gastronómicas.
Vigo, é uma cidade para todos os bolsos, com os seus conhecidos mercados de rua, onde pode encontrar muita animação nas ruas, desde artistas, a músicos, a vendedores ambulantes, a grandes shoppings e uma grande oferta de lazer noturno.
A ria de Vigo está protegida pelas Ilhas Cíes, um paraíso natural, com dunas, falésias, encostas escarpadas e praias com águas cristalinas e uma imensa riqueza marinha. No percurso de barco até às ilhas pode observar de uma forma ordenada e pela costa, as bateas, estruturas para cultivo de bivalves tradicionais nas rias galegas. Os mais cultivados são as ostras e os mexilhões.
Ilhas Cíes, ou "ilha dos deuses", nome dado pelos Romanos, um paraíso quase selvagem, com paisagens de cortar a respiração, onde as gaivotas são as rainhas das ilhas.
Constituídas por três ilhas: Monteagudo, O Faro e San Martiño, a última só é visitável em barco privado. Estas ilhas são limitadas a 1800 visitantes por dia e apenas 600 para passar a noite e por essa razão existe necessidade de uma autorização para aceder às ilhas, de forma a controlar o número de pessoas por dia. Só é possível pernoitar nas ilhas no parque de campismo, com tenda própria ou alugada, não existe mais nenhuma oferta hoteleira. Também pode encontrar um restaurante com esplanada junto do cais de embarque e outros dois junto do parque de campismo, assim como um pequeno supermercado. A restauração é cara e com gastronomia muito à base de peixe e marisco e como a oferta não é muito grande existem filas de espera.
Não se esqueça que todo o lixo que fizer, tem que trazer de volta a Vigo, não existem caixotes de lixo nas ilhas. Não há eletricidade nas ilhas, apenas na receção do parque campismo existem tomadas alimentadas a energia solar.
Ao sair do embarcadouro existe um posto de turismo com toda a informação necessária e onde é possível pedir um mapa de todos os percursos pedestres que são possíveis fazer nas ilhas. Existem também algumas placas informativas com a distância para os locais de interesse.
Existem nove praias nas ilhas, mas a mais conhecida e mais frequentada é a Praia de Rodas, com areia fina, muito branca e águas de um azul esverdeadado, mas muito fria. Para os mais aventureiros é possível fazer mergulho nestas águas limpas e cristalinas. Do lado oeste das ilhas existem várias falésias com encostas escarpadas banhadas pelo Oceano Atlântico.
Os percursos são sempre pedestre e não existe outra forma de se deslocar. Existem quatro trilhos que podem ser percorridos:
Rota do Monte Faro até ao Farol das Cíes, um trilho com cerca de 7,4 km ida e volta.
Rota do Alto do Príncipe com cerca de 3 km ida e volta, o percurso mais curto e simples, passando pela Praia das Figueiras, uma praia naturista, até ao Alto do Príncipe.
Rota do Monteagudo com cerca de 5,6 km ida e volta, atravessando bosques o que proporciona algumas sombras até ao Farol do Peito, passando pela Praia das Figueiras, pelo Complexo Dunar de Figueiras-Muxieiro e por umas ruínas de um antigo povoado.
Rota do Farol da Porta que passa pelo Lago dos Nenos que une a Ilha de Monteagudo e a Ilha de Faro, até ao Farol da Porta, com cerca de 5,2 km ida e volta. Nós fizemos parte deste trilho até ao parque de campismo e levantamos o drone que quase foi engolido pelas gaivotas, mas que nos valeu uma excelente e brilhante fotografia. Depois voltamos para trás e passamos 2 horas fantásticas no areal da Praia de Rodas. A água é fria mas valeu-me uns belos mergulhos, com cardumes de peixes enormes a passearem descontraidamente junto dos nossos pés. A minha filhota é que não achou muita piada.
De regresso a Vigo, depois de uma viagem de barco com menos gente, com a brisa do vento a bater-nos na cara, fomos levantar o carro ao estacionamento e pagamos 15€. O estacionamento mais barato é no centro comercial, mas nós não sabíamos.
O Homem encontrou na internet uma aldeia piscatória a cerca de 20 km de Vigo e fomos explorar a aldeia e petiscar umas tapas espanholas.
Combarro, classificada como Conjunto Histórico, localiza-se no município de Poio, a 7 km de Pontevedra, um povoado rural, com menos de 2000 habitantes e com ruelas estreitas.
Uma aldeia que se destaca pelo número infinito de espigueiros, ou horreos em espanhol que se localizam muito próximo da água e se prolongam até à ria de Pontevedra.
Estes espigueiros dão um encanto especial a este povoado, onde se encontrava muita gente a passear, a deambular, a comprar artesanato e onde escolhemos uma das muitas esplanadas junto da ria para tapear juntamente com umas cañas e uma cola para a miúda. Não foi propriamente barato, mas dias não são dias e valeu a experiência e uma fotografia deste povoado com o nosso drone.
O artesanato tradicional desta região da Galiza, são as bruxas da sorte ou meigas em espanhol.
É sem dúvida uma aldeia ou um povoado que une o mundo rural, com o mundo do mar e da pesca.
De regresso a Portugal, fizemos uma curta paragem no Continente de Monção para comprar marisco para o nosso jantar na Casa da Macheta. Foi um dia cansativo mas seguramente muito bem passado, com muitas imagens gravadas nas nossas memórias.
4º Dia - Castro Laboreiro, Poças de Mallon, Lobios
O Homem quando mete uma ideia na cabeça é impossível demove-lo e na terça-feira enquanto estávamos na Lagoa da Assureira, conversou com uma família espanhola que ali se encontrava e estiveram a falar de um pequeno trilho para contemplar as Poças de Malho ou Pozas de Mallon que se desenvolve ao longo da margem espanhola do rio Laboreiro, que aqui marca a fronteira entre Portugal e Espanha.
Pozas de Mallon, um percurso de cerca de 3,2 km ida e volta ou para quem faz o trilho na totalidade até Ribeiro de Baixo, com cerca de 9 km ida e volta. O percurso até ao miradouro que foi o que nós fizemos, não é muito difícil, embora existam algumas curtas subidas e eu por não ter levado o calçado adequado fui quase sempre a refilar.
Até posso mesmo contar que mais ou menos a meio do percurso quase desisti de continuar, mas fazer o trilho até metade e não continuar seria uma verdadeira estupidez.
Contrariamente ao que tínhamos lido, todo o trilho encontra-se bastante bem sinalizado até ao miradouro onde se vê as cascatas. O inicio do trilho começa em Olelas, uma pequena aldeia na província de Ourense, na Serra do Xurés, onde deve estacionar o carro.
O percurso de carro até esta pequena aldeia é através de uma única estrada de montanha, alcatroada, sinuosa, com vistas sobre a barragem do Lindoso e por vezes, com a companhia de vacas que circulam descontraidamente na estrada.
A estrada termina exatamente no local onde começa o trilho. Atenção que ao longo do percurso existem alguns portões que devemos abrir e de seguida fechar.
O trilho é todo em terra batida, com algumas zonas com pedras revestidas de musgo derivado da humidade e alguns bosques muito verdes, o que proporciona umas sombras agradáveis, como tal, não aconselhamos a ser feito em dias de chuva, pode tornar-se perigoso. Apesar de ser verão, por existir muita vegetação e pouca entrada de luz solar, existe muita humidade e ainda encontramos algumas folhas caídas no chão.
Ao longo do trilho até ao miradouro existem algumas placas com informação da distância, mas atenção que existe pouca rede de telemóvel, como tal, é conveniente avisar alguém que vai fazer este percurso. Nós fomos só os dois porque mais um percurso pedestre já era demasiado para a minha Paty e ela ficou em casa nos seus gadgets. Outra informação importante é ter sempre os mapas offline.
Poucos metros depois do início do trilho, encontramos uma ponte em madeira que infelizmente estava encerrada por má manutenção das tábuas de madeira, mas que permite atravessar o rio Laboreiro até Portugal. Apesar de existir uma placa proibitiva, o Homem aventurou-se e lá foi ele agarrado ao corrimão, não fosse ele cair à água e afogar-se, como ele diz e tirou umas ótimas fotografias. Logo a seguir à ponte existe uma lagoa onde é possível tomar banho, nós não o fizemos porque fomos de manhã e não estava nem muito sol, nem muito calor.
Os últimos 400 metros até ao miradouro é sem dúvida a parte mais penosa do percurso, com alguma altimetria e piso desnivelado e muito empedrado. Nalgumas zonas do trilho existem algumas cordas que nos ajudam a segurar e a equilibrar.
O miradouro é uma varanda em madeira que nos permite observar em segurança as cascatas do laboreiro. A perspetiva não é das melhores e o acesso pedestre às cascatas é quase impossível, a não ser que fossemos uma cabra montanhesa.
Para os mais aventureiros é possível fazer canyoning, mas não é certamente o nosso caso. Foi nesta varanda que o Homem tirou o drone e conseguiu tirar uma brilhante fotografia com uma boa perspetiva das quatro cascatas com as suas quatro lagoas das Pozas de Mallon.
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De regresso a Portugal e com a hora de almoço a aproximar-se, fizemos uma agradável refeição de grelhados ao ar livre. De tarde, o Homem deu-me um docinho, a mim e à minha filhota e fomos até às Termas de Lobios, na província de Ourense.
Termas de Lobios, localizam-se na Caldaria de Lobios, umas fontes termais com águas do rio Caldo, naturais e gratuitas, conhecidas pelas suas propriedades terapêuticas, benéficas para a circulação, dores musculares e articulares.
Aqui, pode encontrar uma piscina mais pequena de água a 38ºC e uma outra com uma nascente natural que desagua numa grande piscina e consequentemente no rio Caldo, com águas mais frescas e onde nos deliciamos a dar uns excelentes mergulhos. Estas termas oferecem uma experiência única e rejuvenescedora que sem dúvida nos deixa revigorados e revitalizados.
Talvez pela proximidade de Portugal, existiam quase só Portugueses neste local.
De regresso a Portugal, fizemos a nossa refeição que não deixou de ser agradável, dentro de casa porque não estava muito apetecível na rua.
5º Dia - Castro Laboreiro, Lagoa da Assureira
Hoje foi dia de relaxar, aproveitar a casa e o seu agradável terraço. Depois do pequeno almoço fomos beber um café à vila de Castro Laboreiro e aproveitamos para visitar a pequena igreja da vila, de entrada gratuita.
A Igreja Matriz localiza-se no centro da vila, muito próximo do pelourinho e é um pequeno templo de fundação pré-românica, com uma nave única, situado num adro murado. A sua fachada resulta de uma remodelação setecentista.
O Pelourinho assenta em três degraus quadrados escalonados, com remate piramidal, com linhas muito simples e sem qualquer decoração. De arquitetura manuelina, datado de 1560, encontra-se enquadrado no meio de casas habitacionais.
Almoçamos no terraço uma saladinha de bacalhau com grão e depois relaxei juntamente com o meu livro, na espreguiçadeira, enquanto o Homem se encontrava entretido no computador e a minha filhota a ver uma série no prime video, uma série de vampiros, "O Diário dos Vampiros" enfim.... coisas de adolescentes!
A meio da tarde fomos os dois, porque a minha Paty continuou na sua série, despedir-nos da Lagoa da Assureira. Eu aproveitei para me refrescar nas águas frias do rio Laboreiro e o Homem esteve a conversar com um simpático, jovem casal que ali se encontrava.
Como era a nossa última noite em Castro Laboreiro, decidimos jantar num dos restaurantes da vila e degustar das iguarias da região. Pedimos alguns concelhos aos habitantes da vila e procurei comentários no tripadvisor.
Acabamos por decidir por um restaurante logo no início da vila, para quem vem de Melgaço, o "Tasquinha Castreja", com esplanada, acolhedor, com comida caseira, com doses bem servidas, nós pedimos duas doses para três e foi suficiente. Outra particularidade é a estrema simpatia da parte dos funcionários.
O Homem esteve a conversar com o proprietário que nos contou que na altura da pandemia 2020, teve de encerrar temporariamente os três estabelecimentos do qual era proprietário em Braga. Voltou para a vila de Castro Laboreiro, de onde é natural e encontrou este espaço. Trouxe a filha consigo, redecorou este espaço, surgindo esta pequena e agradável tasca e voltou às suas origens onde se sente muito mais feliz e onde na época de férias, a filha de 7 anos o ajuda a servir às mesas. Uma miúda muito gira, educada e muito desenrascada.
Foi neste espaço que degustamos o tradicional costeletão de vaca e o cabrito assado no forno a lenha, tudo muito bem regado com um vinho verde de Ponte de Lima. Já não conseguimos comer sobremesa, mas a típica desta região é o bucho doce, um doce com tradições ancestrais da culinária portuguesa. Trata-se de um falso enchido, que apesar do doce ser encerrado num bucho de porco, não contém carne, mas sim uma massa de pão, ovos, banha, canela e açúcar.
6º Dia - Castro Laboreiro, Caminha, Porto, Coimbra, Lisboa
Último dia, dia da partida e fomos acordados pelo tilintar dos chocalhos das vacas a passar mesmo por baixo das janelas da sala. Foi muito engraçado de ver e verdadeiramente diferente para a minha filhota.
Deixamos Castro Laboreiro bem revigorados, com a beleza das paisagens circundantes e o sossego desta aldeia. Seguimos por estradas nacionais, junto ao rio Minho até Caminha, onde fizemos uma curta paragem para o Homem tirar uma fotografia.
Caminha, localizada no distrito de Viana do Castelo, na foz do rio Minho e fronteiriça com Espanha. Foi palco de grandes batalhas entre os dois países. Existe um ferry boat que faz a travessia diária e a várias horas entre as duas margens do rio. No meio do estuário encontra-se uma pequena ilha onde no século XIV foi edificado o Convento de Santa Maria da Ínsua. No século XVII, no reinado de D. João IV, foi erguido o Forte da Ínsua, classificado como Monumento Nacional desde 1910, que servia de defesa para a entrada de outras embarcações na barra do estuário.
No seu interior existe um pequeno farol onde está assente uma coluna metálica branca, com escada em caracol e uma pequena lanterna alimentada de energia solar. Atualmente, este forte encontra-se em ruínas e o farol já nem é utilizado.
Continuamos por nacionais até perto do Porto, onde fizemos uma curta paragem para almoçar no Burguer King, a pedido da minha filhota. Arrependemo-nos sempre de lá ir e desta vez, até ela se arrependeu.
Coimbra, foi a nossa paragem seguinte antes de chegarmos a casa. Cidade histórica, universitária, no centro de Portugal, nas margens do rio Mondego, que já foi antiga capital do país. Um dos ícones da cidade, para além das suas universidades, é o Portugal dos Pequenitos, um parque com monumentos de Portugal em miniatura e que faz as delícias das crianças. Nós não visitamos porque já conhecíamos.
Estacionamos o carro junto do Parque Verde do Mondego, um parque renovado, com cerca de 4 km de extensão, com locais para caminhadas e ciclovias, onde existem vários cafés com esplanadas e que acompanha o rio Mondego e onde é possível alugar canoas, gaivotas ou até mesmo para os mais aventureiros, nadar nas margens do rio. Aqui encontramos muita gente a passear, deitados ao sol, a jogar à bola, ou até mesmo a passear o cão.
Atravessamos a Ponte Pedonal Pedro e Inês até à outra margem do rio e fomos beber um café numa das muitas esplanadas que se encontram numa plataforma em madeira mesmo por cima do rio. Esta ponte foi inaugurada em 2006, apresenta piso de madeira, 274,5 metros de comprimento e 4 metros de largura. Embora a zona central possua 8 metros de largura. O cercado é todo em vidro de várias cores, amarelo, azul, verde e rosa.
Vale sempre a pena voltar a Coimbra, a cidade do fado, como a Amália Rodrigues cantava e muito bem "Coimbra é uma lição".
E assim seguimos por autoestrada, regressamos a casa, regressamos ao nosso lar, com mais um caminho arrufado, com mais uma história para contar, com mais uma experiência que nos enriquece o coração e a alma e desta vez, a primeira de muitas histórias da minha filhota.
E nós regressamos a casa... regressamos ao nosso lar e desta vez em família!
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